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Após defender remédio sem estudo, Bolsonaro diz que não tomará vacina chinesa por falta de comprovação científica

Atualizada 12h53

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que sua decisão de cancelar o protocolo de intenção de compra da vacina chinesa CoronaVac foi motivada por uma questão de “credibilidade” e “confiança”. Na manhã desta quinta-feira (22), Bolsonaro afirmou que a Organização Mundial da Saúde (OMS) defende que a vacina contra a Covid-19 não seja obrigatória.

Mais cedo, em suas redes sociais, Bolsonaro compartilhou uma notícia com fala da vice-diretora da OMS Mariângela Simão. Em entrevista à CNN Brasil, a representante disse que a obrigatoriedade da vacina deve ser decidida em cada país e que não se recomenda medidas autoritárias.

“Ontem a OMS se manifestou contra a obrigatoriedade da vacina e disse que é contra medidas autoritárias. Quer dizer que a OMS se manifestou depois que eu já havia me manifestado. Dessa vez, eu acho que estão se informando corretamente, talvez me ouvindo até. Então, nós temos certeza que não voltarão atrás nessa decisão”, disse em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.

Bolsonaro é o mesmo que recomendou o uso de hidroxicloroquina e determinou a fabricação em massa do medicamento em laboratórios do Exército, mesmo sem comprovação científica.

Em entrevista à Rádio Jovem Pan, na noite dessa quarta (21), o mandatário citou que a China tem um “descrédito muito grande” por parte da população e que existem outras vacinas mais confiáveis, que, contudo, ainda precisam de uma comprovação científica.

“A da China lamentavelmente já existe um descrédito muito grande por parte da população. Até porque, como muito dizem, este vírus teria nascido lá”, disse. Bolsonaro afirmou que não tomará uma vacina chinesa, independentemente de uma possível determinação sobre sua obrigatoriedade. “Eu não tomo a vacina. Não interessa se tem uma ordem, seja de quem for, aqui no Brasil para tomar a vacina. Eu não vou tomar a vacina.”

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Questionado se compraria um imunizante de origem chinesa que tivesse o certificado da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Bolsonaro respondeu: “Da China, não compraremos. Não acredito que ela transmita segurança para a população pela sua origem. Esse é o pensamento nosso”. O presidente comentou que o Brasil mantém “grande comércio” com a China, mas que em alguns pontos os dois países podem não estar totalmente alinhados.

O chefe do Executivo também afirmou que sua relação com o ministro Eduardo Pazuello, da Saúde, segue “sem problema nenhum” mas destacou que o ministro tomou uma decisão precipitada. “Eu sou militar, o Pazuello também o é. Nós sabemos que quando um chefe decide, o subordinado cumpre. Ele, no meu entender, houve certa precipitação em assinar esse protocolo porque uma decisão tão importante eu devia ser informado”, disse.

O protocolo de intenções para a aquisição de doses da CoronaVac foi assinado pelo Ministério da Saúde e o Instituto Butantan, do Estado de São Paulo, na terça-feira (20). Na quarta, um dia depois, Bolsonaro falou que não iria comprar o imunizante e mandou cancelar o protocolo.

Bolsonaro garantiu ainda que o militar seguirá no cargo de ministro. “Conversei agora há pouco por zap com Pazuello, sem problema nenhum, meu amigo de muito tempo, ele continuará ministro. Ouso dizer que é um dos melhores ministros da Saúde que o Brasil já teve nos últimos anos”, declarou.

O presidente destacou, sem citar o nome do governador João Doria (PSDB-SP), que medidas compulsórias fazem parte de “nanicos projetos de ditadores como esses caras de São Paulo”. Na sequência, Bolsonaro ressaltou que sugerir uma imunização obrigatória é uma “irresponsabilidade” e que nenhum chefe de Estado se manifestou nesta linha até o momento.

“Realmente impor medidas autoritárias é só para esses nanicos projetos de ditadores como esse cara de São Paulo aí. Eu não ouvi nenhum chefe de Estado do mundo dizendo que iria impor a vacina quando ela tivesse. Isso é uma precipitação, é mais uma maneira de levar terror junto à população”, disse.

Segundo Bolsonaro, as indicações de João Doria sobre a vacinação obrigatória no Estado causam “pânico” na população. “É um direito de cada um tomar ou não. É uma irresponsabilidade do governador porque não existe uma vacina eficaz”, acrescentou. O presidente diverge abertamente de Doria e é favorável a uma imunização opcional da população.

China defende vacina
 
Questionado sobre a decisão do presidente Jair Bolsonaro de cancelar a compra de 46 milhões de doses da vacina para o coronavírus produzida pelo laboratório chinês Sinovac, em parceria com o Instituto Butantã, o ministério das Relações Exteriores da China defendeu a eficácia do imunizador e exortou o governo brasileiro a continuar trabalhando em parceria com o país asiático.

“Acreditamos que a cooperação relevante contribuirá para a derrota completa da epidemia na China, no Brasil e para as pessoas de todos os países do mundo“, disse o porta-voz do órgão Zhao Lijian, em entrevista coletiva.

O representante da pasta destacou que as pesquisas clínicas chinesas estão em “uma posição de liderança”. Segundo ele, quatro fórmulas entraram na fase 3 dos ensaios em vários países. Zhao Lijian também reforçou o compromisso de tornar o imunizante um bem público global, a fim de contribuir para “disponibilidade e acessibilidade das vacinas nos países em desenvolvimento”.

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