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Apoio de Bolsonaro não se traduz em votos e maioria dos candidatos sofre derrota

Entre 13 candidatos a prefeito que tiveram votos pedidos por Bolsonaro, apenas dois passaram ao segundo turno: Marcelo Crivella (Republicanos), no Rio, e Capitão Wagner (PROS), em Fortaleza. O ex-senador Mão Santa (DEM) foi reeleito prefeito em Parnaíba, no Piauí, e Gustavo Nunes (PSL) conquistou a prefeitura em Ipatinga, em Minas Gerais.

Em São Paulo, Celso Russomano (REP) amargou um quarto lugar, após ter liderado as pesquisas e se manter em segundo lugar durante meses. Em Belo Horizonte, Bruno Engler (PRTB) se associou ao presidente e veiculou imagem de Bolsonaro na campanha, mas foi derrotado por Alexandre Kalil (PSD), que venceu já no primeiro turno.

Russomanno, que disputou a prefeitura de São Paulo pela terceira vez, terminou em quarto lugar, com 10,5% dos votos válidos. O candidato do Republicanos repetiu o roteiro que já havia percorrido nas últimas duas eleições municipais, em 2012 em 2016: largou em primeiro nas pesquisas de intenção de voto e foi paulatinamente foi perdendo força.

O seu desempenho ruim na urna é um revés na maior cidade do país também para Bolsonaro, que se empenhou pela vitória de Russomanno. Os dois candidatos que foram ao segundo turno, Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL), são críticos ao presidente.

Na eleição presidencial de 2018, Bolsonaro teve 44,6% dos votos válidos na cidade de São Paulo e venceu em 52 das 58 zonas eleitorais do município. Seu prestígio na capital paulista, porém, está em queda. Segundo pesquisa Datafolha realizada em 9 e 10 de novembro, 50% dos moradores da cidade avaliam o seu governo como ruim ou péssimo, e apenas 23% como ótima ou boa.

No Rio de Janeiro, o atual prefeito Crivella ficou com 21,9% e disputará o segundo turno contra o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), que teve 37%. A cidade é o domicílio eleitoral de Bolsonaro, mas o presidente não foi tão enfático na defesa do bispo — declarou seu voto e liberou o uso de suas imagens pela campanha do candidato do Republicanos, sem se empenhar como fez com Russomanno.

No Recife, Delegada Patrícia, que recebeu o apoio do presidente em 5 de novembro, a dez dias do pleito, ficou em quarto lugar com 14% dos votos válidos. O segundo turno será disputado entre João Campos (PSB), filho do ex-governador Eduardo Campos, morto em um acidente aéreo em 2014, e Marília Arraes (PT), neta do ex-governador Miguel Arraes, morto em 2005.

O apoio de Bolsonaro a Santiago foi comemorado por ela em suas redes sociais, mas provocou uma crise na sua chapa às vésperas do pleito. O Cidadania, partido de seu candidato a vice, Leo Salazar, protestou contra a adesão dela ao presidente e anunciou o afastamento de sua campanha.

Em Fortaleza, Capitão Wagner foi ao segundo turno, em segundo lugar, com 33,3% dos votos válidos, contra Sarto, do PDT, que teve 35,7% dos votos válidos. Apesar do apoio do presidente, Wagner evitou usar a sua imagem em sua campanha e fez um reposicionamento para tentar ir além do eleitorado bolsonarista. Ele também contava com o recall de ter sido candidato a prefeito em 2016, quando chegou ao segundo turno.

Em Manaus, Coronel Menezes ficou em quinto lugar, com 11,3% dos votos. O segundo turno será disputado por Amazonino Mendes (Podemos), que já foi prefeito da cidade por três vezes, teve 23,9%, e David Almeida (Avante), que teve 22,4%.

Em Belo Horizonte, Bruno Engler obteve 9,9% dos votos válidos e terminou em segundo lugar. A disputa foi vencida em primeiro turno pelo atual prefeito da capital mineira, Alexandre Kalil (PSD), com 63,4% dos votos válidos.

Vereadores

Dos 45 candidatos a vereador que apareceram no “horário eleitoral gratuito” de Bolsonaro, apenas sete conquistaram uma vaga no legislativo de suas cidades. Entre os derrotados, estão quatro que tiveram um empenho extra do presidente, como a sua ex-assessora Wal do Açaí (Republicanos), em Angra dos Reis; Deilson Bolsonaro, em Boa Vista; e Clau de Luca (PRTB) e Sonaira Fernandes (Republicanos), em São Paulo.

O quarteto, com os respectivos números, foi mencionado em uma publicação na véspera da votação. A postagem foi apagada no domingo (15) quando as urnas indicavam o fracasso dos apadrinhados. Eles também foram mencionados diversas vezes nas transmissões ao vivo.

Ao pedir votos, o presidente chegou a dizer que era “apaixonado” por Sonaira e Clau. A primeira trabalhou no gabinete de Eduardo Bolsonaro, a segunda se aproximou do presidente nas eleições e é ativa nas redes sociais. “Olha pessoal, tem que eleger essas vereadoras aqui, se não vai pegar mal pra mim pra caramba. Não eleger prefeito é normal, porque a barra é pesada e lá não temos como ajudá-lo”, disse Bolsonaro, em uma “live”. O apelo não foi suficiente. Sonaira teve 17.868 votos, e Clau de 5.788.

Bolsonaro também mostrou apoio para sua ex-assessora Walderice Santos da Conceição, a Wal do Açaí. Ela concorreu ao cargo de vereadora em Angra dos Reis (RJ) com o nome de Wal Bolsonaro, mas só conquistou 266 eleitores. Durante a campanha, Bolsonaro voltou a negar que Wal tenha sido sua “funcionária fantasma”. Ela se demitiu após reportagem da Folha de S. Paulo, em 2018, apontar que ela trabalhava vendendo açaí, enquanto era nomeada no gabinete do então deputado federal.

Bolsonaro também se empenhou para pedir voto para coronel Fernanda candidata ao Senado no Mato Grosso, em uma eleição suplementar. A vaga foi aberta com a cassação do mandato da juíza Selma Arruda, no ano passado. O empresário Carlos Fávero (PSD) venceu com 26% dos votos válidos e terá mandato até 2026. Ele já ocupava o cargo interinamente por ter sido um dos mais votados na eleição de 2018.

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