A princesa Leonor, filha mais velha dos reis da Espanha, vai para o País de Gales, no próximo ano letivo, onde vai fazer o ensino secundário. A notícia era só esta, mas a Rádio e Televisão Espanhola (RTVE) transformou-a em algo muito diferente com a escolha de um rodapé polêmico: “Leonor vai embora de Espanha, como o seu avô”.
O jornal El Mundo descreveu o incidente como o “último ataque” da estação pública à casa real espanhola.
A administradora da RTVE, Rosa María Mateo, já emitiu um pedido de desculpas, lamentando “profundamente” este episódio de “irresponsabilidade grave” e anunciando “medidas imediatas” para que “os responsáveis por este erro sejam dispensados dos seus cargos”.
A responsável esclarece, porém, que o incidente “não pode apagar o compromisso inabalável da RTVE para com a defesa dos valores constitucionais e das instituições do Estado e, sobretudo, da Coroa”.
Um dos autores do polémico rodapé, Bernat Barrachina, compartilhou uma mensagem nas redes sociais onde ironiza sobre a situação. “Despediram-me, como ao avô de Leonor”, escreveu.
Sendo a nomeação do mais alto responsável da televisão pública uma responsabilidade do governo espanhol, a discussão depressa se tornou política, esgrimindo-se argumentos contra e a favor da penalização dos trabalhadores da estação.
O Partido Popular, de direita, disse que a RTVE “agora ataca a coroa”, naquilo que considera uma “deriva dos responsáveis políticos da RTVE”. O partido de Pablo Casado exige “explicações urgentes” e pede que se demita o diretor de informação da estação, Enric Hernández, atacando o governo: a TVE “não é a televisão de Sánchez“, dizem. O Ciudadanos também condena o episódio, descrevendo-o como uma “vergonha”.
Já o Podemos, parceiro do PSOE de Pedro Sánchez, deixou um comentário sarcástico: “O ‘banner’ da TVE não deveria incomodar os monárquicos que acreditam que Juan Carlos é inocente e deixou a Espanha para sair de cena. Se ficam incomodados é porque reconhecem que, de fato, Juan Carlos é corrupto”.