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Rodrigo Maia articula criação de bloco para eleger seu sucessor

BRASÍLIA – Mesmo em meio ao segundo turno das eleições municipais, lideranças políticas avançaram na última semana nas articulações para a sucessão na Câmara dos Deputados, marco do calendário político do início de 2021. Os movimentos mais claros da aceleração desse processo vêm do próprio presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que busca apoio para um candidato que tenha seu respaldo na eleição da Mesa Diretora em fevereiro. Esse grupo deve rivalizar com o encabeçado por Arthur Lira (PP-AL), que deverá contar com o apoio do presidente Jair Bolsonaro na disputa.

Maia foi ao Ceará na quinta-feira para uma reunião com o governador do estado, Camilo Santana (PT), e deputados do PDT e do PT na Câmara. No encontro, também estiveram presentes o senador Cid Gomes (PDT-CE) e seu irmão, Ciro Gomes, tido como possível candidato à Presidência daqui a dois anos. Na pauta estava a formação de um bloco capaz de unir partidos mais ligados ao centro e à esquerda na Casa.

Ontem, o presidente da Câmara fez novo movimento. Ele foi recebido em São Paulo pelo governador João Doria (PSDB), outro que mira a disputa para o Palácio do Planalto. Segundo aliados, conversaram sobre temas econômicos, mas também sobre a conjuntura política.

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‘Embrião’ para 2022

Cid afirmou que há interesse mútuo em aglutinar na Câmara um bloco com partidos do que classificou como “centro progressistas” para apoiar o candidato indicado pelo grupo hoje liderado por Maia. O senador afirmou que ele e Camilo são a favor da ideia. Segundo Cid, esse bloco deve ser formado nas próximas semanas. E, para ele, pode ser até um “embrião” para as eleições presidenciais de 2022 dando suporte a uma candidatura contra o presidente Jair Bolsonaro.

— Não se falou em nomes, mas eu percebi (a disposição) e defendo que esse bloco seja um embrião para as eleições de 2022 para enfrentarmos Bolsonaro — disse Cid Gomes.

Ao conquistar seu terceiro mandato consecutivo para o comando da Casa em 2019, Maia contou com os votos da esquerda e do Centrão. Uma nova candidatura não é permitida, apesar de o tema ainda estar em debate no Supremo Tribunal Federal (STF). Maia, então, tem buscado encontrar um nome para apoiar que consiga agregar votos. A ideia é ter alguém que mantenha uma posição de independência em relação ao governo nos próximos dois anos.

Até o momento, há três nomes mais cotados para representar na eleição interna o grupo que hoje é liderado por Maia: Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Luciano Bivar (PSL-PE) e Baleia Rossi (MDB-SP). O presidente da Câmara, porém, ainda não decidiu quem terá seu apoio.

Um adversário nessa disputa está praticamente definido. O líder do maior bloco na Casa, Arthur Lira (PP-AL), um dos caciques do Centrão, articula seu nome desde o início do ano. Ele se alinhou ao presidente Jair Bolsonaro e tem agido como um líder informal do governo para angariar apoio da base do Planalto na Casa para a eleição de fevereiro.

A disputa entre Maia e Lira paralisou os trabalhos na Câmara nas últimas semanas. Lira desafiou o acordo feito no início do ano para a presidência da Comissão Mista de Orçamentos (CMO) do Congresso que previa colocar no posto Elmar Nascimento (DEM-BA), aliado de Maia. O parlamentar do PP afirmou que como o DEM deixou o bloco comandado por ele na Casa, o que ocorreu após seu alinhamento com Bolsonaro, cabia ao grupo indicar outro nome e, assim, tenta emplacar Flávia Arruda (PL-DF) no cargo.

A comissão, que deve fazer a análise do Orçamento de 2021, ainda não foi instalada e já há previsão que nem funcione mais, com o debate sendo realizado direto em plenário.

O conflito invadiu também a pauta da Câmara. Por causa do impasse, os partidos liderados por Lira entraram em obstrução no plenário em protesto. Isso paralisou a análise de matérias, já que a obstrução, prevista pelo regimento, de um grande número de deputados impede o quórum de votações de projetos importantes.

Além dos dois grupos, outros deputados correm por fora para disputar o comando da Casa. Entre eles estão Marcelo Ramos (PL-AM) e o vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos-SP). Antes tido como aliado de Maia, Ramos não foi incluído na lista de possíveis candidatos a serem apoiados pelo presidente da Casa. Assim, Maia deixou claro que não o considera aliado.

Aliado do Planalto

No caso de Marcos Pereira, pesa o fato de o Republicanos, que é presidido por ele, ser visto como aliado de Bolsonaro. Ambos seguem conversando com os colegas e devem intensificar a busca de apoio a suas candidaturas após o segundo turno das eleições municipais, marcado para o próximo dia 29. Coordenador da bancada da bala, o deputado Capitão Augusto (PL-SP) também diz que vai concorrer, apesar de ser visto como um adversário com poucas chances.

Além de comandar a pauta da Casa, o presidente da Câmara tem a atribuição de fazer a primeira análise sobre todos os pedidos de impeachment contra o presidente da República. Apesar da rivalidade com Bolsonaro, porém, Maia já descartou abrir qualquer processo sobre o tema. O Planalto, no entanto, tenta emplacar um aliado no cargo.

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