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Rodoviários de duas empresas fazem paralisação, e TRE-RJ aciona Polícia Federal

RIO – A paralisação dos rodoviários das viações Redentor e Futura, no Rio, iniciada na madrugada deste domingo, no segundo turno das eleições municipais, levou o Tribunal Regional Eleitoral a determinar a intervenção da Polícia Federal no movimento. A interrupção dos serviços, que atingiu a Zona Oeste da capital, só terminou por volta das 11h da manhã.

Para o TRE-RJ, a paralisação foi ilegal e representou “grave impedimento e embaraço às eleições”. O órgão ainda garantiu que “as lideranças do movimento serão responsabilizadas na forma da lei penal”.

— Houve um acordo entre a empresa e os empregados. Vou aguardar o relato do juiz e das autoridades policiais para que o TRE tome as providências cabíveis. Mas (agora) não há impedimento para a circulação de eleitores no Rio de Janeiro — disse o presidente do Tribunal Regional Eleitoral do estado, desembargador Cláudio Brandão de Oliveira, em coletiva de imprensa realizada por volta do meio-dia.

Mais cedo, Cláudio Brandão de Oliveira disse que o momento escolhido pelos trabalhadores para a reivindicação era “inaquedado” por se tratar do dia de um pleito.

— Os empregados dessas duas empresas estão usando o momento eleitoral para alguma reinvidicação de natureza trabalhista. A Justiça Eleitoral não entra nesse mérito, da relação de emprego entre rodoviários e concessionários de serviços. Só que o momento é absolutamente inadequado. Esse tipo de movimento feito no dia da eleição tem um impacto que vai além da relação entre empregado e empregador. A Polícia Federal ja está no local, um juiz já foi designado e, se for constatada a prática de crime, nós vamos investigar e apurar — afirmou o presidente do TRE-RJ.

As manifestações dos motoristas contra o parcelamento em oito vezes do 13° salário começaram na porta da garagem da empresa, em Jacarepaguá. O Grupo Redentor é composto pelas Viações Futura, Redentor e Barra, mas só o funcionamento das duas primeiras foi interrompido. Segundo o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus do Rio (Sintraturb Rio), cerca de 2.500 profissionais pararam. No protesto, houve cerca de 300. Luiz Márcio Pereira foi o juiz designado para acompanhar o caso e negociar com os trabalhadores.

Juiz eleitoral tenta negociar com os trabalhadores da Redentor Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Juiz eleitoral tenta negociar com os trabalhadores da Redentor Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

“Sabemos do momento delicado pelo qual as empresas estão passando, mas a categoria não pode sofrer as conseqüências pela falta de competência da administração”, disse o vice-presidente do sindicato, José Carlos Sacramento, em nota.

Até as 11h, quando o serviço foi retomado, quem precisou dos ônibus na Zona Oeste para ir aos locais de votação foi surpreendido e ficou no meio do caminho. Foi o caso de Carla Mendes, de 29 anos, que saiu de Pedra de Guaratiba para votar em Rio das Pedras, também na Zona Oeste do Rio.

Agentes da Polícia Federal acionados pelo TRE-RJ para o caso da greve dos rodoviários da Redentor e Futura Foto: Fabiano Rocha / Fabiano Rocha
Agentes da Polícia Federal acionados pelo TRE-RJ para o caso da greve dos rodoviários da Redentor e Futura Foto: Fabiano Rocha / Fabiano Rocha

— Eu saí bem cedo de casa, cheguei aqui e não sei o que fazer. Não pude votar no primeiro turno porque trabalhei e, agora, estou com medo de não conseguir votar hoje também. O pior é ter que pagar multa por causa disso — declarou a auxiliar de serviços gerais. Ela disse que não tinha dinheiro para fazer baldeação. — Eu vim com o dinheiro contado, não tenho bilhete único e ainda estou com a minha filha. Muito complicado tudo isso. Nós, passageiros, ficamos prejudicados, principalmente em um dia como hoje.

Moradora da Freguesia, Maria Gomes, de 60 anos, vota em São Conrado e esperava o 565, da Redentor, que tem ponto final na Gávea. Após a informação de que não teria ônibus, a aposentada precisou fazer baldeação.

— A sorte é que aqui existem alguns ônibus que passam em São Conrado. Eu pedi um carro pelo aplicativo e consegui chegar, mas não tenho como pagar o valor completo da viagem até lá. A minha ideia era votar em um horário bom, sem filas, mas pelo jeito não vou conseguir — lamentou.

Greve não afetou transporte de urnas

Em entrevista na manhã deste domingo, o presidente do TRE explicou que o Tribunal tem um convênio com a Fetranspor para o transporte de urnas, mas grande parte do serviço foi feito antes da paralisação dos trabalhadores da Redentor e Futura. Portanto, não houve impacto no início da eleição e nem haverá no final, garantiu o desembargador.

— Já está tudo organizado para o recolhimento das mídias, para que a gente consiga divulgar rapidamente o resultado. Depois, uma outra equipe vai recolhendo as urnas. Não era previsível esse movimento, mas boa parte dessas urnas foi distruída ontem, então o impacto da interrupção dos serviços hoje não foi tão sentido assim — explicou Cláudio Brandão de Oliveira.

Em nota, a Rio Ônibus, que representa as empresas de ônibus, informou que a paralisação da Redentor e da Futuro foi “um movimento isolado e pontual” e não causou impactou em outras regiões da cidade. O consórcio Transcarioca, que também tem a participação das duas viações, afirmou, em nota, que “as empresas vinham negociando o parcelamento do 13º salário, inclusive com a participação do Ministério Público do Trabalho (MPT), e foram surpreendidas com a paralisação neste domingo de segundo turno de eleição.”

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