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PT na capital paulista declara apoio a Boulos; Covas aguarda manifestações

Mal havia acabado a apuração dos votos do primeiro turno em São Paulo, apontando Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL) como os candidatos mais votados na capital paulista, quando as primeiras declarações de apoio aos postulantes para o segundo turno foram confirmadas.

Até a manhã desta segunda-feira (16), pelo menos três das principais lideranças do PT na capital paulista já haviam declarado apoio a Boulos, a começar pelo candidato do partido no primeiro turno, Jilmar Tatto. “Acabei de ligar para Guilherme Boulos, a quem tenho como um irmão mais novo. Desejei sorte e disse que ele pode contar comigo e com a nossa valente militância para virar o jogo em São Paulo”, escreveu Tatto no fim da noite do domingo.

O comentário do petista nas redes sociais foi respondido e endossado pelo ex-prefeito da capital Fernando Haddad, que também convocou os eleitores petistas a votarem no candidato do PSOL. “Progressistas, ninguém arreda o pé de São Paulo até a vitória de Guilherme Boulos e a derrota dos tucanos. Vamos à luta”, disse.

O apoio petista a Boulos ainda foi reforçado por Eduardo Suplicy vereador mais votado em São Paulo nesta eleição, com mais de 167 mil votos. “Expresso meu integral apoio ao Guilherme Boulos 50 e a Luiza Erundina neste segundo turno para a Prefeitura de São Paulo. Disponho-me a colaborar com toda minha energia para que venham a construir uma São Paulo fraterna, justa e solidária.”

Pelo lado de Covas, nenhum apoio expresso foi confirmado até as primeiras horas desta segunda. Candidato na maior coligação da capital paulista, o prefeito de São Paulo já entrou na disputa com o suporte da bancada de diversos partidos, como MDB e DEM.

Apesar disso, como a maior parte dos candidatos ainda não declarou apoio – e nem inviabilizou esta possibilidade – a nenhum dos dois candidatos, algumas coalizões podem ser montadas nos próximos dias – o 2º turno será no dia 29.

É o caso do apoio de Celso Russomanno, quarto candidato mais votado a prefeito de São Paulo com 10,5% dos votos. De acordo com apuração da Coluna do Estadão nesse domingo (15), o Republicanos, partido do candidato, acenou com a possibilidade de apoio a Covas no segundo turno. No entanto, o fator Jair Bolsonaro pode ser um entrave ao acordo.

No pronunciamento onde assumiu a derrota, Russomanno afirmou que iria conversar com o partido sobre o eventual apoio a Covas ou Boulos – aos quais parabenizou pela vitória. Russomanno, porém, disse que “seria leal ao presidente” ao pensar na possibilidade. Bolsonaro é desafeto de Boulos e de Doria, o que, a princípio, impossibilita o apoio explícito a uma das candidaturas, se depender do presidente.

Possibilidades

Se Tatto já encaminhou seu apoio e Russomanno tem um viés em definição, boa parte dos candidatos no primeiro turno ainda segue como “apoios em potencial”. Márcio França (PSB), terceiro colocado na disputa com 13,64%, pode ter um peso decisivo no segundo turno se conseguir transferir seus votos para um dos candidatos.

Os seis partidos da coligação de Márcio França – PSB, PDT, Solidariedade, Avante e PMN – vão se reunir nesta terça-feira (17), para discutir um possível apoio a um dos candidatos que foi ao segundo turno da disputa pela Prefeitura de São Paulo. A ideia é ver se conseguem chegar a um consenso sobre quem apoiar ou se cada partido vai adotar uma postura diferente em relação à segunda etapa do pleito entre o atual prefeito, Bruno Covas (PSDB), e o coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos (PSOL).

No encontro, o PDT, que tinha indicado o vice na chapa de França Antônio Neto, vai defender a posição de que a coligação deveria fazer um anúncio sem ressalvas de apoio à candidatura de Boulos. O partido, no entanto, está aberto a ceder em alguns pontos. Já no PSB, a posição a ser tomada está menos clara e França, que tem o controle estadual da sigla, vai consultar o presidente nacional, Carlos Siqueira, e do presidente municipal, Eliseu Gabriel.

Considerando o panorama nacional, a possibilidade de o PSB apoiar Boulos em São Paulo está prejudicada com fato de que não haverá reciprocidade em Recife, onde o PSOL indicou o advogado João Arnaldo como vice na chapa da petista Marília Arraes. Eles vão ao segundo turno contra socialista João Campos.

Já em São Paulo, França – apesar de ter uma boa relação pessoal com Covas – é inimigo político de um dos maiores aliados do prefeito, o governador tucano João Doria. De acordo com fontes ouvidas pelo Estadão, a situação praticamente descarta a opção de declarar apoio ao atual prefeito. Não está descartada a opção de declarar neutralidade.

A chapa França-Neto empunhou uma forte bandeira anti-Doria, que foi uma das tônicas dos discursos, além da opção por uma campanha propositiva.

Outros candidatos menos votados, como Andrea Matarazzo (PSD), Orlando Silva (PCdoB) e Marina Helou (Rede) também podem anunciar suas preferências, mas o porcentual somado não é tão relevante no agregado geral. Joice Hasselmann (PSL), que conquistou menos de 2% dos votos, parabenizou os dois candidatos e afirmou que não considera nenhum deles como o melhor para São Paulo.

O deputado Arthur do Val (Patriota), o ‘Mamãe Falei’, conquistou a 5ª colocação no pleito, com 9,78% dos votos válidos. Em entrevista à Rádio Eldorado ontem, do Val declarou “repúdio” aos candidatos que vão disputar o segundo turno e disse que não vai declarar apoio “de jeito nenhum”.

“Eu não acho que nenhum dos dois seja merecedor de sequer um aceno da minha parte ou de qualquer pessoa que me siga”, disse. Ele classificou Covas como “o pior prefeito da história de São Paulo” e falou que Boulos é um “invasor de propriedade”. “Não acredito que esses dois candidatos sejam legítimos de qualquer liderança”, falou à rádio.

Arrecadação

Atual prefeito e candidato à reeleição, Covas foi que mais arrecadou na campanha, um total de R$ 15,3 milhões, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) atualizados até este domingo (15). Desse montante, R$ 12 milhões (79%) vieram de verbas partidárias e R$ 3,2 milhões (21%) de doações de pessoas físicas – principalmente lideranças empresariais, como Elie Horn (Cyrela), José Roberto Lamacchia (Crefisa) e Rubens Ometto (Cosan), cada um doando R$ 200 mil.

Famílias tradicionais do mercado imobiliário paulistano, por exemplo, foram responsáveis por aportes de aproximadamente R$ 1 milhão na campanha de Covas, que se comprometeu a trabalhar por mudanças no Plano Diretor que será submetido à revisão em 2021.

O tucano já disse ao setor que defenderá a ampliação do número limite de vagas de garagem nos prédios, ativação de novos eixos de transporte com incentivos para construção e remoção de travas para os retrofits de edifícios antigos no centro, entre outros pontos.

Boulos, que ganhou fama por liderar o movimento sem-teto, também defende revisão na política habitacional da cidade para fazer valer o IPTU Progressivo, já previsto no Plano Diretor. Este dispositivo estabelece um aumento gradual do imposto para os prédios que ficam desocupados por anos e anos no centro, podendo inclusive, chegar à desapropriação. Mas as notificações pela Prefeitura caíram nos últimos anos.

O candidato do PSOL chegou ao segundo turno na corrida eleitoral apoiado por uma verba de R$ 3,9 milhões, dos quais R$ 2,65 milhões (69%) foram recursos partidários, R$ 828 mil (21%) saíram de financiamento coletivo (como vaquinhas na internet) e R$ 413 mil (11%) de pessoas físicas – praticamente metade partiu do casal Paula Lavigne e Caetano Veloso, com R$ 100 mil de cada.

Caetano é um conhecido partidário da esquerda no Brasil. Nestas eleições, o cantor protagonizou um show para arrecadação de fundos para a campanha de Boulos e da candidata Manuela D’Ávila (PCdoB) à Prefeitura de Porto Alegre.

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