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Prevent Senior: ‘Idosos não sabiam que eram feitos de cobaia’, diz advogada

A advogada Bruna Morato, que representa médicos que trabalharam na Prevent Senior, afirmou à CPI da Covid que pacientes idosos da operadora de saúde não eram alertados de forma detalhada sobre os riscos do uso de medicamentos do chamado “kit covid” e que, portanto, mesmo assinando o consentimento, não sabiam que seriam “feitos de cobaia”. Morato participa da comissão nesta terça-feira (28) em testemunho estarrecedor.

“O paciente idoso é extremamente vulnerável. Na consulta por telemedicina, médico falava que tinha tratamento bom. Se quiser participar desse tratamento precisava dar ok, eles falavam ok, mas eles são parte de população vulnerável, eles não sabiam que iam ser feitos de cobaia”, disse Morato.

Segundo ela, os pacientes eram orientados a tomar o “kit covid” no segundo dia de sintomas, o que era chamado de “golden day”. “Tinham que tomar o kit e supostamente estariam salvas de qualquer complicação”, relatou a advogada.

Conjunto de provas

Após ser confrontada pelo senador governista Marcos Rogério (DEM-RO), Bruna Morato afirmou que não estaria depondo à CPI da Covid se não houvesse um conjunto de provas que corroboram os relatos de seus clientes.

“Se o senhor desconhece as prerrogativas, eu sinto muito, essa deselegância que o senhor tem ou outros têm na tentativa de desqualificar a denúncia só mostra que não tem qualquer condição técnica para tentar contestar os fatos”, disse ela após Marcos Rogério questionar sobre a condição em que Morato estaria depondo à CPI, se como testemunha ou advogada.

“O senhor desconhece as prerrogativas, estou aqui porque tenho direito de estar aqui, para defender os interesses do meus clientes. Se o senhor desconhece a função social do advogado, o senhor não deveria estar aqui me inquirindo”, rebateu a advogada.

Medo

Morato afirmou que os médicos que acusam a rede Prevent Senior de cometer irregularidades e fraudes tinham “medo” de denunciar a operadora de saúde aos conselhos regionais e federal de Medicina. Segundo ela, o receio ocorreu por uma suposta relação entre integrantes das associações e a empresa e porque eles seriam obrigados a se identificar nos conselhos para acusar a rede.

O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), criticou a atitude dos médicos. O senador disse que não estava fazendo um “juízo de valor” ou “julgamento” dos profissionais, mas que eles “não fizeram o papel e o dever deles”. Para Aziz, os médicos deveriam ter denunciado a obrigatoriedade de recomendação de medicamentos com ineficácia comprovada, como hidroxicloroquina, contra a Covid-19 a pacientes da Prevent Senior.

“O fato é que a Prevent Senior usou um tratamento que não é comprovado cientificamente, mas existe um outro fato também”, disse. “Esses profissionais de saúde, mesmo pelo juramento que eles fazem, fizeram quando receberam o diploma, eles tinham o dever e a obrigação de fazer a denúncia ao CRM e ao CFM, que eles estavam sendo obrigados, dentro de uma unidade de saúde, a prescrever medicamentos que não estavam salvando ninguém e, pelo contrário, estava matando gente.”

Bruna Morato defendeu os médicos e os classificou como “pessoas muito boas”, “idôneas” e que “detêm minha máxima confiança”. Ela comparou a situação dos médicos a pessoas que são vítimas de violência doméstica. “Eles têm extrema resistência em se identificar e fazer denúncia, justamente por conta da política de opressão. Se você trabalha numa empresa cujo lema é a lealdade, não existe qualquer possibilidade técnica de você fazer uma denúncia identificada como é o caso do CRM e CFM”, afirmou a advogada.

Bruna negou à CPI que os dados do dossiê disponibilizado ao colegiado tenham sido obtidos ilegalmente. A acusação foi feita pelo diretor executivo da operadora de saúde, Pedro Benedito Batista Júnior, durante depoimento à CPI na semana passada. Segundo ele, profissionais responsáveis pelo documento invadiram prontuários de pacientes para coletar as informações.

A advogada afirmou que os prontuários foram entregues pela Prevent Senior ao Conselho Federal de Medicina (CFM) em razão de um processo movido contra um médico que supostamente teria vazado informações.

No depoimento, Bruna Morato também reafirmou que, quanto a política de incentivo ao uso de remédios do “kit covid”, a Prevent Senior teria colaborado com dados de pesquisa que apontavam a prescrição como eficaz.

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