Eleonora Santa Rosa*
Não se trata de ter coração ou não. Se trata de ter caráter, empatia, dignidade, ética, responsabilidade, civilidade, solidariedade, hombridade, honradez, senso de coletividade, de cidadania e de honestidade. Portanto, na ausência completa ou na deficiência absoluta de tais atributos fundamentais para os seres humanos em geral, e, principalmente, para aqueles que exercem funções de alta liderança e autoridade nas mais importantes posições públicas, temos um cenário desolador, desumano, de consequências catastróficas.
O Brasil paga hoje um preço em corpos sobrepostos por ser conduzido, na mais grave crise sanitária e humanitária de sua história, por um ser indigente em afeto, inteligência e integridade, um pusilânime partidário do cinismo e da ignorância, adepto do compadrio, do servilismo e da vassalagem togada, uniformizada, engravatada, cercado ainda por espécimes empresariais cuja federação máxima tem na sua presidência um áulico de primeira grandeza.
Embusteiros, viseiros e useiros da boa fé de milhares de ingênuos e simplórios; de egoístas, cafajestes e individualistas, muitos; e de crédulos e simpatizantes, tantos outros; todos refletidos na impostura do algoz principal, do desalmado-mór.
Aí reside a questão, o pústula tem coração, envenenado, carcomido, por suposto, o que não possui é alma e espírito. Vagará entre nós como um vampiro, um sanguessuga, até que a última gota de sangue da pátria se esvaia.
Meia volta, volver?! Ainda há tempo?!
*Ex-secretária de Estado de Cultura de Minas Gerais, ocupou diversas funções públicas de relevo e desenvolveu projetos de educação patrimonial e de patrimônio cultural de repercussão nacional. Ex-diretora executiva do Museu de Arte do Rio – MAR (de novembro de 2017 a novembro de 2019), é considerada uma das mais experientes e respeitadas profissionais no campo da viabilização, implantação e soerguimento de equipamentos culturais no país. Estrategista e gestora cultural, tem larga experiência editorial; foi responsável pela publicação de mais de meia centena de obras voltadas à história e à cultura de Minas Gerais, tendo sido coordenadora editorial das consagradas Coleções Mineiriana e Centenário da Fundação João Pinheiro. Diretora do Santa Rosa Bureau Cultural, é autora do livro Interstício
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