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Marcelo Crivella é preso em operação da Polícia Civil e MP no Rio de Janeiro

Atualizada às 13h

O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), o empresário Rafael Alves e o delegado Fernando Moraes foram presos na madrugada  desta terça-feira (22) em operação da  Polícia Civil e do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ).  

A desembargadora Rosa Helena Penna Macedo Guita, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, determinou também o afastamento de Crivella do cargo, a quem aponta como “chefe de uma organização criminosa que atuava dentro da prefeitura”. A magistrada pediu prisão preventiva para todos os acusados, que comparecerão a uma audiência nesta terça-feira à tarde.

As prisões acontecem em desdobramento da Operação Hades, que investiga um suposto ‘QG da Propina’ no  município que, segundo o MP, movimentou R$ 50 milhões. O ex-senador Eduardo Lopes também é alvo da operação, mas ainda não foi encontrado pelas autoridades.

“Foi o governo que mais atuou contra a corrupção”, declarou Crivella, ao chegar à Cidade da Polícia, no bairro do Jacarezinho, na zona norte do Rio, em rápida coletiva, pouco após as 6h30. Ele atribuiu a prisão a suposta “perseguição política” e disse esperar “justiça”. “Lutei contra o pedágio ilegal, tirei recursos do carnaval, negociei o VLT, fui o governo que mais atuou contra a corrupção no Rio de Janeiro”, declarou Crivella.

Na campanha pela reeleição, sobretudo no segundo turno, Crivella teve no combate à corrupção uma de suas bandeiras prioritárias. Ele reafirmava que seu adversário Eduardo Paes (DEM), que o derrotou, iria para a cadeia, por corrupção durante seus dois mandatos na prefeitura, de 2009 a 2016.

Com o afastamento de Crivella da prefeitura, o primeiro na linha sucessória é o presidente da Câmara de Vereadores do Rio, Jorge Felippe (DEM), uma vez que o vice na chapa vencedora em 2016, Fernando Mac Dowell, faleceu em 2018 vítima de um infarto.

Na mesma operação foram detidas outras pessoas, incluindo o empresário Rafael Alves, acusado de ser o chefe do suposto “QG da propina” na prefeitura, irmão de Marcelo Alves, ex-presidente da Riotur. De acordo com a investigação do MP do Rio de Janeiro, iniciada em 2018 com a delação de um doleiro, empresas que desejavam assinar contratos com a Riotur pagavam propinas ao empresário Rafael Alves.

Também foi detido Mauro Macedo, ex-tesoureiro de campanhas de Crivella e primo de Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), de quem o prefeito do Rio é sobrinho.

De acordo com a investigação do MP do Rio de Janeiro, iniciada em 2018 com a delação de um doleiro, empresas que desejavam assinar contratos com a Riotur pagavam propinas ao empresário Rafael Alves.

Mandato polêmico

Crivella encerra desta maneira um mandato marcado por muitas polêmicas. No dia 1º de janeiro de 2021, Eduardo Paes retornará ao cargo, após a vitória sobre o atual prefeito no segundo turno das eleições municipais (64% contra 36%).

Durante a campanha, na qual Crivella associou sua imagem ao presidente Jair Bolsonaro, o prefeito afirmou diversas vezes que Paes seria preso por supostos atos de corrupção.

Durante o mandato, Crivella, de 63 anos, foi objeto de várias tentativas de processos de impeachment por sua má gestão. Também foi acusado de misturar política e religião e de favorecer os membros de sua igreja.

Em julho de 2018, segundo o jornal O Globo, ele teria prometido em um encontro com pastores evangélicos que os fiéis da Igreja Universal o Reino de Deus (Iurd) teriam prioridade para cirurgias de catarata em clínicas municipais.

Em abril, Crivella ordenou a instalação de um aparelho de tomografia no estacionamento de um templo da Iurd na Rocinha, a maior favela do Rio. Recentemente, o MP abriu uma investigação pelo suposto uso da Igreja Universal do Reino de Deus para lavar dinheiro procedente de corrupção.

Corrupção crônica no Rio

Esta prisão é mais um episódio sombrio na história do estado do Rio de Janeiro, que enfrenta uma permanente crise de segurança. O governador do estado, Wilson Witzel, está temporariamente destituído por suspeitas de corrupção na área da saúde, em plena pandemia de coronavírus.

O estado do Rio está entre as regiões mais afetadas pela pandemia, que já provocou mais de 187 mil mortes no Brasil. Com Witzel, cinco dos seis governadores do Rio em função desde 1998 tiveram problemas com a Justiça, e quatro deles foram presos em algum momento.

O caso mais emblemático é o de Sérgio Cabral (2007-2014), preso desde 2016 e condenado a quase 300 anos de prisão em diferentes casos de corrupção, incluindo um relacionado às obras de reforma do estádio do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014.

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