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Em manifesto, entidades do agronegócio defendem democracia com crítica velada a Bolsonaro

Entidades do agronegócio brasileiro pediram, em manifesto divulgado nessa  segunda-feira, 30, “liberdade para empreender, gerar, compartilhar riqueza, contratar e comercializar, no Brasil e no exterior”, além de defenderem o Estado Democrático de Direito. “É o Estado Democrático de Direito que nos assegura essa liberdade empreendedora essencial numa economia capitalista”, reforça o texto, no qual o setor agroindustrial defende a democracia.

O documento é assinado por várias entidades representativas do agronegócio brasileiro, entre elas, Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo), Associação Brasileira de Produtores de Óleo de Palma (Abrapalma), Croplife Brasil (que representa empresas de defensivos químicos, biológicos, mudas, sementes e biotecnologia), Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) e Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg).

O documento diz que as amplas cadeias produtivas e setores econômicos representados por essas entidades precisam de estabilidade, segurança jurídica e harmonia para poder trabalhar. Segundo as entidades, a liberdade empreendedora de que precisam é o inverso de aventuras radicais, greves e paralisações ilegais. “De qualquer politização ou partidarização nociva que, longe de resolver nossos problemas, certamente os agravará”, afirmam as entidades.

As entidades dizem que estão preocupadas com os atuais desafios à harmonia político-institucional e à estabilidade econômica e social do País. “Em nome de nossos setores, cumprimos o dever de nos juntar a muitas outras vozes, num chamamento a que nossas lideranças se mostrem à altura do Brasil e de sua história”, afirmam.

O texto lembra que, sob a Constituição Federal de 1988, a sociedade escolheu viver e construir o País por meio do Estado Democrático de Direito. “Mais de três décadas de trajetória democrática, não sem percalços ou frustrações, porém também repleta de conquistas e avanços dos quais podemos nos orgulhar. Mais de três décadas de liberdade e pluralismo, com alternância de poder em eleições legítimas e frequentes”, citam as entidades.

Segundo elas, o desenvolvimento econômico e social do país, para ser efetivo e sustentável, requer paz e tranquilidade, reconhecendo as minorias, a diversidade e o confronto respeitoso de ideias. “Acima de tudo, uma sociedade que não mais tolere a miséria e a desigualdade, que tanto nos envergonham.”

O manifesto também aponta que o Brasil, sendo uma das maiores economias do mundo, não pode se apresentar à comunidade das Nações como uma sociedade permanentemente tensionada em crises intermináveis ou em risco de retrocesso ou rupturas institucionais. “O Brasil é muito maior e melhor do que a imagem que temos projetado ao mundo. Isto está nos custando caro e levará tempo para reverter”, alertam as entidades.

As entidades apontam também que a moderna agroindústria brasileira é reconhecida mundo afora como resultado de inovação e sustentabilidade. “Somos força do progresso, do avanço, da estabilidade indispensável e não de crises evitáveis”, pontuam. Por fim, dizem que o setor continuará contribuindo para o futuro e a prosperidade do País.

Manifesto é ‘chamamento para colocar os adultos na sala’, diz presidente da Abag

O manifesto de entidades do agronegócio em defesa da democracia  já estava pronto antes mesmo do adiamento do texto capitaneado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), de acordo com o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Marcello Brito. De acordo com ele, a entidade quer chamar “os adultos” à discussão em um momento de crise política.

“No caso do nosso manifesto, já estava pronto, e o manifesto foi muito aberto mas muito centrado na posição de desenvolvimento, de crescimento, e de paz, nós estamos precisando de paz”, disse Brito, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda.

O presidente da Abag afirmou que o texto não tem a intenção de simplesmente criticar o governo, mas sim de ampliar a discussão sobre a crise. “Ali não é uma crítica para ninguém. É um chamamento para colocar os adultos na sala”, afirmou.

Segundo Brito, o grupo chegou a ter dúvidas sobre se soltaria ou não o texto. Mas o conselho de uma das associações – cujo nome não revelou – entrou em contato com a Abag para estimular a divulgação do manifesto. Brito disse que muitas entidades não assinaram o texto por temor de represálias do setor público à cadeia de fornecedores, por exemplo. “O Brasil tem uma democracia muito jovem, onde esse tipo de manifesto é visto como crítica”, disse.

Agronegócio

O presidente da Abag afirmou que é a favor de quaisquer manifestações, desde que sejam “democráticas”. Segundo Brito, o manifesto de entidades do setor capitaneado pela Abag não tem a pretensão de representar todo o agronegócio.

“Eu sou a favor de toda e qualquer manifestação, desde que seja pacífica, ordeira e democrática”, disse o presidente da Abag durante o programa Roda Viva, da TV Cultura. Brito não se referiu a manifestações específicas, mas disse que outras associações têm direito a divulgar posicionamentos sobre o cenário político se assim o quiserem.

O presidente da Abag afirmou que o texto divulgado nesta segunda pela Abag e por outras associações do agro representa o posicionamento dessas entidades, e não de todo o setor. “Não tenho a pretensão de falar pelo agronegócio”, comentou.

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