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Em discurso na ONU, Bolsonaro defende política ambiental e ações no combate à Covid

Atualizado às 12h20

Como tradicionalmente ocorre todos os anos, o Brasil abriu os oito dias de pronunciamentos de chefes de Estado e Governo na 75ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Este ano, a reunião tem mais discursos de líderes do que nunca em 75 anos de história, mas todos virtuais e pré-gravados com dias de antecedência, com a sede das Nações Unidas parcialmente vazia.

O presidente brasileiro Jair Bolsonaro (sem partido) abriu seu pronunciamento abordando a pandemia. Ele lamentou as mortes e listou as ações do governo no enfrentamento da doença, relacionando os gastos do governo com auxílio-emergencial e pesquisa para vacinas. Também fez críticas à parte da imprensa que, nas suas palavras, politiza a Covid-19 e quase levaram o “caos social ao país”.

Mesmo tendo adotado diretrizes contrárias às recomendações de autoridades sanitárias, Bolsonaro repetiu que o país, que registra mais de 136 mil mortes pela doença, foi um dos que melhor enfrentou a crise, embora sua atuação no combate à pandemia seja objeto de muitas críticas dentro e fora do Brasil. No discurso da ONU, Bolsonaro afirmou que fez esforços para salvar vidas sem ignorar os custos sociais e econômicos. 

“Falei em meu país que o vírus e o desemprego deveriam ser tratados simultaneamente e com a mesma responsabilidade”, justificou, nas críticas que sempre fez às medidas de restrição e à quarentena imposta pelos gestores estaduais e municipais. Segundo o mandatário, decisão judicial deu a governadores poderes durante a pandemia. Contudo sua gestão “de forma arrojada implementou várias medidas econômicas” que evitaram o mal maior, como o auxílio emergencial.

Na listagem das ações de sua gestão para o combate à pandemia, além do auxílio emergencial em parcelas que somam cerca de mil dólares para mais de 65 milhões de pessoas, Bolsonaro citou ainda a destinação de mais de US$ 100 bilhões para ações de saúde, socorro a pequenas e microempresas; a assistência a mais de 200 mil famílias indígenas com produtos alimentícios e prevenção à Covid-19 e a destinação de US$ 400 milhões para pesquisa, desenvolvimento e produção da vacina de Oxford no Brasil.

O presidente buscou rebater as críticas em relação à política ambiental e à fraca atuação de seu governo no combate ao desmatamento e às queimadas recordes na Amazônia e no Pantanal. A segunda participação de Bolsonaro na convenção provocou expectativa por causa dos dois temas: meio ambiente e pandemia. Em sua estreia, no ano passado, seu discurso foi considerado agressivo.


Na tentativa de demonstrar que não está indiferente à questão ambiental, o líder brasileiro mencionou que “não vai tolerar crimes ambientais” e repetiu que os focos de incêndios são localizados e provocados pela população local. Citou ainda a “mobilização de recursos para controlar o desmatamento, combater atividades ilegais e o crime organizado na Amazônia”. 

“Mesmo assim, somos vítimas de uma das mais brutais campanhas de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal. A Amazônia brasileira é sabidamente riquíssima, isso explica o apoio de instituições internacionais a essa campanha escorada em interesses escusos que se unem a associações brasileiras, aproveitadoras e impatrióticas, com o objetivo de prejudica o governo e o próprio Brasil”, afirmou Bolsonaro no vídeo, acrescentando que entidades brasileiras e “impatrióticas” se unem a instituições internacionais para prejudicar o país.

Os números, mais uma vez, contestam o discurso do presidente. Desde o início do ano, foram identificados 71.673 incêndios na Amazônia, 12% a mais que no mesmo período do ano passado. Já no Pantanal, maior área alagável do planeta e santuário de biodiversidade, os incêndios mais que triplicaram. De acordo com os últimos números oficiais, 1.358 quilômetros quadrados foram desmatados na Amazônia no mês passado, 21% a menos que em agosto de 2019. Mas se forem levados em conta os dados coletados desde janeiro, a queda é de apenas 5% em relação a 2019, ano de todos os recordes.

O presidente citou que o governo tem trabalhado para atrair financiamento para projetos na floresta para benefício das 20 milhões de pessoas que vivem na região. Bolsonaro enfatizou a importância da agricultura brasileira, que exporta para mais de 180 países, e pediu o fim de barreiras comerciais. No entanto, a pressão internacional por uma produção sustentável tem crescido entre governos, organizações e empresas internacionais e também brasileiras.

Bolsonaro alegou ainda que o Brasil está aberto a parcerias internacionais e destacou seu papel nas Nações Unidas em missões de paz, de participação em órgãos multilaterais e tratados de respeito aos direitos humanos e aacordos comerciais. 

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