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Em discurso na ONU, Bolsonaro culpa indígenas por incêndios na Amazônia

Em seu pronunciamento na Assembleia-Geral na manhã desta terça-feira (22), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido)  voltou a defender a política ambiental do seu governo e a negar a situação de devastação da Amazônia, minimizando o aumento do desmatamento e, consequentemente, dos incêndios criminosos. O presidente disse que floresta úmida não permite a propagação do fogo em seu interior e diz que queimadas são provocadas por caboclos e indígenas.

Bolsonaro também disse que o Brasil é líder em conservação das florestas tropicais e  na produção de energia limpa. Contudo, dados oficiais desmentem o discurso do presidente.  Agosto de 2020 foi o segundo pior resultado de queimadas na Amazônia dos últimos dez anos. Os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que foram registrados 29.307 focos de calor no mês passado, volume acima da média histórica de 26 mil focos para este mês e 5% inferior aos 30.900 registrados no mesmo mês de 2019.

Bolsonaro também enfatizou o setor agropecuário do país, ao mesmo tempo em que rebateu as críticas à atuação na área ambiental. “No Brasil, apesar da crise mundial, a produção rural não parou. O homem do campo trabalhou como nunca, produziu, como sempre, alimentos para mais de 1 bilhão de pessoas”, declarou, acrescentando que “o Brasil contribuiu para que o mundo continuasse alimentado”.

“Nosso agronegócio continua pujante e, acima de tudo, possuindo e respeitando a melhor legislação ambiental do planeta”, disse. “Mesmo assim, somos vítimas de uma das mais brutais campanhas de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal. A Amazônia brasileira é sabidamente riquíssima. Isso explica o apoio de instituições internacionais a essa campanha escorada em interesses escusos que se unem a associações brasileiras, aproveitadoras e impatrióticas, com o objetivo de prejudicar o governo e o próprio Brasil. Somos líderes em conservação de florestas tropicais. Temos a matriz energética mais limpa e diversificada do mundo.”

Ele fez particular referência à campanha Defundbolsonaro.org, lançada no início deste mês por várias ONGs, pedindo que qualquer investimento no Brasil seja vinculado a compromissos firmes para a preservação da Amazônia. A campanha, à qual aderiram celebridades como o ator americano Leonardo DiCaprio, tem como slogan: “Bolsonaro incendeia a Amazônia. De novo. De que lado você está?”.

O presidente citou números para reforçar a imagem de país que cuida do meio ambiente, na tentativa de reduzir as críticas. No entanto, os números citados podem ser questionados por serem parciais e não justificarem as práticas atuais em relação ao meio ambiente. “Mesmo sendo uma das 10 maiores economias do mundo, somos responsáveis por apenas 3% da emissão de carbono. Garantimos a segurança alimentar a um sexto da população mundial, mesmo preservando 66% de nossa vegetação nativa e usando apenas 27% do nosso território para a pecuária e agricultura, números que nenhum outro país possui.

“O Brasil desponta como o maior produtor mundial de alimentos. E, por isso, há tanto interesse em propagar desinformações sobre o nosso meio ambiente. Estamos abertos para o mundo naquilo que melhor temos para oferecer, nossos produtos do campo. Nunca exportamos tanto. O mundo cada vez mais depende do Brasil para se alimentar”, afirmou.

Bolsonaro ainda listou ações de seu governo que, supostamente busca combater os crimes ambientais. “Lembro que a Região Amazônica é maior que toda a Europa Ocidental. Daí, a dificuldade em combater, não só os focos de incêndio, mas também, a extração ilegal de madeira e a biopirataria. Por isso, estamos ampliando e aperfeiçoando o emprego de tecnologias e aprimorando as operações interagências, contando, inclusive, com a participação das Forças Armadas.”

Sobre o Pantanal, que vive a pior crise ambiental de sua história, ele disse que “as grandes queimadas são consequências inevitáveis da alta temperatura local, somada ao acúmulo de massa orgânica em decomposição”. No entanto, como já é de conhecimento público, grande parte das queimadas foram iniciadas por ações de fazendeiros em busca de aumentar áreas de pastagem.

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