sábado, maio 4Notícias Importantes
Shadow

Eduardo Leite tenta criar ‘frente’ anti-Doria em SP para vencer prévias do PSDB

Depois de receber o apoio do senador Tasso Jereissati (CE), que desistiu das prévias do PSDB, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, tenta montar uma “frente” contra seu principal adversário na disputa interna, o governador de São Paulo, João Doria. Nas últimas semanas, Leite buscou o apoio de prefeitos paulistas para reduzir o favoritismo de Doria no Estado, principal colégio eleitoral tucano e também do País, na corrida para 2022.

O prefeito de Santo André, Paulo Serra, assumiu a coordenação da pré-campanha de Leite em São Paulo. Na semana passada, Serra organizou um ato com Leite em São José dos Campos, onde o prefeito, Felício Ramuth, é apontado como aliado estratégico do governador gaúcho. Participaram do encontro as principais lideranças do PSDB no Vale do Paraíba.

“O apoio ao Eduardo Leite tem crescido no Estado (de São Paulo) e muitos diretórios se abriram para conhecer as propostas dele. O Eduardo é mais competitivo e tem mais viabilidade de diálogo com outros partidos”, disse Serra ao Estadão. O prefeito de Santo André afirmou que está organizando visitas de Leite às 11 regiões administrativas de São Paulo nos próximos 50 dias.

O estado de São Paulo é governado pelos tucanos há quase 30 anos e a sigla contabiliza 241 prefeitos e 99 vices do partido – são portanto, 340 votos na eleição interna que vai definir o candidato à Presidência da República. No Rio Grande do Sul, o PSDB tem 31 prefeitos e 31 vices.

Esses números dão, em tese, vantagem a Doria. Pelo formato estabelecido pela executiva, o vencedor das prévias será escolhido da seguinte forma: quatro grupos vão votar no dia 21 de novembro – (1) filiados; (2) prefeitos e vice-prefeitos; (3) vereadores, deputados estaduais e distritais; (4) governadores, vice-governadores, ex-presidentes e o atual presidente da Comissão Executiva Nacional, deputados federais e senadores. Cada um desses grupos tem peso de 25% no total dos votos.

Leite já fez três viagens oficiais a São Paulo para encontrar a militância do partido. Doria ainda não foi ao Rio Grande do Sul na campanha das prévias.

Em uma dessas visitas, Leite se reuniu na Câmara Municipal de São Paulo com o líder do PSDB na Casa, vereador Reginaldo Tripoli, que declarou apoio a ele, o que causou desconforto com os demais sete vereadores do partido que estão fechados com Doria. “Leite é um cara plural e não está a fim de bater em ninguém. Ele tem uma disposição para o diálogo que não vejo no Doria”, disse o vereador ao Estadão.

O prefeito de São José dos Campos disse que ainda não decidiu se vai apoiar Leite ou Doria – há ainda um terceiro candidato nas prévias tucanas, o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio. “Tenho um pé no muro com o Doria, outro com Leite e ainda vou tomar a decisão de ficar ou sair do PSDB. Nosso diretório é orgânico e vai tomar as decisões certas na hora certa”, afirmou Ramuth.

Após organizar o ato com o governador gaúcho em sua cidade, Ramuth almoçou com Doria no Palácio dos Bandeirantes, na quarta-feira passada. De acordo com ele, a decisão será tomada em conjunto com o deputado federal Eduardo Cury e o vice-prefeito da cidade.

Em outra frente, dois ex-presidentes do PSDB de São Paulo, Pedro Tobias e Antonio Carlos Pannunzio, também anunciaram apoio ao governador do Rio Grande do Sul nas prévias. Ambos são ligados ao ex-governador Geraldo Alckmin, que está de saída do partido.

‘Caso isolado’

O presidente do PSDB paulista e secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, minimizou o apoio recebido pelo gaúcho em São Paulo. “Eles (Leite e Arthur Virgílio) são bem-vindos, mas, juntos, não somam nem 100 votos em um universo de 300 mil”, afirmou. Para o presidente do diretório municipal do PSDB de São Paulo, Fernando Alfredo, o apoio de Tripoli a Leite é um “caso isolado”. “Não representa a opinião da quase totalidade do diretório municipal do PSDB paulistano.”

No Rio Grande do Sul, a principal aliada de Doria é a ex-governadora Yeda Crusius, que preside o PSDB Mulher e organizou um evento com centenas de tucanas em apoio ao governador paulista. 

Em Minas Gerais, Doria recebe apoios e rompe bloqueio de Aécio

Em sua 14ª viagem pelas prévias do PSDB para a escolha do candidato tucano à Presidência da República, o governador João Doria recebeu o apoio de lideranças tucanas em Minas Gerais e rompeu a barreira criada contra ele no Estado pelo deputado Aécio Neves – que é adversário político e desafeto do paulista. A Executiva do PSDB mineiro, que conta com 86 prefeitos e 61 vices, fechou questão em setembro e deliberou o apoio ao governador gaúcho Eduardo Leite.

Doria participou na noite dessa sexta-feira, 1, de um evento em Belo Horizonte com 350 pessoas no espaço de eventos de uma churrascaria onde recebeu o apoio do deputado federal Domingos Sávio (MG), vice-presidente nacional do PSDB. “As regras estabelecidas pelo diretório nacional preveem a votação de todos nas prévias. Não há a possibilidade do diretório decidir pelo filiado”, disse Sávio ao Estadão.

Em seu discurso no evento, Sávio disse que não vai ficar “em cima do muro” como “é próprio dos tucanos”. Sobre as prévias, o vice-presidente nacional do PSDB afirmou que, “nesta matéria, não cabe alguém dizer ‘o PSDB de Minas’ ou ‘o PSDB de São Paulo’”, ao responder pergunta sobre supostas preferências do partido nos Estados.

Além de Sávio, 15 prefeitos tucanos participaram do ato em Belo Horizonte, mas eles preferiram não se manifestar publicamente para evitar represálias. Procurados, o presidente do PSDB de Minas, deputado Paulo Abi Ackel, e o deputado Aécio Neves não se manifestaram.

Neste sábado, Doria, que também esteve com o governador Romeu Zema (Novo), visita Betim, onde vai se encontrar com o prefeito da cidade, Vittorio Medioli (sem partido).

Pela resolução aprovada pelo PSDB, o colégio eleitoral das prévias será formado por quatro grupos de votantes – (1) filiados; (2) prefeitos e vice-prefeitos; (3) vereadores, deputados estaduais e distritais; (4) governadores, vice-governadores, ex-presidentes e o atual presidente da Comissão Executiva Nacional, deputados federais e senadores. Cada um desses grupos tem peso de 25% no total dos votos.

Por esse critério, Doria sai em vantagem, já que São Paulo tem 241 prefeitos do PSDB e 99 vices, contra 31 prefeitos e 31 vices tucanos no Rio Grande do Sul. Para tentar reduzir o favoritismo de Doria, Leite busca aliados no Estado, para onde já viajou três vezes nas prévias. O governador paulista também tenta quebrar a hegemonia de Leite no Rio Grande do Sul com o apoio da ex-governadora Yeda Crusius.

No mapa das prévias, Doria fechou o apoio dos diretórios de São Paulo, Distrito Federal, Acre, Pará e Tocantins, enquanto Leite conta com Ceará, Minas Gerais, Alagoas e Rio Grande do Sul. Doria espera selar nas próximas semanas os apoios dos diretórios do Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

As prévias estão marcadas para o dia 21 de novembro. O senador Tasso Jereissati (CE) desistiu da disputa para apoiar Leite. Além dos governadores, o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, também está na disputa.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

× Como posso te ajudar?