Produzido a partir de grãos, como o milho, e da cana-de-açúcar, o etanol entra na classificação de biocombustível
A gama de fontes de energia limpa não se resumem aos painéis solares ou aos equipamentos eólicos, como leva a crer os resultados apresentados nas buscas pelo tema a partir do Google Imagens. A lista conta com outros recursos e técnicas, como as estruturas de hidrelétricas e biocombustíveis, no qual o etanol está classificado — e que conta com o Brasil na lista de principais produtores.
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Diferentemente da gasolina, que tem o petróleo como matéria-prima, o etanol não depende dos chamados combustíveis fósseis, aqueles oriundos de materiais não renováveis e que têm um ponto negativo em comum: liberação de gases que prejudicam o meio ambiente. É o caso, por exemplo, do carvão, item que marca presença em usinas termoelétricas na Europa, continente em que líderes demonstram repentina preocupação com a Amazônia brasileira.
“Maior produção” da história
Produzido a partir de grãos, como o milho, e da cana-de-açúcar, o etanol tem o Brasil como potência. Em abril, com a pandemia do vírus chinês repercutindo mundo afora, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) informou que a safra brasileira de 2019/2020 de etanol resultou na “maior produção” da história. Foram gerados 35,6 bilhões de litros do biocombustível, o que representou crescimento de 7,5% em relação à safra anterior.
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Apesar de ser o segundo maior produtor de etanol no mundo, atrás somente dos Estados Unidos, o Brasil conta com possibilidades de ampliar sua presença no setor, mesmo no mercado interno. Com quase 98% da frota automobilística local podendo ser abastecida com gasolina ou etanol, conforme registrou o site Gaúcha ZH em junho de 2019, o biocombustível ainda tem menor consumo. De acordo com a União Nacional da Bioenergia (Udop), a participação do etanol em veículos de passeio e carga leve chegou a pouco mais de 48% no começo do ano.
Diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antônio de Pádua Rodrigues acredita que a presença do biocombustível ganhará, sim, mais espaço no mercado automobilístico do país. “Acompanhamos no mundo todo um esforço para aumentar a participação dos renováveis na matriz de transportes”, comentou no início de 2020, segundo o site da Udop. “Estamos registrando uma mudança de preferência do consumidor, mas precisamos ampliar a consciência sobre as vantagens do etanol, que além de ter um preço vantajoso em muitos Estados, traz sustentabilidade socioeconômica e ambiental para o país”, enfatizou.
Carro elétrico X carro movido a etanol
Mas não é só com a gasolina que o biocombustível disputa mercado. Um dos desafios dos produtores brasileiros é mostrar ao mundo que o etanol é menos agressivo ao meio ambiente do que os carros elétricos da Europa. Afinal, boa parte da energia elétrica de lá é gerada partir da queima de carvão, dentro da classificação de materiais fósseis, em usinas termoelétricas. É o que demonstra gráfico divulgado pelo site novaCana em 2018.
Tal “confronto” entre combustíveis foi destacado no último mês pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. E com destaque positivo ao produto que tem o Brasil como destaque. “A causa das mudanças climáticas está lá na Europa, com a queima de combustíveis fósseis. ‘Ah’, o carro elétrico europeu… o carro elétrico europeu não é sustentável. O nosso etanol é que é sustentável”, disse o integrante do governo federal em entrevista ao Os Pingos Nos Is, programa da rádio Jovem Pan que conta com participações de três colunistas da Revista Oeste: Ana Paula Henkel, Augusto Nunes e Guilherme Fiuza.
Um “combustível completão”
Durante a entrevista, Salles enfatizou que, no comparativo com outras fontes energéticas, o etanol é destaque positivo. “Nossa matriz energética é limpa, enquanto a dos europeus é suja. Temos o etanol, exemplo para o mundo. E eles [Europa] continuam queimando combustível fóssil”, afirmou o ministro. Além de tecer críticas à conduta europeia em relação a matrizes energéticas, a fala dele pode ser entendida como algo que classifica o etanol como um “combustível completão” — conforme ressaltado em campanha publicitária divulgada em 2012.
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