domingo, abril 28Notícias Importantes
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Desabafo de um missionário

Minhas forças estão se esvaindo… Não sei mais em que pensar. A situação aqui está bastante difícil. Se não bastasse o desgaste que passamos ontem no departamento de imigração em mais uma tentativa de renovação de nosso visto, ainda chega toda essa papelada do governo para preenchermos, com tantos campos complicados e pedindo pela enésima vez para anexarmos cópias de tantos documentos. E tudo isso em 48 horas! Minha esposa sempre me ajuda com essas coisas, pois estou constantemente ocupado com os afazeres da igreja, mas nos últimos dias, com a nossa caçulinha doente, praticamente não posso contar com ela.  Voltamos hoje cedo ao hospital aqui da cidade. Na verdade não é um hospital, e sim um posto de saúde. Não havia médico por lá, apenas um atendente. Ainda bem que já dominamos a língua daqui, pois numa hora dessas seria difícil se não pudéssemos nos comunicar. O rapaz nos informou que em três dias virá um médico, mas precisamos de um agora! Ela está tossindo muito e a febre não baixa. O último frasquinho de Tylenol que trouxemos do Brasil está se acabando. Ah Senhor, como dependemos de Ti! Gostaria de dar à minha filhinha o melhor médico, o melhor hospital, mas para isso precisaríamos de um bom plano de saúde. Só que é caríssimo! Não temos recursos para isso. Além do mais, nosso sustento desse mês já se acabou e para irmos à outra cidade precisaríamos de uma boa soma de dinheiro. Temos orado por ela e feito o que podemos. Talvez um simples remédio, facilmente encontrado em qualquer farmácia do Brasil, já tivesse mudado esse quadro. Ajude-me Senhor! Meu coração ficou partido quando o Paulinho disse hoje de manhã: “Papai, se estivéssemos no Brasil a vovó ajudava a cuidar da neném e ela ficava boa logo”. Parece que estou num dia nublado… Olho para todos os lados e não vejo saída. Para piorar, a tela do computador me mostra um e-mail, dizendo que uma das nossas igrejas parceiras, a que mais investia financeiramente, decidiu cortar o nosso sustento a partir do mês que vem. Eu aqui, a milhares de quilômetros, sem poder olhar àqueles irmãos face a face, entender suas razões e poder fazê-los ouvir uma palavra da minha parte. Sempre fui fiel no envio dos relatórios, sempre compartilhei o caminhar do ministério em minhas cartas de oração, parecia que tudo corria bem. O que será que houve? Onde eu errei? Se eu tivesse recursos entrava no primeiro avião e ia até lá visitá-los para esclarecer tudo. Sei que o Senhor está no pleno controle de toda essa situação, mas me sinto fraco e abatido. Perdoa-me Senhor! Lembro-me dos apertos de mãos, dos abraços, das lágrimas, das mãos impostas sobre nós quando, ajoelhados, chorávamos de emoção à frente da igreja antes de vir para cá. Não quero desanimar. Não quero voltar para o Brasil. Amo esse povo. Amo o que faço. Meu lugar é aqui. Talvez eu esteja mesmo é precisando de uma boa noite de sono para, renovado pelas Tuas misericórdias, olhar tudo por outra perspectiva. Acabei de conferir na minha lista aqui no computador e tenho marcados os nomes de 67 intercessores que se comprometeram a orar por nós. Será que eles estão se lembrando disso?

Um Desabafo como esse pode ser real hoje nas vidas de muitos missionários em campos transculturais. Precisamos, como Igreja do Senhor Jesus, rever nossa postura, nossas ações e nossa omissão para saber se o compromisso que dizemos ter com a obra missionária é, antes de tudo, um compromisso direto e inegociável feito com Deus.

Colunista: Mônica Mesquita

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