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A perseguição aos uigures é um crime contra a humanidade

Em 2018, o governo chinês parou de negar a existência dos campos de concentração e passou a chamá-los de “centros de educação”

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BBC levou ao ar imagens do que seriam campos de concentração na China | Foto: REPRODUÇÃO/BBC

A mais recente edição da The Economist denunciou a existência dos centros de detenção construídos em Xinjiang, região autônoma da China que abriga muçulmanos no noroeste do país. Como lembrou a reportagem, as primeiras histórias de Xinjiang eram difíceis de acreditar. Não era crível que o governo chinês estava administrando campos de trabalho forçado para os muçulmanos nem que os uigures estavam sendo rotulados de “extremistas” e presos simplesmente por orar em público ou por terem barbas compridas. “No entanto, a evidência de uma campanha contra os uigures se torna mais chocante a cada divulgação de imagem de satélite, cada vazamento de documentos oficiais e o relato lamentável de cada sobrevivente”, escreveu a revista britânica.

Em 2018, o governo parou de negar a existência dos campos e passou a chamá-los de “centros de educação e treinamento vocacional” – um local que teria o objetivo de ajudar as pessoas a adquirir habilidades profissionais. Quem esteve em um desses locais, entretanto, conta que eles eram treinados para renunciar ao extremismo e colocar sua fé no “Pensamento de Xi Jinping” em vez do Alcorão. Um deles contou que os guardas perguntam aos prisioneiros se existe um Deus e batem nos que dizem que existe. E os campos são apenas parte de um vasto sistema de controle social.

Os 12 milhões de uigures chineses são uma minoria no país. Sua língua turca está distante do mandarim e eles são majoritariamente muçulmanos. Um pequeno grupo realizou ataques terroristas, incluindo um atentado a bomba num mercado em 2014, que deixou 43 mortos. Nenhum incidente terrorista ocorreu desde 2017 – o que prova, segundo o governo chinês, que a segurança mais rígida tornou Xinjiang segura novamente.

Essa é uma maneira de colocar as coisas. A outra é que, em vez de capturar os poucos uigures violentos, o governo colocou todos em uma prisão a céu aberto. O objetivo parece ser esmagar o espírito de todo um povo. Mesmo aqueles que estão fora dos campos têm que assistir a sessões de doutrinação. Qualquer um que deixar de falar sobre o presidente da China corre o risco de ser internado. As famílias devem vigiar uma as outras e relatar comportamentos suspeitos. Novas evidências sugerem que centenas de milhares de crianças uigures podem ter sido separadas de um ou de ambos os pais detidos. Muitos desses órfãos temporários estão em colégios internos, onde são punidos por falarem sua própria língua. As regras contra ter muitos filhos são estritamente aplicadas às mulheres uigures e algumas são esterilizadas.

Dados oficiais mostram que em duas prefeituras a taxa de natalidade uigur caiu mais de 60% de 2015 a 2018. Mulheres uigures são incentivadas a se casar com homens chineses han (o maior grupo étnico da China) e, quando isso ocorre, são recompensadas com um apartamento, um emprego e até mesmo um parente sendo poupado dos campos.

A intimidação se estende além das fronteiras da China. Como todo contato com o mundo exterior é considerado suspeito, os uigures que moram fora temem telefonar para casa com medo de causar a prisão de um parente.

A The Economist também chama a atenção para a importância dos países e governos criticarem e denunciarem a existência dos campos na China. Papel que cabe também à imprensa mundial.

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