sexta-feira, maio 17Notícias Importantes
Shadow

Sexta-feira da Paixão

Lucas 23:20-26

Desejando soltar a Jesus, Pilatos dirigiu-se a eles novamente. Mas eles continuaram gritando: “Crucifica-o! Crucifica-o! “ Pela terceira vez ele lhes falou: “Por quê? Que crime este homem cometeu? Não encontrei nele nada digno de morte. Vou mandar castigá-lo e depois o soltarei”. Eles, porém, pediam insistentemente, com fortes gritos, que ele fosse crucificado; e a gritaria prevaleceu. Então Pilatos decidiu fazer a vontade deles. Libertou o homem que havia sido lançado na prisão por insurreição e assassinato, aquele que eles haviam pedido, e entregou Jesus à vontade deles. Enquanto o levavam, agarraram Simão de Cirene, que estava chegando do campo, e lhe colocaram a cruz às costas, fazendo-o carregá-la atrás de Jesus.

O contexto dessa narrativa de Lucas que a gente acabou de ler, foi um dos momentos mais delicados que Jesus teve que enfrentar aqui na terra, o momento da Sua condenação à morte. Só que além de condenado, Jesus começou a sofrer de maneira tão significativa, que muitos escritores bíblicos compararam o sofrimento de Jesus ao sofrimento de uma ovelha quando vai ao matadouro. Só pra gente ter uma noção, nos açoites romanos haviam bolinhas pontiagudas nas pontas onde os soldados batiam, tiravam pedaços de carne do preso com o intuito de causar apenas sofrimentos naquele momento, mas não causar a morte!

Enfim, além de condenado e de estar cabalmente ferido na sua alma e corpo, colocaram sobre Jesus nada mais nada menos que uma cruz pesada, ou seja, o que já estava infinitamente difícil, ficou infinitamente insustentável. O próprio Deus encarnado agora se encontrava condenado, ferido, com uma Cruz na costas, tendo que enfrentar um trajeto extremamente inclinado, para enfim, chegar no local da sua crucificação onde seria ainda mais humilhado. Esse trajeto inclinado é uma viela conhecida até hoje como Via Dolorosa!

Nesse momento, onde as suas feridas estavam cada vez mais expostas; onde o Seu processo de hemorragia estava cada vez mais eminente, e onde a Cruz foi se tornando ainda mais pesada por conta das Suas forças que Ele ia perdendo, por incrível que pareça, o Deus encarnado que tinha poder de sustentar todas galáxias nas palmas de suas mãos começou a derrubar sobre a Via Dolorosa a Cruz o que Ele tentava levar sozinho. Por conta disso, num determinado momento da sua procissão rumo ao calvário, se erguendo, caindo, mediante a pressão dos soldados romanos e a pressão interna dos seus órgãos em início de processos hemorrágicos, os soldados romanos percebendo que Jesus não ia conseguir levar sozinho, pegaram a primeira pessoa que apareceu naquela viela de Jerusalém, e o nome desse cara era Simão, um homem natural de uma cidade chamada Cirene, local onde gentios moravam. Por conta disso, a história cristã, ele também é chamado de Cireneu. A primeira pessoa comum que estava passando naquele dia, naquele minuto e naquela viela, foi forçado a levar um cruz que nem dele era e de um condenado que possivelmente ele nem conhecia. A Cruz que Simão nunca quis procurar… Agora estava procurando ele! Em resumo, os soldados romanos se valendo dos seus direitos autoritários, colocaram a cruz sob as costas daquele simples trabalhador camponês!

É óbvio que houve uma certa resistência de Simão, mas logo ele teve que obedecer as ordens do soldados, caso contrário, ele poderia ser o próximo condenado, ou seja, no máximo de seu sofrimento humano e vergonha moral, Jesus encontrou o auxílio de um desconhecido gentil. O Deus encarnado que estava carregando a cruz para salvar a humanidade, foi naquele momento ajudado por um simples representante humano.

Agora, eu fiz questão de ler o texto de Lucas 23, pois o escritor Lucas vem dizer que Jesus não apenas distribuiu o peso da cruz com o Simão, mas sobre os ombros de Simão foi colocada a cruz. Jesus ia na frente com suas feridas e hemorragias e Simão ia atrás levando a Cruz inteira que teoricamente nem dele era. Imaginem essa cena… Um homem que horas atrás estava trabalhando pesado no campo não vendo a hora de chegar em casa e descasar, agora se encontrava carregando uma cruz. Olhando em sua frente um homem condenado, ferido, humilhado, calado, e que nas próximas seria crucificado!

Aplicação

Enfim, toda vez que lia esse texto, algumas perguntas surgiam na minha cabeça, dentre elas: Por que Jesus, a caminho do Calvário, permitiu que alguém o ajudasse a levar Cruz? Não seria mais apoteótico e heróico Ele ter feito esse trajeto sozinho e ter chegado ao Gólgota sozinho?

É bem verdade que Jesus, por mais debilitado que estivesse como homem, era Deus também e poderia resolver aquele problema a qualquer momento. Além do mais, naquela específica ocasião, carregar a cruz sozinho sem reclamar, no mínimo apaziguaria a crueldade dos soldados romanos em relação à Sua pessoa. Jesus tinha poder suficiente para restaurar Suas próprias forças, reerguer a cruz e voltar a caminhar de maneira firme até o local da crucificação, ou até mesmo, poderia também ter chamado naquele momento um simples anjo e a ajuda de um só anjo seria mais do que suficiente para reerguê-lo!

Agora, por que Ele não fez isso, e ainda assim, colocou um simples camponês como eu e você dentro daquela macabra procissão?

Uma das respostas possíveis é que profeticamente Ele já estava mostrando naquela prática que aquela Cruz nunca seria para salvar algum tipo de anjo, mas todo o tipo de ser humano que desejasse ser salvo por meio da obra que iria acontecer no mais alto do Gólgota! Agora, o mais incrível é saber que possivelmente, Simão Cirineu não sabia que aquela era a Cruz do Salvador da humanidade, até porque a fama de Jesus naquele momento é que Ele era um blasfemo. Se Simão soubesse que a aquela Cruz seria o instrumento da salvação dele e de toda humanidade, se naquele momento Deus abrisse os olhos de Simão para ele ver os frutos de salvação que a morte de Jesus na Cruz iria produzir, certamente o Simão não só ergueria e carregaria aquela cruz, mas abraçaria, sentindo-se honrado pelo simples fato de poder tocá-la, levá-la, mesmo sendo banhado com o sangue impregnado naquela madeira pesada, pois a Cruz que ele estava conduzindo não era a de um simples criminoso, mas a Cruz do Filho de Deus, Criador e Redentor da humanidade!

Agora, se eu defendo a tese que Simão estava levando mais que uma simples cruz, mas sim a Cruz protica onde criaria desdobramentos eternos na vida dos seres humanos de todas as gerações, o que significa o termo LEVAR A CRUZ?

Levar a Cruz é muito do mais que pendurarmos um crucifixo na parede, enrolarmos em nosso pescoço, cantarmos uma música sobre a Cruz ou fazermos o sinal de uma cruz quando passamos na frente de uma igreja cristã. Levar a Cruz nada mais é do que assumirmos que não temos caráter suficiente para sermos salvos, mas que através da crença a respeito do que aconteceu no Calvário, podemos ser salvos pelo caráter de Cristo que agora vive em nós. Levar a Cruz de Cristo significa que assim como Simão teve parte do peso e da responsabilidade naquela Cruz de madeira grossa, da mesma forma precisamos tomar parte do peso e da responsabilidade que a vida cristã exige de nós.

Agora, assim como Simão ajudou Jesus na sua caminhada, agora é Jesus que nos convida a compartilhar do nosso peso com Ele e com as pessoas que nos amam. Quantas vezes em nossa vida, parece que não vamos aguentar pois a Cruz é pesada demais, mas são nessas horas que o próprio Jesus usa alguém pra se tornar um Simão Cireneu pra nós, colocando alguém especial que nos ajudará a carregar a Cruz que sozinho não conseguiremos. Ainda que todos os flagelos do mundo caiam sobre nós; ainda que o mundo inteiro se levante irado contra nós; ainda que todas as traições se ergam contra nós, sempre teremos ao nosso lado “Simão’s Cireneus” que serão usados pelo Espírito Santo para levar a nossa Cruz quando estiver pesada demais!

Agora, da mesma forma que não faltarão os Simão’s Cireneu’s em nossa caminhada, precisamos também compreender que Deus nos convida a sermos os Simão’s Cireneu’s na vida das pessoas que estão ao nosso alcance. Sempre que bondosamente vamos ao encontro de alguém que sofre e nos dispomos a ajudar, é como se levássemos a Cruz de Cristo junto com aqueles que as acham pesadas demais. Que não possamos fazer parte do time romano que machuca e acusa as pessoas, mas que possamos fazer parte do time dos Cireneus desse tempo que se dispõe a levar o peso que tiver que levar. Assim como não faltou um Cireneu para ajudar Jesus; assim como não tem faltado Cirineu’s para nos ajudar, assim também seremos Cireneu’s desse tempo em favor daqueles que estão ficando pelas vielas da vida!

Termino esse sermão com uma linda oração feita por um autor desconhecido: “Senhor, abristes a Simão de Cirene os olhos e o coração, dando-lhe na partilha da Cruz, a graça da fé. Ajudai-nos a assistir o nosso próximo que sofre, ainda que este chamamento resulte em contradição com os nossos projetos e as nossas simpatias. Nos conceda reconhecer que é uma graça poder partilhar a Cruz dos outros e experimentar que dessa forma, estamos a caminhar contigo. Fazei-nos reconhecer com alegria, que é precisamente pela partilha do Seu sofrimento e dos sofrimentos deste mundo que nos tornamos ministros da salvação, podendo assim ajudar a construir o Seu corpo, a Sua Igreja.”

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