Quero ficar com você, não por precisar de você, mas por amá-lo

O verdadeiro amor não dói nem machuca, mas ajuda você a se tornar, a cada dia, uma versão melhor de si mesma.

Erika Otero Romero

E se eu precisar de ti?

Por acaso não é melhor te amar sem precisar de ti?

Quero ficar contigo não por necessidade, mas por desejar estar…

livremente.

Ninguém é indispensável – é algo que aprendi na marra. Às vezes, as pessoas entram em nossas vidas para ficar; outras vezes, chegam simplesmente para ensinar uma lição e seguir seus próprios caminhos depois de algum tempo. Quando conseguimos entender esse importante ponto das relações afetivas, os rompimentos e o desamparo do momento assumem outro significado.

Às vezes, podemos confundir amor com dependência. São dois elementos que não podem sobreviver juntos, pois se destroem. Devemos aprender a usar de sensatez e entender que ninguém é obrigado a preencher nossas lacunas emocionais.

Precisar de alguém é tornar essa pessoa insubstituível. Quando isso acontece, o relacionamento se torna dependente e doente, quase obsessivo. Nesse tipo de relacionamento, perde-se a paz. Além disso, não há amor; há paixão, desejo, exigência, mas não amor. Entretanto, quando preferimos estar com alguém, o que fazemos é dar valor à pessoa que amamos. Dar valor consiste em sabermos o valor dessa pessoa e não o quanto dependemos dela.

O verdadeiro amor requer um processo

Quando se é adolescente, acredita-se que o primeiro amor é tudo na vida. Na verdade, a própria vida mostra, sem reticências, que não é bem assim.

O primeiro amor é vivido com intensidade total; tanto, que a dor de um término pode ser insuportável. Isso acontece por sentir que, sem o bem-estar resultante desse relacionamento, você pode morrer de tristeza a qualquer momento.

Esse primeiro amor está repleto de carência. Carência de quê? De tudo o que faz você sentir. É que esse amor adolescente faz você experimentar coisas que nem sabia que existiam. É como se aquela alegria imediata de se estar perto daquela pessoa especial o fizesse voar. Por isso, quando ela sai da sua vida, você sofre pela carência e saudade. Essa necessidade iminente de estar com quem faz você sentir coisas maravilhosas machuca, e essa dor parece nunca ter fim. Alguns jovens sofrem mais que outros, mas a longo prazo e devido aos efeitos do tempo ou das circunstâncias, acaba passando.

O amor amadurece com o tempo, com outros relacionamentos e com experiências da vida. Mas, talvez o mais importante é que você aprende a amar e ser amado, quando passa a dar a si mesmo o lugar que merece. Sim, pode parecer muito repetitivo, mas se você não se amar, não será capaz de perceber o que merece em um relacionamento. Isso geralmente é aprendido através de erros.

Como saber que eu não preciso de alguém?

Sabe-se disso quando há liberdade emocional. Ou seja, mesmo que haja um papel envolvido, afirmando que você é “esposa ou marido de”, você sabe que é livre em todos os aspectos porque há amor. Não há ciúmes, e a outra pessoa sabe que pode confiar em você porque há respeito. Você respeita os objetivos e os sonhos do outro e até ajuda realizar esses sonhos. Além disso, um não julga o passado do outro, fala com amor quando há dificuldades.

Mas, talvez o mais significativo de um relacionamento com aquela pessoa especial – em que se esteja por escolha e não por necessidade – é que não há dependência nem exigências. Ou seja, a solidão não assusta e não há aquela sensação de ser uma “coisa” que pertence e está nas mãos do outro.

E o que é dependência?

É quando você se sente amarrado, como em uma prisão. Você sofre e chora diariamente porque essa pessoa machuca, mais além das palavras. Talvez o mais triste seja que você precise estar sempre a par da data, da hora e do local em que o objeto do seu amor está. Sim, porque vocês se tornaram isso, um para o outro: pertences.

Quando você sente que não é nada sem a outra pessoa ao seu lado, você está se prejudicando. O que você faz é idealizar a outra pessoa; isto é, você a vê como deseja que ela seja e não como realmente é. Além disso, você perde completamente a identidade, é como se  fizesse uma simbiose com essa pessoa.

O amor não faz você ficar sofrendo ou chorando amargamente, não é algo do tipo “te bato porque te amo”. Definitivamente, nada está mais longe do amor do que isso. Tampouco é achar que, se essa pessoa for embora, ninguém mais irá amá-lo como ela, ou você nunca mais irá sentir o mesmo por outra pessoa.

Atrevo-me a dizer que, em algum momento da vida, todos nós vamos experimentar relacionamentos desse tipo. E nem é preciso dizer que são necessários para o nosso crescimento, amadurecimento e aprendizado. O ruim é não conseguir enxergar quando um relacionamento o está prejudicando.

“Estou com você porque quero estar”

Esse é o tipo de amor que deve ser buscado, procurar se relacionar com alguém que se sinta feliz e à vontade com você. É bom saber que ele se sente livre ao seu lado e que você não depende dele para ser feliz. O bom e interessante desse amor é que vocês crescem lado a lado, edificam-se e se fortalecem todo dia, e isso faz com que permaneçam firmes e felizes.

Todos nós podemos encontrar alguém que ama dessa maneira. O segredo é você saber o que quer e dar à outra pessoa o mesmo espaço. Qualquer tipo diferente de “amor” vai apenas distraí-lo, impedindo-o de encontrar aquilo que procura.

Traduzido e adaptado por Erika Strassburger, do original Quiero estar contigo, no porque te necesite, sino porque te amo

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