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PF investiga fraudes no sistema do Ibama para beneficiar donos de terras na Amazônia Legal – G1

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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) em Brasília — Foto: Google/Reprodução

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) em Brasília — Foto: Google/Reprodução

A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta terça-feira (15), uma operação que investiga fraudes no sistema do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a partir do uso de dados de servidores do órgão.

A TV Globo apurou que o ex-deputado federal Sandro Mabel (MDB-GO) foi alvo de um dos mandados de busca e apreensão. O político tem uma propriedade no município de Canabrava do Norte, em Mato Grosso, e foi alvo do mandado judicial em Goiânia (GO). Em nota, a defesa de Mabel afirmou que ele “não tem nada a ver com as investigações” (leia íntegra ao fim da reportagem).

PF investiga fraudes no sistema do Ibama para beneficiar donos de terras na Amazônia Legal

PF investiga fraudes no sistema do Ibama para beneficiar donos de terras na Amazônia Legal

De acordo com a apuração, os estelionatários alteravam informações nos sistemas, por meio de certificados digitais (tokens) de funcionários, para beneficiar donos de terras e empresários que possuíam áreas embargadas – principalmente nos estados do Pará e Mato Grosso – em áreas ambientais consideradas “sensíveis” da Amazônia Legal. O G1 aguarda posicionamento do Ibama.

Ao todo, foram cumpridos 48 mandados de busca e apreensão em empresas e residências de beneficiados pelas fraudes, além de cinco mandados de prisão. Até as 12h, três suspeitos haviam sido presas. Os alvos são dos seguintes estados:

  • Goiás
  • Minas Gerais
  • Pará
  • Mato Grosso
  • Paraná
  • Rio Grande do Sul
  • São Paulo
  • Tocantins

Prejuízo de R$ 150 milhões

De acordo com a PF, foram constatados 122 desembargos (desinterdições de propriedade) irregulares em nome 54 pessoas físicas e empresas. A estimativa é de que a fraude tenha causado um prejuízo de R$ 150 milhões para a União, em multas não pagas e descumprimento de embargos em áreas ambientais da Amazônia Legal.

“Assim que a fraude foi identificada, o Ibama congelou as alterações, mas o prejuízo de uso das áreas já tinha sido feito”, afirmou o delegado Daniel Ottoni, da delegacia de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da PF-DF.

“A fragilidade maior não era o sistema. Era como foi fácil conseguir os certificados digitais.”

As propriedades beneficiadas, em Mato Grosso e no Pará (veja abaixo), tinham sócios em estados na região sul, centro-oeste e sudeste, segundo a PF.

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Propriedades beneficiadas por meio de fraude com uso de tokens falsificados de servidores do Ibama — Foto: PF/Divulgação

Propriedades beneficiadas por meio de fraude com uso de tokens falsificados de servidores do Ibama — Foto: PF/Divulgação

Esquema criminoso

De acordo com as investigações, os crimes foram cometidos por uma quadrilha, com possível “auxílio de servidores públicos”. O grupo é suspeito de selecionar funcionários do Ibama para terem os dados violados e os documentos falsificados.

De posse dos documentos, os criminosos se passavam pelos servidores e acessavam o banco de dados do Ibama. Com a invasão, conseguiam realizar o desembargo das propriedades rurais que foram multadas pela fiscalização.

Operação da PF apura fraudes no Ibama para beneficiar empresários

Operação da PF apura fraudes no Ibama para beneficiar empresários

Os criminosos teriam ainda emitido certidões negativas, que são requisitos para obtenção de licenças federais e estaduais, além de financiamentos e empréstimos.

Os envolvidos podem responder por crimes contra o meio ambiente, estelionato, uso de documento falso, alteração de sistemas de dados, descumprimento de ordens de embargos, prevaricação (funcionário público que age por interesse próprio no exercício do cargo) e corrupção. As penas podem chegar a 12 anos, além de multa.

A operação foi batizada de “Tokens” em referência ao dispositivo de certificado digital violado para fraudar o sistema.

Leia íntegra da nota da defesa do ex-deputado federal Sandro Mabel:

“Com relação à Operação Tokens, deflagrada pela Polícia Federal nesta terça-feira (15/09), informamos que o Sandro Mabel, afirma não ter nada a ver com as investigações e esclarece que adquiriu área rural no município de Canabrava do Norte, no estado do Mato Grosso, em dezembro/2012, com escritura lavrada em novembro/2013. A área, à época da aquisição, possuía dois autos de infração (415948-D e 415947-D), com consequente Termos de Embargo aplicados pelo Ibama, que permanecem até hoje pendentes de resolução. As multas e as providências pela solução são de responsabilidade da antiga proprietária, que se responsabilizou legalmente e expressamente pela resolução das questões na própria escritura pública de compra e venda, lavrada em cartório.

Diante do exposto, Sandro Mabel, reafirma sua isenção e entende que seu nome foi envolvido por ser o atual proprietário da área, porém a responsabilidade total é da antiga proprietária.

Sandro Mabel coloca-se à disposição para esclarecimentos que se fizerem necessários.”

Leia mais notícias sobre a região no G1 DF.

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