Centenas de pessoas — mulheres, em sua grande maioria — ocuparam Belo Horizonte, na tarde deste sábado (7), para gritar contra a violência sofrida pela catarinense Mariana Ferrer durante o julgamento do homem acusado de estuprá-la, em 2018. Em uma caminhada que foi da Praça Sete, na Região Central da cidade, até a Praça da Estação, cânticos e palavras de ordem foram entoados.
Movimento de apoio a mulheres
Presentes ao movimento acreditam que o vídeo das ofensas proferidas em juízo pode fazer com que outras mulheres sintam-se encorajadas a contar suas histórias. “Essa é uma das nossas lutas, para que essas mulheres não se calem. Há muitas mulheres que aguentam caladas problemas como estupros e assédios, com medo da exposição negativa, pois as vítimas acabam sendo culpabilizadas. Nossa luta é para que essas mulheres ganhem coragem para trazer tudo à tona. Estamos aqui para acolhê-las”, afirmou Kelly Assis.
A jovem Carolina Vitória, de 17 anos, é uma das criadoras da versão belo-horizontina página Na rua por Mari Ferrer, movimento que impulsionou a organização das passeatas em várias cidades brasileiras. Segundo ela, em menos de uma semana, o endereço virtual da organização já recebeu diversas denúncias de abusos. “Várias mulheres entraram em contato relatando abusos sofridos na infância e, até mesmo, no trabalho e na escola. Nosso movimento mobilizou muitas a terem voz”.
O ato foi, também, para prestar solidariedade à adolescente que engravidou do tio no Espírito Santo. A gestação precoce da jovem de 10 anos foi fruto de estupro e, mesmo ante amparo legal para a realização do aborto, ela precisou passar pelo procedimento em Pernambuco. Por lá, conservadores e extremistas religiosos se reuniram em frente ao hospital para impedir a interrupção da gravidez.
Bolsonaro é alvo de cânticos
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi mencionado pelas manifestantes em parte dos cânticos entoados. “Ô, Bolsonaro, pode esperar, as mulheres vão te derrubar”, bradaram, em parte do trajeto. À frente da passeata, uma grande faixa dizia: “É pela vida das meninas”.