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Onze senadores republicanos dizem que vão votar para bloquear vitória de Biden e demandam auditoria – O Globo

WASHINGTON — Onze senadores republicanos, liderados pelo texano Ted Cruz, anunciaram que irão apresentar objeções à vitória de Joe Biden durante a sessão conjunta da Câmara e do Senado para ratificar o resultado, na quarta-feira. A iniciativa, que busca causar tumulto em um procedimento habitualmente simbólico,  é considerada sem chances de prosperar.

A reunião do Congresso, em que os parlamentares contarão os votos emitidos pelos delegados ao Colégio Eleitoral em 14 de dezembro, é a última etapa formal do processo eleitoral americano antes da posse de Biden, em 20 de janeiro. Os parlamentares afirmam que pretendem barrar a ratificação a menos que haja uma “auditoria emergencial de 10 dias” em alguns estados em que Biden foi vitorioso, indo na contramão do voto popular e das autoridades estaduais, incluindo republicanas, que certificaram os resultados em suas jurisdições.

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A iniciativa não tem chances de sucesso: objeções à certificação precisam ser aprovadas separadamente pelas duas Casas do Congresso. A Câmara continuará sob o comando democrata durante a próxima legislatura, que toma posse neste domingo, e muitos senadores republicanos reconheceram a vitória legítima de Biden — inclusive o líder da maioria, Mitch McConnell.

Na prática, trata-se de mais uma tentativa de transformar um processo rotineiro, que normalmente passa despercebido, em uma sessão prolongada e confusa para agradar a base trumpista. Para além disso, aumenta a pressão sobre outros senadores do partido.

Segundo Cruz, que tem planos de disputar a candidatura presidencial republicana em 2024, e seus aliados, a auditoria é essencial para apurar “alegações de fraude eleitoral e conduta ilegal sem precedentes”. Autoridades locais democratas e republicanas atestaram a lisura do pleito, assim como observadores internacionais. Além disso, mais de 60 ações impetradas por Trump e aliados para anular o resultado do pleito em estados-chave foram rejeitadas pela Justiça.

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Em seu comunicado, os republicanos citam como precedente a disputa presidencial de 1877 entre Samuel Tilden e Rutherford Hayes, em que houve alegações de fraude em vários estados:

“Em 1877, o Congresso não ignorou estas alegações e a mídia também não rejeitou aqueles que as apresentam como radicais tentando minar a democracia”, diz o comunicado. “Pelo contrário, o Congresso criou uma Comissão Eleitoral, consistindo de cinco senadores, cinco deputados e cinco juízes do Supremo, para ponderá-las e resolver a disputa.”

Nenhum dos 11 parlamentares, no entanto, apresentam objeções ao resultado das disputas legislativas que os elegeram, usando as mesmas cédulas e sob a tutela das mesmas leis eleitorais da corrida presidencial.

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Os 11 se juntam ao senador Josh Hawley, do Missouri, que foi o primeiro a dizer que questionaria o resultado do Colégio Eleitoral na quarta-feira. Para que uma moção seja discutida, é necessário que ao menos um senador e um deputado apresentem objeções. Segundo a CNN, cerca de 140 deputados devem fazê-lo na quarta.

A manobra de Cruz é endossada pelos senadores Ron Johnson (Missouri), James Lankford (Oklahoma), Steve Daines (Montana), John Kennedy (Louisiana), Marsha Blackburn (Tennessee) e Mike Braun (Indiana). Também se juntaram a eles os senadores eleitos Cynthia Lummis (Wyoming), Roger Marshall (Kansas), Bill Hagerty (Tennessee) e Tommy Tuberville (Alabama).

A iniciativa não é relacionada ao processo movido no início da semana pelo deputado Louie Gohmert, do Texas, que tentava alterar as regras de certificação pelo Congresso, em uma tentativa de dar ao vice-presidente Mike Pence — que acumula a função de presidente do Senado — o poder de rejeitar o resultado em estados que deram a vitória a Biden. A ação foi rejeitada pela Justiça federal na sexta, após o próprio Pence contestar a validade da ação.

No entanto, ela volta a aumentar a pressão sobre Pence, que presidirá a sessã conjunta de quarta-feira e a quem, por lei, cabe proclamar o resultado da eleição presidencial. Biden teve 81 milhões de votos populares, 7 milhões a mais do que Trump. No Colégio Eleitoral, onde a eleição é decidida, teve 306 votos, contra 232 de Trump.

— Essa jogada não vai mudar o fato de que o presidente eleito Biden tomará posse em 20 de janeiro, e suas alegações infundadas ja foram descartadas pelo próprio secretário de Justiça de Trump, dezenas de tribunais e funcionários eleitorais dos dois partidos —  disse Michael Gwin, porta-voz da campanha democrata.

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