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O Diabo Não Está nos Detalhes. Combatendo a Tentação com Verdades Específicas.

O poder da tentação reside na impressão que ela causa em nós.

Esta afirmação é verdadeira em dois sentidos. Primeiro, o poder da tentação reside na impressão que ela causa em nós. Segundo, o poder da tentação nos lubridia na impressão que ela causa em nós.

Ao dizer que o poder da tentação reside na impressão que ela nos causa, me refiro ao momento exato da tentação, quando reconhecemos e sentimos o seu apelo sedutor. Mas as impressões enganosas apenas tem um apelo atraente na medida em que nós já temos uma disposição vulnerável a um desejo pecaminoso:

Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte. (Tiago 1.14-15)

O diabo não pode nos fazer pecar; ele só pode apelar para nossa propensão a desejar coisas pecaminosas. Então, em um momento de tentação, estamos lutando em duas frentes: necessitamos “resistir ao diabo” (Tg 4.7), e precisamos resistir a nossos desejos. É por isso que a maneira de fugir da tentação ao pecado é empregar a ela uma dose saudável de realismo e de publicidade verdadeira — não aceitando a impressão tentadora sem questionamentos. Em nossa luta, então, a clareza verdadeira é fundamental.

Impressionista Diabólico

O diabo não é um artista, mas sim um vândalo. Ele não cria; ele distorce, desfigura e deforma o que Deus faz. Mas se a tentação satânica fosse uma forma de arte, poderíamos chamá-la de algum tipo distorcido de Impressionismo .

Na pintura, o Impressionismo é uma abordagem em que o objetivo de um artista não é retratar seus objetos da forma mais realista possível, mas sim usar cores, iluminação e linhas menos definidas a fim de evocar certas sensações visuais e emocionais — impressões — em um observador. Pense na Ponte Sobre Lago de Nenúfares ou na Mulher com Sombrinha de Claude Monet. Pode ser um estilo poderoso e belo.

Mas quando aplicado à tentação, o “Impressionismo” diabólico se torna poderoso e terrível. O diabo não emprega o realismo ao pintar uma tentação “porque não há verdade nele” (João 8.44). Seu objetivo é usar os equivalentes espirituais de cor, iluminação e linhas menos definidas a fim de evocar certas sensações emocionais pecaminosas. O poder está na impressão emocional momentânea que ela faz no “espectador”. O diabo não quer que vejamos aquilo que é real; ele apenas quer que experimentemos uma vaga impressão de que ceder à tentação trará felicidade.

Publicitário Diabólico

Mas, uma vez que o diabo não é um artista, nós poderíamos fazer outra analogia que possa ser mais precisa e pensar nele como um publicitário do mal.

É claro que o Marketing, em si, não é mal. Em seu sentido mais básico, marketing é simplesmente levar um produto ao mercado. Pense em um mercado a céu aberto em que os comerciantes estão competindo por clientes e tentando tornar seus estandes, produtos e preços atraentes. Não há nada de errado nisso, desde que os comerciantes sejam verdadeiros sobre seus produtos.

No entanto, vivemos em uma era de marketing muito sofisticado, sendo que muito dele é manipulador e enganoso. Tais profissionais do marketing fazem um estudo diligente da psicologia humana para entender as sutilezas da motivação e do comportamento humanos. Em seguida, eles usam esse conhecimento para criar peças publicitárias destinadas a induzir as pessoas a comprarem seus produtos apelando para poderosos apetites e desejos humanos, e aspirações e fantasias, que muitas vezes não têm conexão necessária com os produtos em si. Eles usam a tática da tentação: criam impressões enganosas nas pessoas, a fim de manipular seu comportamento de maneiras que beneficiem os publicitários.

Isto é precisamente o que o diabo faz. E ninguém é um publicitário manipulador mais eficaz. Neste sentido, o poder está na impressão enganosa que a tentação tem sobre nós. O diabo não quer que façamos muitas perguntas sobre o verdadeiro produto-pecado, nem se ele pode (ou se já) forneceu a felicidade que promete. Ele só quer a impressão de que o pecado vai fornecer, a fim de explorar nossos fortes desejos pecaminosos e nos encorajar a sermos “compradores por impulso”.

Rota de Fuga

Explorando os desejos pecaminosos aos quais já estamos vulneráveis, o poder da tentação reside na impressão que ela causa em nós. Encontra-se em sua natureza sensorial imediata e atraente, e está em sua natureza potencialmente enganosa. Com certas cores, sob certa luz, e de uma maneira indefinida, nos dá a impressão de que tem o poder de nos fazer felizes. E de maneiras vagas, mas apresentadas com impacto, nos impressiona com promessas de nos fazer felizes.

E aqui está a promessa de Deus a nós a respeito de toda tentação:

Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar. (1Co 10.13)

Às vezes fugir é o melhor escape da tentação. Nós geralmente conhecemos as tentações com a quais não devemos sentar e argumentar no momento da tentação.

Mas muitas vezes a fuga não é uma opção, ou não é a melhor estratégia ou solução a longo prazo para tentações recorrentes. Em muitos casos, o escape que Deus nos dá é tratar Satanás e nosso pecado interior da mesma forma como tratamos qualquer outro deturpador do evangelho: “levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo,” (2Co 10.5). Num momento de tentação, isto normalmente nos levaria a empurrar a impressão atraente em direção à clareza da verdade. O que exatamente está sendo prometido a nós? O que Deus tem a dizer? E em quem desejamos confiar e por quê? Foi essencialmente assim que Jesus resistiu aos tentadores momentos de ilusão que Satanás colocou diante dele no deserto (Lc 4.1–13).

Aqui está o ponto: o diabo não quer que pensemos claramente no momento da tentação. Ele quer nos enganar com imagens vagas e com promessas vagas e convincentes, e obscurecer as consequências destrutivas do pecado por trás de uma agradável impressão de felicidade. Não devemos crer nesta impressão; não devemos comprar por impulso.

Mate a tentação com perguntas honestas o máximo que você puder. E fuja se for preciso.

Publicado originalmente em DesiringGod.org: https://www.desiringgod.org/articles/the-devil-is-not-in-the-details

Traduzido por Bruno Nunes.

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