sexta-feira, maio 17Notícias Importantes
Shadow

‘Não foi nessa eleição, mas a gente vai ganhar’, diz Boulos ao reconhecer derrota no 2° turno – G1

1 de 5
Boulos fala da sacada de sua casa, na Zona Sul de SP, após derrota no segundo turno — Foto: Marcelo Brandt/G1

Boulos fala da sacada de sua casa, na Zona Sul de SP, após derrota no segundo turno — Foto: Marcelo Brandt/G1

Guilherme Boulos, do PSOL, agradeceu na noite neste domingo (29) os votos que recebeu e reconheceu a vitória de seu adversário Bruno Covas (PSDB), que foi eleito à Prefeitura de São Paulo no segundo turno com 59,3% dos votos. Ainda durante o resultado parcial, Boulos ligou para o tucano para parabenizá-lo.

“Eu fiz essa saída para agradecer, de coração, a cada uma, a cada um que acreditou. A cada um, a cada uma que segue acreditando. A todos que semearam esperança, que semearam amor. A gente vai ganhar, a gente vai vencer. Não foi nessa eleição, mas a gente vai ganhar”, disse em breve discurso ao lado da esposa na varanda de sua casa.

Boulos está em isolamento no bairro do Campo Limpo, na Zona Sul, após ter sido diagnosticado na sexta-feira (27) com Covid-19. Mais tarde, ele fez um pronunciamento em suas redes sociais, no qual falou sobre esperança para o futuro e “início de um novo ciclo” nacional.

“Eu quero agradecer as mais de 2 milhões de pessoas que apostaram numa cidade mais justa e menos desigual, que hoje votaram 50 com muita esperança. O recado de mais de 40% da população de São Paulo é claro: dá para fazer política sem abrir mão dos nossos sonhos”, disse.

Boulos discursa em SP após derrota: ‘Não foi nessa eleição, mas a gente vai ganhar’

Boulos discursa em SP após derrota: ‘Não foi nessa eleição, mas a gente vai ganhar’

O candidato do PSOL agradeceu sua família, sua vice Luiza Erundina (PSOL) e equipe por uma campanha “de Davi contra Golias”. Ele também desejou sorte para Covas no próximo mandato.

“Eu quero cumprimentar o Bruno Covas e desejar que ele tenha sorte nos próximos quatro anos. E que acima de tudo governe a cidade sabendo que uma imensa parcela da sociedade quer mudança, quer que a periferia seja tirada do abandono, tenha vez e voz. O mandato que ele vai assumir não é um cheque em branco. Nós vamos fazer nosso papel de cobrar e fiscalizar.”

Boulos citou os apoios que recebeu no segundo turno dos candidatos derrotados Jilmar Tatto (PT), Orlando Silva (PCdoB) e Marina Helou (Rede), das militâncias dos partidos e também dos movimentos sociais.

O candidato também falou sobre os apoios nacionais de figuras como o ex-presidente Lula (PT), o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), a ex-senadora Marina Silva (Rede) e o governador do Maranhão Flávio Dino (PCdoB).

“Vou trabalhar, a partir de agora, para o que a gente conseguiu construir e unir aqui em São Paulo sirva de inspiração para o Brasil. Para ajudar a derrotar o atraso e o autoritarismo. Nessa campanha nós não construímos apenas uma onda de esperança para a eleição desse domingo. Nós construímos muito mais. Nós apontamos para o futuro”, afirmou.

Ele também mencionou o educador Paulo Freire. “Nós na vencemos essa eleição, mas ninguém perdeu a vontade de lutar por esse caminho pra gente seguir nos próximos anos. De ‘esperançar’, como dizia o mestre Paulo Freire. Hoje não é o fim de uma caminhada. É o começo.”

Boulos agradeceu os jovens, público em que tinha maioria dos votos de acordo com as pesquisas eleitorais. “A juventude está do nosso lado. A juventude quer mudança. Os jovens entenderam que a política pode sim ser um caminho capaz de mudar a vida das pessoas. E quando a juventude quer, quando os jovens se mobilizam, aí é só uma questão de tempo.”

Ele encerrou sua fala sinalizando para as próximas eleições. “Olhando para a história e para o futuro. Não tenho dúvida alguma de que, apesar de a gente não ter ganho essa eleição, a gente saiu vitorioso. É o início de um ciclo que se anuncia”.

Após o pronunciamento, Boulos foi até a porta de casa para receber uma encomenda enviada por um apoiador e leu para os jornalistas o bilhete que dizia que “o sonho não acabou”, fazendo referência ao doce de padaria.

2 de 5
Apoiadores de Guilherme Boulos (PSOL) lamentam resultado parcial da eleição em São Paulo na porta da casa do candidato, no bairro do Campo Limpo, Zona Sul da capital. — Foto: Marcelo Brandt/G1

Apoiadores de Guilherme Boulos (PSOL) lamentam resultado parcial da eleição em São Paulo na porta da casa do candidato, no bairro do Campo Limpo, Zona Sul da capital. — Foto: Marcelo Brandt/G1

3 de 5
Apoiadores de Guilherme Boulos (PSOL) se reúnem na porta da casa do candidato neste domingo (29) — Foto: Marcelo Brandt/G1

Apoiadores de Guilherme Boulos (PSOL) se reúnem na porta da casa do candidato neste domingo (29) — Foto: Marcelo Brandt/G1

No primeiro turno, Boulos disputou os votos da esquerda com Jilmar Tatto (PT), de quem depois recebeu apoio. O PT não apoiava um candidato de outra legenda no 2° turno desde 1988. Boulos também recebeu o apoio do PCdoB, PSTU, Rede, PDT e PSB. No entanto, Márcio França (PSB) declarou neutralidade.

Para tentar crescer, ele apostou na popularidade de sua vice. Ao fazer caminhadas na rua, o então candidato logo perguntava: “conhece a Erundina?”. Prefeita de São Paulo de 1989 a 1992 pelo PT, Erundina teve sua trajetória exibida na campanha eleitoral. A campanha citou as 150 mil casas populares, a construção de seis hospitais e empreendimentos como o Sambódromo do Anhembi e o Vale do Anhangabaú.

O horário eleitoral do psolista também contou com a participação de políticos que já foram adversários em outras eleições: Lula (PT), Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede). O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), também pediu votos para Boulos na TV.

4 de 5
Boulos agradece apoio de eleitores na noite deste domingo (29) — Foto: Marcelo Brandt/G1

Boulos agradece apoio de eleitores na noite deste domingo (29) — Foto: Marcelo Brandt/G1

A campanha do coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) recebeu ainda o apoio de artistas e celebridades como Wagner Moura, Caetano Veloso, Paulo Miklos, Camila Pitanga, Bruno Gagliasso, Fafá de Belém e o chef Olivier Anquier.

Com grande participação nas redes sociais, o financiamento coletivo e doações pela internet foram significativos na arrecadação de campanha de Guilherme Boulos. Até 13 de novembro, o valor arrecado por esta via era de R$ 757 mil – 20% do total.

Em meio à pandemia de Covid-19, a campanha eleitoral teve caminhadas, panfletagens e aglomerações. Boulos estava sempre de máscara, mas cumprimentou eleitores com apertos de mão, o que não é recomendado segundo as orientações de saúde.

Por fazer parte do grupo de risco para o coronavírus, Erundina, com 85 anos, não participou do corpo a corpo. A primeira aparição pública foi feita no final de outubro em um carro adaptado com uma proteção de acrílico, inspirada no “papamóvel”.

Na reta final da campanha, Boulos foi diagnosticado com a Covid-19, o que fez com que o debate que estava marcado para sexta-feira (27) na TV Globo fosse cancelado. Ele apresentou sintomas leves no sábado (28) e permanece em isolamento na sua casa.

Boulos diminuiu a diferença entre o adversário Bruno Covas nas últimas pesquisas de intenção de voto, mas seu crescimento não foi suficiente para derrotá-lo nas urnas.

5 de 5
Apoiadores de Guilherme Boulos (PSOL) aguardam resultado final da apuração em São Paulo na porta da casa do candidato, no bairro do Campo Limpo, Zona Sul de São Paulo. — Foto: Marcelo Brandt/G1

Apoiadores de Guilherme Boulos (PSOL) aguardam resultado final da apuração em São Paulo na porta da casa do candidato, no bairro do Campo Limpo, Zona Sul de São Paulo. — Foto: Marcelo Brandt/G1

Origem em movimento de moradia

Coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e membro da direção do movimento de esquerda “Frente Povo Sem Medo”, Guilherme Boulos tem 38 anos e nasceu em São Paulo. Filósofo, professor, ativista e psicanalista, graduou-se em filosofia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), onde ingressou em 2000.

Especializou-se em Psicologia Clínica pela PUC/SP e também é mestre em psiquiatria pela Faculdade de Medicina da USP. Boulos foi professor da rede pública de ensino do estado de São Paulo, da Faculdade de Mauá e da Escola de Educação Permanente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Em 2018, Boulos também concorreu à Presidência da República pelo PSOL e obteve 617 mil votos, ou 0,58% do total de válidos no primeiro turno.

VÍDEOS: Veja mais sobre o segundo turno

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

× Como posso te ajudar?