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“Nada é tão ruim que não possa piorar”, diz Bolsonaro sobre inflação e dólar – Valor Econômico

O presidente Jair Bolsonaro fez um discurso nesta segunda-feira para comemorar 1.000 dias de governo. Ele admitiu que o aumento nos preços dos combustíveis e da inflação. Disse que preferia a gasolina a R$ 4 ou menos e o dólar a R$ 4,50 ou menos. “Não é maldade da nossa parte, e a realidade.” Por outro lado, afirmou que “não há nada tão ruim que não possa piorar”.

Ele voltou a acenar com o fantasma dos governos de esquerda . “Se a facada fosse decisiva naquele momento, é só imaginar quem estaria no meu lugar, o perfil dessa pessoa e o alinhamento com outros países da América do Sul”, disse, referindo-se ao atentado que sofreu durante a campanha eleitoral de 2018, após citar a ruína econômica da Venezuela.

“O futuro do Brasil passa por quem vocês colocarem um dia para pilotar este país”, acrescentou, dizendo que os debates para 2022 foram antecipados.

Novamente mencionando a Venezuela, disse que a nação era “riquíssima” na década de 1990, o que não é verdade, e que o aconteceu com aquele país poderia acontecer com o Brasil. “Não pensem que certas coisas só acontecem com o vizinho ou com os outros. Infelizmente, essas coisas podem acontecer com cada um de nós. Quem diria nos anos 90 que a riquíssima Venezuela chegaria à situação que chegou? Assim acontece com outros países.”

“No Brasil, há milhares de pessoas melhores do que eu”, afirmou Bolsonaro. “Mas quis o destino que eu ocupasse essa cadeira em uma eleição atípica.”

Ele também disse que foi questionado por uma revista se trocaria o ministro da Economia, Paulo Guedes. Se fosse o caso, teria de ser por alguém diferente dele, ou seria “trocar seis por meia dúzia”, afirmou. “Em grande parte, o Auxílio Emergencial passou pelo coração do Paulo Guedes.”

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-Jair Bolsonaro — Foto: Foto: Marcos Corrêa/PR/Agência O Globo

-Jair Bolsonaro — Foto: Foto: Marcos Corrêa/PR/Agência O Globo

Ninguém trabalha sob pressão, mas “com observações”, disse o presidente, citando como exemplo uma conversa que teria tido com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, nesta segunda-feira, para discutir o que poderia ser feito para diminuir o preço dos combustíveis nos postos.

A conversa teve como objetivo entender onde está a responsabilidade pelo encarecimento dos combustíveis, afirmou. “Conversamos sobre o que podemos fazer para diminuir o preço na bomba. Nós temos que ter conhecimento sobre o que está acontecendo.”

Em diversos momentos de seu discurso, Bolsonaro reclamou do preço dos combustíveis. Disse que gostaria que o litro da gasolina estivesse custando R$ 4,00. Contou também ter recebido uma informação, não checada, de que o gás teria sido reajustado em 300% no Reino Unido.

Em outro momento, ele comentou que uma fala mal colocada sua pode mexer com a Bolsa e com o preço do dólar. E que, quando resolveu mudar o presidente da Petrobras, a empresa perdeu R$ 200 bilhões em valor de mercado e ele foi acusado de interferir na estatal. “Alguns acham que eu tenho poder de mexer as coisas dentro da Petrobras”, disse.

Bolsonaro também disse que as Forças Armadas estão sob seu comando, mas não devem cumprir “ordens absurdas” e precisam ser tratadas com respeito. “As Forças Armadas estão aqui. Ela está [sic] ao meu comando, sim, ao meu comando. Se eu der uma ordem absurda, elas vão cumprir? Não. Nem à minha [ordem absurda], nem a [de] governo nenhum. E as Forças Armadas têm que ser tratadas com respeito.”

Nesse ponto do discurso, Bolsonaro referia-se a medidas adotadas por governadores e prefeitos para conter o avanço da covid-19 – que, embora recomendadas por autoridades de saúde e adotadas com sucesso por quase todos os países do mundo, ele considera arbitrárias.

Por outro lado, a fala ocorre 20 dias após os atos de 7 de Setembro, usados pelo presidente para ameaçar promover uma ruptura institucional em meio a um conflito com o Supremo Tribunal Federal (STF). Por diversas vezes neste ano, Bolsonaro afirmou que as Forças Armadas são um “poder moderador” entre Executivo, Legislativo e Judiciário – uma interpretação distorcida da Constituição usada como ameaça velada aos ministros do STF.

No discurso, o presidente voltou a criticar a criação do Ministério da Defesa, que teve seu voto contrário em 1999, quando era deputado federal. Para Bolsonaro, a medida “foi uma pressão política para tirar os militares deste prédio”, o Palácio do Planalto.

Ele admitiu ainda ter nomeado mais militares do que os governos de Castello Branco a João Figueiredo, o primeiro e o último da ditadura militar (1964-1985). “É verdade, é meu círculo de amizade”, afirmou.

Ao defender a “liberdade”, Bolsonaro voltou a criticar a obrigatoriedade da vacinação contra a covid-19. “Não estou contra a vacina. Se estivesse contra, não teria assinado MP [medida provisória] ano passado destinando bilhões para comprar vacina”, disse. “Mas sou a favor da liberdade. A imunização não deve ser obrigatória”, afirmou.

Ele também se queixou de ser acusado de patrocinar atos antidemocráticos, afirmando que “ninguém, mais do que eu, respeita a liberdade”. “Imagina se outro cara estivesse aqui”, voltou a dizer, em referência ao petista Fernando Haddad, seu rival no segundo turno da eleição de 2018. “Haveria passaporte da vacina, porque seus assemelhados em outros países fizeram o mesmo. Eu prezo pela liberdade.”

Bolsonaro ainda reclamou de ataques que o governo tem sofrido. Comentou que surgem novas investigações e inquéritos que, segundo ele, no fim das contas não revelam nada. “Cada processo que a gente vê é simplesmente tráfico de influência de terceiros para derrubar o governo”, acusou.

Ele disse que o governo permanecerá, pois acredita que nem ele nem seus ministros não fizeram “nada de errado”, mas que, depois disso, seu futuro é incerto. “Vai disputar a eleição ou não?” Eu não vou entrar nessa guerra ainda.”

Se ficar “fora de combate”, não há ninguém de perfil semelhante na disputa eleitoral, afirmou. E o desfecho é previsível. “O que ocorreu durante 14 anos pode voltar”, disse, em referência aos governos petistas, que duraram pouco mais de 13 anos. “Pode ter certeza: não serão mais 14 anos, serão pelo menos 50.”

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