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Ministério cancelou em agosto compra de medicamentos do ‘kit entubação’, aponta Conselho de Saúde – G1

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Profissional de saúde trata paciente com Covid em UTI do Hospital São Paulo, em São Paulo, no dia 17 de março. — Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Profissional de saúde trata paciente com Covid em UTI do Hospital São Paulo, em São Paulo, no dia 17 de março. — Foto: Amanda Perobelli/Reuters

O Ministério da Saúde cancelou, em agosto de 2020, uma compra internacional de medicamentos para o chamado kit entubação, aponta um ofício do Conselho Nacional de Saúde (CNS).

Atualmente, com o agravamento da pandemia as reservas desses medicamentos estão no fim, e o governo passou a requisitar os estoques dos laboratórios como forma de suprir a demanda.

A recomendação 54 do CNS, de 20 de agosto do ano passado, faz referência ao cancelamento e menciona que a razão não foi explicada pelo Ministério da Saúde: “Considerando que em 12 de agosto de 2020 a operação Uruguai II, executada pelo Ministério da Saúde para aquisição de medicamentos do kit intubação foi cancelada, sem que seus motivos fossem esclarecidos”.

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Trecho de recomendação do Ministério da Saúde — Foto: Reprodução

Trecho de recomendação do Ministério da Saúde — Foto: Reprodução

Uruguai II é o nome da operação destinada à compra dos equipamentos. A Uruguai I comprou “54.867 unidades de medicamentos usados no auxílio da intubação de pacientes em UTI que se encontram em estado grave ou gravíssimo pela Covid-19”, segundo informações do site do Ministério da Saúde.

O CNS é um órgão colegiado ligado ao Ministério da Saúde. Ele acompanha, monitora e fiscaliza as políticas públicas de saúde.

No mesmo documento, o conselho sinalizava para um cenário de desabastecimento de medicamentos do kit intubação –justamente o cenário atual.

“Considerando que o desabastecimento desses medicamentos coloca em risco toda a estrutura planejada para o atendimento de saúde durante a pandemia do novo coronavírus, pois mesmo com leitos disponíveis, sem esses medicamentos não é possível realizar o procedimento, podendo levar todo o sistema de saúde ao colapso”, diz outro trecho do documento.

O ofício conclui pedindo ao Ministério da Saúde, entre outros órgãos, a agilidade na compra de medicamentos.

O Ministério da Saúde foi procurado pelo G1 e não se manifestou até a mais recente atualização desta reportagem.

Falta de estoques

Nesta sexta (19), a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) divulgou uma “carta aberta” na qual pede que o Ministério da Saúde tome medidas urgentes diante do risco de falta de medicamentos para entubação de pacientes com Covid-19 nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) no Brasil.

A Anahp disse ter realizado um levantamento em 18 de março junto aos seus associados e constatado que verificou a “clara a escassez de medicamentos essenciais”. A entidade listou seis medicamentos usados no procedimento de entubação, e três deles têm estoque médio de apenas quatro dias.

Faltam anestésicos e medicamentos para entubação de pacientes em Belo Horizonte

Faltam anestésicos e medicamentos para entubação de pacientes em Belo Horizonte

“Entendemos a preocupação do governo em garantir os insumos necessários para a atenção aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), mas a situação do setor privado também é bastante preocupante e, certamente, atingirá o seu ápice nos próximos dias.” – Anahp

A entidade aponta desorganização na aquisição dos medicamentos.

“Nos últimos dois dias, houve várias requisições, desorganizando a cadeia de suprimentos e privando hospitais dos recursos necessários já contratados para atender à crescente demanda de pacientes com a Covid-19”, escreveu a entidade.

Um exemplo desse pedido de estoque de remédios pelo governo federal é o feito ao laboratório Cristália, que tem unidades em nas regiões de Campinas (SP) e Piracicaba (SP). Nesta sexta-feira, a companhia recebeu uma requisição administrativa do Ministério da Saúde para entregar medicamentos usados em UTIs para entubação.

“O Cristália reitera seu compromisso de empreender todos os esforços possíveis na produção e fornecimento não apenas dos medicamentos utilizados no tratamento da Covid-19, mas também de drogas essenciais a pacientes de outras enfermidades, como câncer e HIV/Aids”, diz nota ao mencionar que ainda mantém compromisso com clientes, comunidade médica e com o país.

Na quarta-feira (17), o Ministério da Saúde informou que fez uma requisição administrativa de 665,5 mil medicamentos para entubação no período de 15 dias. De acordo com a pasta, a requisição não inclui o estoque já contratado previamente pelos estados e municípios junto aos fabricantes.

Anvisa busca fornecedores

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, órgão vinculado ao Ministério da Saúde, disse que busca novos fornecedores. Além disso, se comprometeu a divulgar “medidas regulatórias emergenciais para enfrentar a escassez de medicamentos para entubação e suporte ventilatório de pacientes graves”.

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