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Joe Biden é a aposta democrata para aproximar o eleitor da imagem de um cidadão comum – G1

Joe Biden é a aposta democrata para aproximar o eleitor da imagem de um cidadão comum

Joe Biden é a aposta democrata para aproximar o eleitor da imagem de um cidadão comum

A trajetória do candidato do Partido Democrata você revê na reportagem especial do Felipe Santana e do Lucas Louis.

Foi ao lado da cama do filho no hospital que ele tomou posse como senador. A primeira grande conquista e a primeira grande tragédia da vida de Joe Biden.

“Essa é a casa de infância do próximo presidente Joe Biden”. É o que diz a placa na frente da casa em Scranton, na Pensilvânia, onde Biden morou até os dez anos de idade. Depois disso, o pai dele perdeu o emprego e eles se mudaram para o estado vizinho, Delaware.

O jornalista Evan Osnos escreveu um livro sobre o candidato democrata: “O fato de ser gago moldou a personalidade de Biden porque, desde muito cedo, ele soube como é ser vulnerável e ter que trabalhar duro para superar obstáculos”.

Quando adolescente, ele conseguiu um emprego como salva vidas em uma piscina, que hoje leva o nome dele. E o fato dessa experiência ter sido no bairro moldaria a trajetória política de Joe Biden desde o primeiro cargo. Como vereador, ele batalhou para dar para os negros oportunidades de moradia como as que os brancos tinham. Uma moradora diz: “Ele não é falso, tem valores, foi assim que ele cresceu”.

Biden estudou História e Ciência Política na inexpressiva Universidade de Delaware e, depois, se formou em Direito pela também inexpressiva Universidade de Syracuse. Aos 24, se casou com Neilia Hunter, com quem teve três os filhos. Aos 29, foi eleito um dos senadores mais novos da história.

Um mês depois, a mulher e os filhos sofreram um acidente de carro. Ela é a filha de apenas um ano morreram. Com ele, ficaram os filhos Hunter e Beau.

Joe Biden se tornou, ao mesmo tempo, senador e pai solteiro. Para conseguir conciliar esses dois cargos tão importantes, ele continuou morando em Delaware e pegava todos os dias um trem em direção à capital Washington para trabalhar. São cerca de duas horas de viagem. Aí, no fim do expediente, ele pegava o mesmo trem de volta a tempo de colocar as crianças na cama. “A gente pode arranjar um novo senador, mas eles não podem arranjar um outro pai”, afirmou Joe Biden.

Em Washington, Biden trabalhou por 47 anos, um político profissional. Foi na capital que o menino gago aprendeu a conversar com todo mundo. Ele era conhecido por transitar dos dois lados do Senado. “Ele se sentava atrás de mim no Senado, então eu tive muito Joe Biden no meu ouvido por muito tempo”, conta o ex-senador Byron Dorgan, que foi colega de Biden por 16 anos.

“Minha filha faleceu depois de uma cirurgia no coração. Eu fiquei arrasado. Uma noite, estava sentado sozinho no Senado, pensando se valia a pena continuar. Aí eu senti uma mão no meu ombro e era Joe Biden. Ele disse: ‘Eu sei o que você está sentindo’. Foi um momento que eu nunca esqueci, que mostra a capacidade de empatia dele”, lembra Dorgan.

O professor de Políticas Públicas da Universidade Georgetown, Mark Rom, explica: “O Senado é um esforço colaborativo. Ele teve algumas conquistas, mas não existe legislação que tenha marcado o nome dele”.

Aos 34, se casou com Jill Biden, com quem tem uma filha, Ashley. Ele tentou ser candidato à presidência na eleição de 1988. Mas desistiu porque plagiou um discurso.

Em 2008, tentou de novo. Mas, no mesmo dia em que assinava a papelada da candidatura, disse ao jornal “New York Observer”: “Você tem o primeiro afro-americano popular, articulado, brilhante, limpo e bonito. Quer dizer, isso é história para um livro”. “Biden ama falar e nem sempre pensa no que fala”, afirma Mark Rom.

Barack Obama ganhou a indicação do partido. Mas Biden ganhou a indicação de Obama para vice. “Joe Biden, você foi a primeira decisão que tomei e foi a melhor. Por oito anos, Joe era o último homem na sala em qualquer momento que eu tivesse que tomar uma grande decisão”, conta Obama.

Em maio de 2011, Biden também foi o último homem na sala. E deu o último conselho quando Obama tinha que tomar uma decisão: se dava “ok” para a operação que levaria à morte do terrorista Osama Bin Laden no Paquistão. Biden disse: “Senhor presidente, minha sugestão é: não faça”. Mas Obama foi em frente e o momento foi celebrado como um dos mais importantes do governo.

Sete mulheres acusaram Biden de tocá-las de forma inapropriada. Em 2019, ele se desculpou. Disse que prestaria mais atenção. Em março, a ex-assessora Tara Reed acusou Biden de tê-la colocado contra a parede e posto a mão por baixo do vestido dela em 1993. Biden nega.

E a oposição se volta agora para o filho de Biden. Quando o pai era vice e comandava ações anticorrupção na Ucrânia, Hunter entrou para o conselho de uma empresa de gás ucraniana.

“É difícil imaginar que ele estivesse qualificado para esse emprego. Me parece o típico caso de filho que tira vantagem das conexões familiares para ganhar um monte de dinheiro”, afirma o professor Mark Rom.

Hunter não era o filho que estava ao lado do pai no juramento. O menino da cama, Beau Biden, virou procurador federal e morreu em 2015, com câncer no cérebro.

Joe Biden é a aposta do Partido Democrata para aproximar o eleitor da imagem de um cidadão comum, previsível, resiliente, que pretende baixar a poeira do caos. Joe Biden não é um superstar como Obama ou Clinton, ele promete chamar pouco a atenção, desfazer o reality show e transformar a política em política – de novo.

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