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França chama de volta embaixador na Turquia após comentário de Erdogan sobre Macron – O Globo

PARIS —  A França chamou de volta seu embaixador na Turquia neste sábado, depois que o presidente turco, Tayyip Erdogan, disse que seu homólogo francês, Emmanuel Macron, precisa de “tratamento mental” por causa de sua atitude em relação aos muçulmanos e ao Islã, informou o gabinete de Macron.

As relações entre França e Turquia, ambos membros da Otan, se agravaram nos últimos meses por suas divergências nos conflitos no Mediterrâneo Oriental, Líbia, Síria e mais recentemente na guerra entre Azerbaijão e Armênia pela disputada região de Nagorno-Karabakh.

“Os comentários do presidente Erdogan são inaceitáveis. O ultraje e o insulto não são método”, disse o gabinete de Macron em comunicado.

Fontes do Eliseu também anunciaram que chamaram o embaixador da França em Ancara para consultas.

— As palavras do presidente Erdogan são inaceitáveis. O excesso e a grosseria não são um método. Exigimos que Erdogan mude o curso de sua política, porque é perigosa de todos os pontos de vista. Não entramos em polêmicas inúteis e não aceitamos os insultos —  disse a presidência francesa à AFP.

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Erdogan afirmou neste sábado que Macron precisa de “um exame de saúde mental” pelas medidas em relação à comunidade muçulmana do governo francês, que prepara uma lei contra o separatismo islâmico.

— O que se pode dizer de um chefe de Estado que trata desta maneira milhões de membros de diferentes grupos religiosos: antes de mais nada, faça um exame de saúde mental —  afirmou Erdogan em um discurso televisionado.

A presidência francesa criticou também “a ausência de mensagens de luto e de apoio do presidente turco após o assassinato de Samuel Paty”, o professor francês decapitado em 16 de outubro por ter mostrado as caricaturas de Maomé em aula.

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Além disso, expressou sua frustração pelas “declarações muito ofensivas (de Erdogan) nos últimos dias, especialmente seu pedido para fazer um boicote aos produtos franceses”.

O Eliseu voltou a exigir neste sábado  “que a Turquia abandone suas aventuras perigosas no Mediterrâneo e na região” e denunciou seu  “comportamento irresponsável” no conflito  Nagorno Karabakh.

— Haverá novas exigências. Erdogan tem dois meses para responder. Deverá adotar medidas até o fim do ano —acrescentaram as fontes da presidência francesa sobre as tensões entre Grécia e Turquia no Mediterrâneo Oriental.

Boicote

O pedido de boicote aos produtos franceses ecoou neste sábado em vários países do Oriente Médio. No Catar, os supermercados Al Meera e Suq al Baladi anunciaram que vão “retirar” produtos franceses de suas lojas.

Um correspondente da AFP viu funcionários em uma das lojas da Al Mera removendo potes de geleia da marca St. Dalfour de suas prateleiras.

Internautas do Kuwait compartilharam imagens de queijos Kiri e Babybel sendo retirados de algumas lojas nas redes sociais.

— Retiramos todos os produtos franceses, ou seja, queijos, cremes e outros produtos cosméticos e os substituímos por marcas do Kuwait — explicou à AFP o vice-presidente da Federação das Cooperativas do Kuwait, informando que 60 grandes distribuidoras anunciaram um boicote aos produtos franceses.

Os países do Golfo, principalmente Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, representam um dos mais importantes mercados para as exportações da indústria agroalimentar francesa.

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