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Facção paulista fazia cadastro de novos integrantes por aplicativo e pressionava por recrutamento em presídios do RJ, aponta PF

Em conversa com um homem de apelido “Coreia”, que conta que está escondido na favela Vila Aliança, em Bangu, Barone pergunta se a comunidade é comandada pelo TCP. Em seguida, dá instruções: pergunta “o que está faltando” e incentiva “Coreia”:

São citados, em conversas diferentes, favelas o complexo da Pedreira, em Costa Barros, na Zona Norte do Rio; a favela de Acari, também na Zona Norte; Dendê, na Ilha do Governador; Serrinha, em Madureira; e também o município de Angra dos Reis.

Um membro, conhecido como Coreia, ao ser perguntado onde teria contatos para firmar alianças com facções cariocas, diz:

“…Vou arrumar comprador dentro do Dendê, dentro do Acari, Serrinha, Vila Aliança, Angra Dos Reis….onde tiver vou arrumar comprador”

O complexo da Pedreira, dominado pelo TCP, é citado em uma conversa na qual um integrante do grupo, conhecido como “Diadema”, conversa com uma mulher não identificada sobre a venda de 20 munições de fuzil AR-15 e um pente.

“…. Aí ele tá assim, o negócio tá onde? Eu falei, ó, está lá no Complexo da Pedreira, nos amigos lá. Aí ele falou, você não quer passar para mim não? O que dá para nós fazer? ”, diz ele.

Estado de origem

Há membros da facção criminosa que atuam no Rio mas estão presos ou moram em São Paulo, estado de origem do grupo.

Um deles é Joaquim Bernardo dos Santos Neto, conhecido como “Joka”. Ele atua como auxiliar de outra investigada, Tatiana do Carmo Machado, a Libriana, no cadastro dos novos membros da facção. Mesmo preso na Penitenciária ASP Lindolfo Terçariol Filho, em Mirandópolis, São Paulo, é membro do grupo no Rio de Janeiro.

Em conversa com Luciano Iatauro, conhecido como “Da Leste” e apontado pela Policia Federal como líder do grupo no Rio, “Joka” é perguntado se pode ajudar no cadastro de um membro, conhecido como “Abadia”, então preso em Bangu 4.

““… Preciso que você faz uma caminhada ai, mano. Pegar uns OK ali do cadastro, do cadastreiro dos estados e países, mano. E do apoio do resumo e do resumo também do cadastro. Entendeu, mano? Pra gente tá fazendo o cadastramento do nosso irmão Abadia geral do Estado, falou mano? A gente não consegue pegar ele na linha, passa pros irmão. Que é só no aplicativo lá. Então a gente já ta passando pegando os OK das hierarquias ai acima da gente aí. Pra meter marcha na condução lá do irmão, que a gente tá precisando do irmão urgente aí na Geral do estado. Entendeu mano? Lá em Bangú 4….”

Em conversa com Julio de Almeida Silva, o “Gordão”, que também mora em São Paulo, “Joka” pede, no dia 23 de setembro de 2019, indicações de confiança para atuarem como “olheiro” e “vapor” nas “lojas” (como são chamadas as bocas de fumo) da facção.

“G: Um é pra trabalhar de vapor e outro de olheiro, né?

Joka: Vão trabalhar junto os dois, irmão. As vezes é quase um pai de família, topa tudo, quase parceiro. C*&@lho, irmão. O cara vai fazer o que eu preciso, entendeu? Os moleque é pra bater mesmo. Trabalha no dia a dia comigo.”

Em outras ligações, “Joka” discute com outro membro, conhecido como Espanhol, sobre um assalto que uma parente de integrante da facção, “Lorenzo”, sofreu ao chegar em casa. O assalto terminou com o carro e o dinheiro de Lorenzo roubados.

Após alguns dias, uma nova ligação, entre “Joka” e “Libriana”, revela que um dos autores do assalto já estaria “nas mãos” dos integrantes do grupo criminoso.

“Passei tudo certinho pro irmão lá, deixei a ciência lá resumida, em cima do Pedro lá do pessoal do nosso irmão, que inclusive um do moleques já tá na mão, creio eu que o irmão vai querer encostar lá, qualquer coisa vou lá dá um apoio”

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