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Existe a Palavra Trindade na Bíblia?

Não existe a palavra Trindade na Bíblia. Mas isso não significa que a doutrina da Trindade não seja uma doutrina bíblica e que, portanto, devemos negá-la. Não podemos encontrar a palavra Trindade na Bíblia simplesmente porque ela foi inventada num período posterior aos tempos em que os livros da Bíblia foram escritos. Além disso, Trindade é uma palavra latina, enquanto que os textos bíblicos foram escritos em hebraico e grego – com exceção de alguns trechos que foram escritos em aramaico.

Mas a palavra Trindade não foi inventada com o objetivo de introduzir uma nova doutrina ou adicionar novas informações nos textos originais da Bíblia. Mas ela foi inventada para simplesmente designar uma doutrina bíblia e expressar informações que já estavam presentes muito claramente nos textos originais da Bíblia. O primeiro a usar essa palavra foi Tertuliano.

A palavra Trindade quer dizer basicamente “três que é um”. Portanto, a palavra Trindade se refere à verdade Bíblica incontestável acerca da natureza de Deus que ensina que o único Deus subsiste em três pessoas igualmente divinas: Pai, Filho e Espírito (Mateus 28:19; cf. Gênesis 11:7; 19:24; Isaías 6:8; 48:16; 59:20,21; 63:9-10; Oséias 1:7; Mateus 3:16,17; João 1:3; 5:7; 6:27 10:30; Atos 5:3,4; 2 Coríntios 13:13; 1 Pedro 1:2).

Não existe a palavra Trindade na Bíblia, mas a Trindade é Bíblica

Algumas pessoas argumentam que há uma contradição entre a verdade bíblica de que só um Deus verdadeiro e a doutrina da Trindade. Sim, a Bíblia diz claramente que só há um Deus (Deuteronômio 4:39; Isaías 43:10; Isaías 45:18).

Um dos textos mais claros nesse sentido é aquele que ficou conhecido como a declaração de fé dos judeus, o Shemá: “Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR (Deuteronômio 6:4).

Porém, é interessante saber que o termo que é geralmente utilizado no Antigo Testamento e traduzido como “um” ou “único” – inclusive no Shemá – é o hebraico echad. Mas essa palavra pode ser aplicada para se referir a uma unidade formada por mais de uma pessoa (cf. Gênesis 2:24; Esdras 3:1).

Isso significa que dizer que Deus é um, não implica em numa contradição à doutrina da Trindade. Isso porque a doutrina da Trindade jamais afirma que existem três Deuses; ao contrário, a doutrina da Trindade afirma que há apenas um Deus que subsiste em três pessoas. Sim, são três pessoas distintas, mas Um em essência. Nossa mente limitada não é capaz de explicar como isso pode ser possível. Mas não é porque não conseguimos compreender a natureza de Deus em toda sua plenitude que temos o direito de negar uma verdade que está claramente revelada na Escritura.

Geralmente os grupos contrários à doutrina da Santíssima Trindade também acusam os crentes que creem na Trindade de introduzir na teologia cristã princípios influenciados pelo paganismo da filosofia grega. Um dos principais grupos nesse sentido é o Arianismo – que nega a divindade de Cristo ao afirmar que Cristo é uma criatura de Deus.

No entanto, não há nada de verdadeiro nisso. Fazendo uma análise correta, a teoria que se mostra influenciada por elementos pagãos é o próprio Arianismo, pois considera válida a adoração a um ser que, segundo defendia os arianos, não era verdadeiramente Deus. Lembrando que esse tipo de teoria ainda está presente alguns círculos religiosos na atualidade.

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Como a Trindade pode estar correta se a Bíblia fala de Cristo sendo gerado?

No Salmo 2, por exemplo, lemos: “O SENHOR me disse: Tu és meu Filho; eu hoje te gerei” (Salmo 2:7). Esse é reconhecidamente um salmo messiânico. Isso quer dizer que, em última análise, essa frase registra um diálogo entre Deus o Pai e Deus o Filho. Mas a questão é que nessa frase Deus o Pai diz que gerou o Filho.

Há ainda outras passagens da Bíblia que enfatizam a relação filial entre o Filho e o Pai. Então os críticos da doutrina da Trindade – especialmente os arianos – frequentemente citam as passagens bíblicas que dizem que Cristo é o Filho Unigênito de Deus, o Primogênito de toda a criação e Aquele que foi gerado do Pai, para supostamente refutarem a doutrina da Trindade (João 1:14; 3:16,18; Colossenses 1:15; Hebreus 1:5-8; 1 João 4:9).

Mas novamente esses argumentos não se sustentam de forma alguma! Embora palavras como: “unigênito”, “gerado” e “primogênito”, refiram-se na experiência humana ao ato de uma criança ser concebida, não é essa a única aplicação bíblica possível de tais palavras.

A palavra “unigênito”, por exemplo, vem do grego monogenes, que por sua vez deriva de mono, “único”, e genos, “classe” ou “espécie” – e não de gennao, que significa “gerar”. Então quando a Bíblia diz que Cristo é o Unigênito do Pai, isso significa que Ele é o Filho singular, ou seja, é uma afirmação da posição única de Cristo como Filho de Deus.

Em Hebreus 11:17, o autor bíblico aplica o termo grego monogenes com esse mesmo sentido para falar de Isaque. Ele diz que Isaque era o unigênito de Abraão, mas sabemos que Abraão teve outros filhos. Portanto, a intenção do autor bíblico é destacar o caráter único da condição de Isaque como herdeiro da promessa de Deus a Abraão.

E o que podemos dizer da palavra “primogênito”? Quando aplicada a Cristo, essa palavra não significa que Ele foi criado, concebido ou trazido à existência pelo Pai em algum momento. Wayne Grudem explica que essa palavra é mais bem entendida quando se pensa que Cristo tem os direitos e privilégios de um primogênito. De acordo com os usos e costumes bíblicos, o primogênito recebia o direito de liderança e de autoridade na família onde era gerado.

Em Hebreus 12:16 o escritor bíblico diz que Esaú vendeu seu “direito de primogenitura”. A palavra “primogenitura ” traduz o grego prototokia. Esse termo é cognato do termo prototokos que aparece em Colossenses 1:15 referindo-se a Cristo.

Dessa forma, quando em Colossenses 1:15 lemos que Cristo é o “primogênito de toda a criação”, isso significa que Ele tem os privilégios de autoridade e de governo; os privilégios pertencentes ao primogênito, mas com respeito à totalidade da criação. Por isso que algumas traduções mais modernas ao invés de aplicar a palavra “primogênito” diz simplesmente que Cristo é Aquele que tem a prioridade sobre todas as coisas que foram criadas (Manual da Teologia Sistemática).

Por fim, as passagens bíblicas que dizem que Jesus foi gerado não ensinam que Ele teve um início de existência, mas enfatizam sua exaltação, coroação e glorificação em conexão com a obra da redenção, após morrer e ser ressuscitado. Isso fica muito claro na pregação do apóstolo Paulo: “Nós lhes anunciamos as boas novas: o que Deus prometeu a nossos antepassados Ele cumpriu para nós, seus filhos, ressuscitando Jesus, como está escrito no Salmo segundo: Tu és meu filho; hoje te gerei” (Atos 13:32-33; cf. Romanos 1:2-4).

Perceba que Paulo interpretou o Salmo 2 – que já citamos aqui – não em referência a uma suposta origem do Filho, mas em referência à Sua ressurreição e exaltação. Então esse versículo não pode ser usado para contestar a divindade do Filho e, consequentemente, refutar a doutrina da Trindade. Portanto, de fato não existe a palavra Trindade na Bíblia, mas a doutrina da qual essa palavra diz respeito está claramente registrada nela e é incontestável.

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