Na época em que estudava na Universidade, lembro de que escolhi, na disciplina de psicologia, um tema que falava sobre a adolescência. Fiz uma pesquisa caprichada e acabei levando dez. Achei que sabia muita coisa sobre essa fase. Dei pitacos em conversas ao redor da mesa, julguei comportamentos e até chamei alguns para uma conversa franca. Agora, as coisas começam a sair do papel e não são como eu li nos livros da faculdade.
Minha filha primogênita completa 12 anos. Dizem que esta data marca o início de uma nova fase. Não acredito muito nisso, nessa tal de adolescência. Eu acredito na maternidade comprometida desde o nascimento até o momento da maturidade completa, quando filhos deixam o lar para formarem os seus próprios. Eu entendo que minha filha é a mesma Letícia de quando era bebê: frágil, dependente, bela e vibrante, totalmente capaz de cometer erros, como também de fazer escolhas sábias. Ela precisa de mim como precisava quando era pequena. Sei que, tal como na infância, haverá momentos desafiadores, momentos de temor, momentos de feridas não no corpo, mas na alma. Sei que ela vai, algumas vezes, achar que sabe mais, que entende mais do que eu e do que seu pai. Quando ela era criança, pensou assim também, mas passou. Ela aprendeu caindo, controlou-se quando sentiu a dor.
Querida,
Você está crescendo e às vezes me pego procurando a bebezinha que cabia no meu peito. Acho estranha sua perna comprida e me espanto com o número do seu sapato. Cadê você e aqueles tempos “trabalhosos”? Cadê as birras na hora de comer e as bonecas espalhadas pelo chão? Não, eu não mais tenho que arrumar o seu quarto bagunçado e até me alivia saber que não precisarei juntar cada peça do quebra-cabeça. Esse tempo passou, mas meu compromisso com você continua. Esse caminho continuará a exigir de mim total atenção e zelo para que não caia em precipícios. Eu sei, minha presença não é garantia total de boas escolhas, mas é a certeza de que Deus me vê e registra cada palavra e ação praticada para o bem e segurança futura de sua alma.
Meu amor, mamãe está aqui. Estou acompanhando cada passo seu, assim como fiz na infância. Não, eu não vou sair. Não vou me dedicar a projetos pessoais enquanto você enfrenta seus medos sozinha. Deus me deu você e eu só vou lhe deixar quando a minha missão terminar. Ainda que muitos ao meu redor digam que você não precisa mais de mim, sei que Deus me chamou para atravessar todo o caminho com você.
Os vislumbres desse tempo estão tornando-se uma imagem completa e o que tenho a dizer é que a maternidade não termina aos 10 anos, não. Eu não estarei “livre” para me dedicar a projetos pessoais porque agora você sabe andar com os próprios pés. Pelo contrário, o espetáculo está só começando. Sua infância foi só um ensaio, nos bastidores, e, sabe, dá um frio na barriga contemplar o palco como deu quando na primeira vez toquei em público.
A segurança que temos é que Deus é fiel e que nossas imperfeições serão alcançadas pelas Suas misericórdias se de coração obedecer o chamado de ser a mãe que Ele quer que eu seja.
Que Deus nos ajude a atravessar esse novo tempo com fé.
Parabéns, filha. Você é linda pra mim, para papai e mais ainda para Deus. Ele lhe ama, muito mais do que eu. Chame Ele pra perto, mais do que a mim. Converse muito com Ele, acredite no Seu amor. Ele nunca vai lhe decepcionar.