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Em delação, ex-secretário de Saúde do RJ apontou acordo de Witzel com prefeito de Caxias envolvendo R$ 100 milhões

A Procuradoria-Geral da República (PGR) chegou a pedir um mandado de busca e apreensão contra os dois, mas o pedido não foi concedido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Em delação premiada, o ex-secretário de saúde do RJ, Edmar Santos, afirmou que o governador Wilson Witzel fez acordo direto com o prefeito de Caxias para o repasse de R$ 100 milhões por meio da sistemática de transferências fundo a fundo, ou seja, entre o fundo estadual e o fundo municipal de Saúde.

Em julho, reportagem do RJ2 mostrou que, só em 2020, o fundo municipal de Saúde de Caxias recebeu mais de R$ 41 milhões do estado, relacionado a dívidas dos anos anteriores – valor superior ao repasso para as prefeituras da própria capital e de São Gonçalo, na Região Metropolitana, que têm populações maiores que a cidade da Baixada.

Segundo o MPF, Edmar Santos deu ainda outros exemplos da relação suspeita entre o governo de Witzel e a Prefeitura de Caxias. O ex-secretário disse que foi informado, em novembro do ano passado, por Edson Torres, operador financeiro do Pastor Everaldo, de que deveriam ser repassados R$ 50 milhões ao município de Caxias a pedido do governador em atenção a um acordo dele com o prefeito Washington Reis.

Santos afirmou ainda que, em uma reunião realizada em dezembro, Witzel pediu que os R$ 50 milhões restantes fossem repassados a Caxias e que esse pedido deixou claro para ele que o governador estava ciente das ações de Edson Torres.

O ex-secretário narrou ainda aos procuradores que, apesar da determinação do governador, esse recurso não foi repassado de imediato por um pedido de Edson Torres, porque o município não teria honrado compromissos de pagamento de vantagens indevidas ao grupo.

Por isso, segundo Edmar, o deputado estadual Rosenverg Reis, irmão do prefeito, teria começado a lhe fazer cobranças. Destacou que, quando os representantes do governo de Caxias decidiram pagar ao grupo de Edson Torres pediram que os valores fossem buscados junto ao empresário Mário Peixoto, o que demonstraria que havia uma ligação muito estreita entre o município e seus representantes.

Santos ressaltou, também, que a situação isso agravou ainda mais as tensões entre os grupos de Mario Peixoto e do Pastor Everaldo.

Após exibição da reportagem, o prefeito Washington Reis negou que a Polícia Federal tenha cumprido mandados de busca e apreensão contra ele. Já a corporação afirmou que todos os 83 mandados expedidos pelo STJ foram cumpridos.

Rosenverg Reis disse que “não sofreu buscas e apreensão nem no gabinete, nem em sua residência”. “O deputado sempre se dedicou a buscar recursos para o município de Duque de Caxias, principalmente para a área da Saúde, cujos hospitais atendem moradores de outras cidades da Baixada e do Grande Rio. Lamenta ver essa tentativa de criminalização, e vai continuar cumprindo seu compromisso de buscar ajuda para suprir as necessidades da população”, diz a nota.

Mais de meio milhão de reais em propina

O governador Wilson Witzel e a primeira-dama, Helena Witzel, foram denunciados quatro vezes cada um pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Os procuradores afirmam que contratos com o escritório de advocacia da primeira-dama serviriam para ocultar o pagamento de propinas ao governador. Segundo o MPF, em dez meses, o escritório recebeu mais de R$ 554 mil por serviços nunca prestados.

O dinheiro partiu de quatro empresas ligadas a fornecedores do estado que teriam sido beneficiadas pelo governador.

Segundo os procuradores, foi possível detectar que Wilson Witzel recebeu R$ 74 mil diretamente do escritório da esposa.

As quatro empresas seriam ligadas ao empresário Mario Peixoto e ao ex-prefeito de Volta Redonda e amigo do governador, Gothardo Neto. Os dois estão presos.

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