Rua Teresa foi limpa, mas comércio ainda tenta se recuperar — Foto: Marcos Serra Lima/g1
Nesta terça-feira (15), se completa um mês da tragédia das chuvas que atingiram Petrópolis e deixaram mais de 200 mortos. O g1 voltou a 10 locais fotografados – e devastados – durante a cobertura da tragédia e, dos mesmos pontos, fez novos registros que revelam a tentativa de reconstrução da cidade.
Rua Teresa
Uma das imagens mais impactantes da tragédia foi registrada na Rua Teresa, importante polo comercial de Petrópolis, na altura do número 1.114. A força das águas e dos escombros que desceram do Morro 24 de Maio inundou um posto de gasolina e arrastou bombas de combustível, carros e tudo mais que havia pela frente. Agora, o local está limpo e livre ao trânsito.
— Foto: Marcos Serra Lima/g1
— Foto: Marcos Serra Lima/g1
O posto segue sem funcionar, e o comércio local tenta retomar suas atividades aos poucos, mas o movimento ainda é fraco.
Alguns comerciantes fecharam as portas, e outros ainda seguem inseguros para funcionar, como é o caso da oficina mecânica Tech Motors, que fica em frente a um ponto de deslizamento em que há pedras soltas, mas que não recebeu nenhum laudo de segurança ou não da Defesa Civil (veja o trecho no gif abaixo).
“Toda vez que chove, como aconteceu na semana passada, a gente fica tenso porque não sabe se vai descer mais coisa e pode atingir a oficina, não sabe se tira os carros dos clientes ou se sai correndo. Por enquanto, não tem segurança para ficar aqui. Está todo mundo traumatizado”, conta o dono do local, Jonatan Ramos, de 33 anos, que pensa em se mudar.
— Foto: Marcos Serra Lima/g1
Servidão Honorato da Silva Pereira e Rua 24 de Maio
Outros dois pontos de deslizamentos e que contribuíram para a situação da Rua Teresa foram na Rua 24 de Maio e a Servidão Honorato da Silva Pereira. Segundo moradores, o trabalho de remoção do entulho e liberação começou somente no início de março.
A prefeitura confirmou a demora e justificou a situação por causa da grande quantidade de detritos que atingiram a via, para a qual convergiram cinco deslizamentos de terra procedentes da área da Rua Nova, que fica no bairro 24 de Maio.
Servidão Honorato — Foto: Marcos Serra Lima/g1
Rua 24 de Maio — Foto: Marcos Serra Lima/g1
Alto da Serra/Academia New Life
O ponto do bairro Alto da Serra, onde ficava a academia New Life, ainda estava com lama até a última sexta-feira (11). O local, destruído por uma avalanche de destroços que quebrou os vidros e invadiu o imóvel no alto, ainda passa por limpeza feita por agentes da Companhia de Desenvolvimento de Petrópolis (Comdep).
Alto da Serra — Foto: Marcos Serra Lima/g1
Morro da Oficina
Um dos pontos mais atingidos pelas chuvas, o Morro da Oficina – de onde foram retirados 94 corpos das 233 vítimas já identificadas –, segue com os trabalhos limitados. É que a busca por uma vítima ainda acontece no lugar, mesmo com a família dizendo que Lucas Rufino já foi resgatado e que seu corpo desapareceu no IML.
Enquanto a situação não se define, o local recebeu limpeza de escombros, e a Defesa Civil destruiu rochas de mais de 110 toneladas com reação exotérmica – de baixo impacto.
Moradores de pontos que não foram afetados da localidade receberam novas ligações de água, da Águas do Imperador, e de luz.
Defesa Civil deve recomendar demolição de imóveis
A Prefeitura de Petrópolis diz que pretende fazer avaliação rigorosa para traçar um plano de intervenção no local. Com base em estudos, a Defesa Civil deverá classificar partes do Morro da Oficina como de interdição permanente e recomendar, em áreas de risco remanescentes, a demolição de imóveis em lugares onde não houver condições para a realização de obras de contenção de encostas.
Morro da Oficina — Foto: Marcos Serra Lima/g1
Morro da Oficina — Foto: Marcos Serra Lima/g1
Aterro do Rocio recebeu 110 mil toneladas de escombros
Outra paisagem que sofreu os impactos da chuva, apesar de não ter sido alvo direto dela, é o aterro que se formou à margens da BR-040, no bairro Rocio.
O local, que passou a receber os escombros da tragédia, foi bastante modificado, com derrubada de árvores para dar lugar ao despejo, que segue acontecendo. No auge da limpeza dos pontos atingidos pelas chuvas, o local chegava a receber uma média de 400 caminhões por dia.
Segundo a Prefeitura de Petrópolis, 110 mil toneladas de detritos foram retirados das vias públicas.
Apesar da mudança no local, a prefeitura afirma que o descarte está em consonância com os órgãos ambientais, como o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ).
Antes e depois: aterro sanitário — Foto: Marcos Serra Lima