Allice Serafim aprendeu a ler e escrever através da Bíblia em casa. Aos 73 anos está realizando o sonho de cursar Engenharia de produção
Allice Serafim, 73 anos, está prestes a realizar um sonho: se formar em Engenharia de Produção. Impedida de estudar pelo pai quando criança e pelo marido, ela nunca desistiu de realizar o sonho. Aprendeu a ler e a escrever sozinha através da Bíblia. E se tornou uma inspiração para os jovens colega de classe.
Aos 8 anos, Allice foi impedida pelo pai de terminar a escola. Mais tarde, aos 18 anos, se casou e também foi impedida pelo marido. “Mulher naquele tempo não tinha que estudar e sim casar e cuidar da família”, disse ao G1.
Com um caderno e uma Bíblia na mão, Allice aprendeu a ler dentro de casa. Foi a partir disso que surgiu o sonho de terminar os estudos e cursar uma faculdade. “Falei pra Deus ser meu professor”, contou ao Diário da Região.
Determinação
Allice trabalhou em uma gráfica de São Paulo servindo café por 20 anos, até o marido falecer. Então, aos 59 anos, resolveu terminar o ensino médio por meio do sistema de Educação de Jovens e Adultos (EJA) em 2014. “Nunca faltei um dia sequer das aulas. Uma vez eu machuquei o pé, difícil para andar, mas não tinha problema. Fui com o pé doendo, cansada. Muito dedicada, sempre firme”, disse orgulhosa.
Antes de ingressar na faculdade, Allice fez aulas de violão, informática básica, contabilidade e até de como falar em público. Ela recuperou o tempo perdido sem carregar mágoas do pai. “Era diferente naquela época, não temos que acusar os pais”.
Allice começou a faculdade em 2018 e já está no quarto semestre do curso. Ela é querida pelos colegas e vista como destaque pelos professores. “Ela tem dificuldade, mas ela tem muita garra, é muito dedicada. Já tive outros alunos mais velhos que eu, mas a Dona Allice se destacou entre todos pela garra, ela não desiste, muito pelo contrário, ela quem anima a gente”, diz o coordenador do curso, Nilton Romero.
O sonho de Allice não se limita apenas à sala de aula. A futura engenheira sonha em trabalhar na área. “Ainda tenho fé que vou trabalhar. Mas se não der certo, tudo bem. A minha vontade é de estudar e ajudar as pessoas e fazer o bem”, afirma.
*Com informações do Diário da Região