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Declaração de Lula sobre falta de apoio a Boulos gera crise no PT – Jornal O Globo

SÃO PAULO — A declaração do ex-presidente Lula, em que responsabiliza o candidato Jilmar Tatto pelo fato de o PT não apoiar Guilherme Boulos (PSOL) na eleição de São Paulo, provocou uma crise dentro da sigla no dia da eleição municipal. A fala foi criticada em grupos de Whatsapp de petistas e entendida por alguns como uma defesa do voto útil.

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Ao votar na manhã deste domingo, Lula confirmou a reunião entre Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e Tatto na noite da última terça-feira para discutir o apoio do petista a Boulos, que não saiu do papel:

– Ela fez o que deveria fazer como presidente do partido e, segundo as informações, disse para o candidato que dependia única e exclusivamente dele. Ninguém poderia dizer o que ele deveria fazer. O candidato disse: eu vou continuar. Acho que foi atitude dele soberana de dizer que não ia retirar a candidatura — disse Lula.

Dirigentes e parlamentares entendem que Lula tentou se dissociar do mau desempenho de Tatto e, ao mesmo tempo, fazer um gesto para Boulos, que teria validade mesmo se o candidato do PSOL não passar para o segundo turno.

Um desses dirigentes afirma que Lula quer atrair Boulos, agora vitaminado pelo bom desempenho na eleição paulistana, de olho na disputa presidencial de 2022. Segundo esse petista, essa seria uma demonstração de que o ex-presidente coloca seu projeto político acima de qualquer outro interesse. Lula tenta conseguir no Supremo Tribunal Federal (STF) a anulação de sua condenação no caso do tríplex do Guarujá  Lava-Jato, que o torna atualmente inelegível.

Lula nunca mostrou entusiasmo pela candidatura de Tatto.  O ex-presidente convenceu o deputado Alexandre Padilha a entrar na disputa interna pelo posto de candidato. Tatto, porém, acabou vencendo. Ao contrário de outras disputas, porém, dessa vez Lula não interveio diretamente.

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Em um texto que circulou entre petistas envolvidos na campanha de Tatto, Valter Pomar, integrante do diretório nacional e líder da corrente articulação de esquerda, afirma que “Lula está muito errado”.

“Acho lamentável e vergonhoso que Lula tenha dito isso neste momento, quando a votação ainda está em curso”, afirma.

Pomar argumenta que Lula, como maior nome do partido, não pode tomar uma decisão que envolve a legenda de forma individual. “Por ação ou por omissão, ele (Lula) é o principal responsável pela tática adotada pelo PT paulistano nas eleições de 2020. Uma vez adotada esta tática, ela passou a ser a tática do partido. E só o partido, através de suas instâncias democráticas, poderia alterar esta tática. Nem o candidato, nem a presidenta nacional, nem o presidente estadual, nem o Lula, poderiam alterar esta tática.Decisões monocráticas são uma herança feudal.”

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Apoiadores de Tatto têm criticado a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, por ter feito a reunião de terça-feira. A dirigente pretende acompanhar a apuração da eleição na noite deste domingo em São Paulo. A ideia de Gleisi, segundo os aliados do candidato petista, seria anunciar o apoio a Boulos ainda nesta noite, se o candidato do PSOL passar ao segundo turno. Diante do mal-estar provocado pelos movimentos da última semana, o grupo envolvido com a campanha de Tatto, porém, resiste a declarar uma adesão imediata ao nome do PSOL.

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