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Debate sobre CoronaVac racha grupo do governo federal que elabora plano de vacinação – Jornal O Globo

BRASÍLIA– A discussão sobre a disponibilização de tipos de vacina no plano de imunização do Ministério da Saúde causou um racha no grupo técnico que desenha a estratégia. Nesta quarta-feira, membros do eixo “Epidemiológico” do Plano Operacional da Vacinação contra Covid-19 esboçaram uma carta para pressionar o governo pela aquisição da CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório Sinovac. O grupo defende ainda que pessoas privadas de liberdade estejam entre o público prioritário para receber a vacina.

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“Nos causa preocupação constatar que, até o momento, a única alternativa à vacina da AstraZeneca incluída no planejamento seja aquela ofertada pela Pfizer, justamente a que apresenta o maior desafio logístico para incorporação à estratégia nacional de vacinação por conta da cadeia de frio necessária”, diz o texto ao qual O GLOBO teve acesso.

A carta foi escrita após divergências em uma reunião do corpo técnico para definir os grupos prioritários para receber a vacina. O GLOBO apurou que as negociações do Ministério da Saúde com a Pfizer acabaram elevando a temperatura os especialistas que desenham a estratégia e levando a discussão “mais para o lado político”.

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Após a divergência, parte dos membros decidiu fazer uma carta para pressionar o ministério a avançar nas negociações com outras desenvolvedoras. A carta foi submetida aos membros do eixo Epidemiológico, mas nem todos optaram por assinar.

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” Assim sendo, vimos solicitar ao governo brasileiro, através do Ministério da Saúde, o esforço para que sejam imediatamente abertas negociações com o Instituto Butantan, que já teria condições de oferta de doses de vacinas, com outras empresas que trabalham com a vacina CoronaVac e com outras vacinas candidatas em fase final de estudos de eficácia”, afirmam na carta.

Outro ponto sensível da carta aborda a definição dos grupos prioritários para receber a vacinação. O Ministério da Saúde excluiu da fase quatro do plano as pessoas privadas de liberdade. Conforme O GLOBO informou, a decisão do Ministério da Saúde de retirar os detentos do grupo de pessoas prioritárias para receber a vacina contra a Covid-19 não teve o aval da responsável pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), Francieli Fantinato.

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“Consideramos que, além das populações já incluídas e apresentadas na nota do governo, todas as populações consideradas mais vulneráveis à COVID-19 devem ser incluídas na prioridade de vacinação, como quilombolas e populações ribeirinhas, por vivenciarem realidades similares àquelas das populações indígenas já incluídas no plano, além de privados de liberdade e pessoas com deficiência”, diz parte do texto.

O esboço, descrito como “versão final” da carta do grupo, fala ainda sobre o grande número de mortes no país e cobra que as autoridades garantam a vacinação:

” Nossa missão como cientistas consiste em apontar os grupos da população que mais necessitam ser vacinados neste momento emergencial, sendo obrigação das autoridades providenciar as doses necessárias para que isso possa ser realizado a contento. Em um cenário de escassez, onde o mundo ainda busca alternativas para vacinação ampla e adequada e em que países como Alemanha, Canadá e Reino Unido garantiram vacinação para toda sua população, tendo este último inclusive já iniciado sua campanha, manifestamos preocupação ainda maior, devido ao aumento dos casos e das mortes no Brasil.”

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