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De estantes ‘fake’ a ministro se penteando: os bastidores da sessão virtual do STJ que julgou o afastamento de Witzel – Extra

Foi por volta das 17h18m, cravado no relógio. Três horas depois do início da sessão remota do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para julgar o afastamento do governador Wilson Witzel, o ministro Napoleão Nunes Maia Filho, o primeiro e único a defender a permanência do juiz no maior cargo do Executivo fluminense, levanta da cadeira do escritório de sua casa, ajeita o terno, saca um pente do bolso, usa o objeto para arrumar a farta cabeleira branca e deixa momentaneamente o local, com um Tupperware nas mãos (aquele com trava, estilo marmita), para voltar logo depois. Nesses tempos em que a pandemia pelo novo coronavírus fez do home office uma rotina, o home muitas vezes invade o office, e cenas domésticas como esta acabam virando pano de fundo de lives e reuniões feitas por aplicativos – das mais descontraídas às mais protocolares. O próprio Napoleão, minutos antes de a Corte Especial abrir os trabalhos, aparece falando ao celular, sem grande preocupação, até ser alertado pelos colegas: “Seu microfone tá aberto, seu microfone tá aberto!”. Há que se estar atento. Sempre.

Ministra com estante fake ao fundo
Ministra com estante fake ao fundo Foto: Reprodução

O ser humano é curioso por natureza. E o pano de fundo que se revela nessas situações acaba funcionando como um grande buraco de fechadura por onde se observa o cotidiano do outro. O quadro na parede, o vaso no aparador, o gato que passeia. Irresistível, tentador, pitoresco. Ontem, chamaram a atenção alguns papeis de parede usados pelos ministros. Mais especificamente um, o favorito: estante ‘’fake” com livros, imagem-padrão encontrada na biblioteca do Zoom, aplicativo pelo qual as sessões têm acontecido. Laurita Vaz, Isabel Gallotti e Mauro Campbell optaram por ele – com variações de design do mobiliário e das lombadas das publicações – para garantir a privacidade de seus cenários originais.

A ministra Maria Thereza de Assis Moura lançou mão de outro fundo, também neutro, porém numa linha mais cartão-postal: uma foto da fachada do próprio STJ. A mesma imagem já tinha sido usada por Joel Ilan Paciornik em uma sessão virtual da Quinta Turma da Corte, em maio. Neste mesmo “encontro” à distância, o Ministro Jorge Mussi teve como pano de fundo um grande tubarão branco. Ao vivo, explicou a situação: culpa do neto, que havia escolhido o cenário, e Mussi não conseguiu alterar a tempo. Ontem, ele, que se disse impedido para votar, mas esteve presente à sessão, tinha apenas uma discreta cadeira na cena.

Discreta não é bem a palavra que define a parede do ministro Sergio Kukina, último a votar. O que não significa que a decoração não esteja antenada, como se diz. Azul ‘Bic’ (referência à caneta esferográfica mesmo), rotularão os atentos a modismos da área. Classic blue, corrigirão os aficionados, seguindo o tom escolhido pela Pantone (espécie de STJ das tendências de cores) para “reger” 2020. Na época do lançamento, em dezembro do ano passado, o mote para o Classic blue foi que ele representa “busca por segurança”.

Mas nem toda a segurança resiste ao trabalho entre quatro paredes, sigam elas ou não as cores da temporada. Em junho, quando ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) julgavam o pagamento de adicional de riscos a portuários, a sessão virtual foi interrompida por uma frase: “Vovô!’’. Ela foi dita por Laura, neta do ministro Marco Aurélio Mello, de quase 3 anos, que entrou no escritório da casa para pegar chocolate.

Sessão do STJ que manteve afastamento de Witzel
Sessão do STJ que manteve afastamento de Witzel Foto: Reprodução

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