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Datafolha e Ibope apontam vitória de Eduardo Paes no Rio, com 68% dos votos válidos – Jornal O Globo

RIO – Numa campanha com raro apelo plebiscitário no Rio, em que duas administrações foram medidas frente a frente, a disputa entre o atual e o ex-prefeito no segundo turno carioca chega à votação, neste domingo, com cenário de ampla vantagem para Eduardo Paes (DEM), que busca retomar o cargo ocupado desde 2017 por Marcelo Crivella (Republicanos). Pesquisas Ibope e Datafolha divulgadas no sábado apontam uma diferença de 36 pontos entre os candidatos no comparativo de votos válidos, que não considera brancos, nulos e abstenções.

Segundo o Datafolha, Crivella oscilou positivamente em relação à última pesquisa do instituto, divulgada na quinta-feira, e agora tem 32% dos votos válidos — muito distante ainda, contudo, dos 68% de Paes. A margem de erro desta pesquisa é de dois pontos.

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O Ibope apontou os mesmos números no desempenho por votos válidos. De acordo com o Ibope, Crivella, que havia crescido para 35% em pesquisa divulgada na quarta-feira, oscilou na véspera do segundo turno para 32%, enquanto Paes foi de 65% para 68%. A margem de erro deste levantamento é de três pontos.

Nas intenções de voto gerais, os percentuais de brancos, nulos e de eleitores que não souberam ou não quiseram responder somam, nas duas pesquisas, 20%.

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Segundo o Datafolha, 90% dos eleitores se dizem totalmente decididos sobre sua escolha, enquanto apenas 10% admitem mudá-la até a hora de votar.

Alta rejeição de Crivella

Na história política do Rio após a redemocratização, houve apenas duas ocasiões em que um ex-prefeito concorreu contra o ocupante do cargo naquele momento. Ambas envolveram Cesar Maia e Luiz Paulo Conde, no início dos anos 2000. Maia, que fez de Conde, ex-secretário de Urbanismo, seu sucessor em 1996, concorreu à prefeitura quatro anos depois contra o antigo aliado, com quem rompera, e o venceu. Em 2004, foi a vez de Conde se lançar como oposição, mas acabou na terceira colocação, enquanto Maia foi reconduzido em primeiro turno.

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Nenhuma das duas disputas, porém, foi atravessada de forma tão decisiva pela comparação entre duas gestões, como se deu na eleição deste ano. No ano 2000, Conde fazia um governo aprovado por 41% dos cariocas, segundo o Datafolha, não muito atrás dos 52% de aprovação com que Maia havia terminado o mandato anterior. A derrota de Conde no segundo turno foi creditada menos à comparação com Maia e mais a deslizes em debates, como numa gafe em que disse “mentir menos” do que o adversário, além da associação ao governador Anthony Garotinho, que o apoiou na reta final e enfrentava crises na segurança pública.

Em 2004, os ataques à gestão de Maia ficaram divididos entre quase todos os candidatos, Conde entre eles. O então prefeito cresceu na reta final, vencendo em primeiro turno com pouco mais de 50% dos votos.

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Já na atual eleição, marcada pelo calendário mais curto em meio à pandemia da Covid-19; pela vantagem de Paes nas pesquisas desde o início da corrida eleitoral; e pela rejeição elevada a Crivella — beirando sempre 60%, quase o dobro da maioria dos adversários —, os debates e a propagandas de rádio e TV orbitaram, na maior parte do tempo, numa comparação de prós e contras entre a antiga e a atual gestão. Candidatos que apostaram em atacar ao mesmo tempo Paes e Crivella, como Luiz Lima (PSL), Renata Souza (PSOL) e Paulo Messina (MDB), tiveram votações tímidas.

Acusações de corrupção de Paes

Para se defender das críticas a seu mandato, Crivella mirou a artilharia contra o antecessor, acusando Paes de deixar “dívidas milionárias”, obras inacabadas, um legado olímpico duvidoso e de ter se tornado réu por corrupção após ser prefeito. No segundo turno, Crivella incorporou ao repertório falsas acusações de que o adversário tentaria implementar um “kit gay”, que, na verdade, não existe, como reiterou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na campanha presidencial de 2018, quando o então candidato Jair Bolsonaro, cabo eleitoral de Crivella neste ano, levantou denúncias semelhantes.

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Paes, por sua vez, insistiu em quase toda a campanha no discurso de que seu sucessor seria “incompetente” e que atacava o governo anterior apenas para desviar a atenção de problemas nas contas públicas que, segundo o ex-prefeito, teriam sido gestados por má administração atual. Reeleito em 2012 com 64% dos votos válidos no primeiro turno, Paes tinha, às vésperas da eleição de 2016, apenas 25% de eleitores que avaliavam o governo como ótimo ou bom, segundo pesquisa do Ibope, mas o número de cariocas que reprovavam sua gestão não passava de um terço. Com isso em mente, modulou a plataforma de campanha defendendo que, caso voltasse ao cargo, teria condições de repetir um governo que “não era perfeito, mas funcionava melhor”.

As tentativas de nacionalização da campanha, apesar de concorrerem com o comparativo de gestões, tiveram impacto eleitoral reduzido. Martha Rocha (PDT) e Benedita da Silva (PT), candidatas associadas à centro-esquerda, se mantiveram no primeiro turno em empate técnico com Crivella, o que levou o prefeito, na reta final, a buscar uma convergência do eleitorado de direita. A menção a figuras como Ciro Gomes (PDT) e o ex-presidente Lula (PT) se mostrou insuficiente para impulsionar Martha e Benedita, além de coincidir com o aumento da rejeição às duas. Crivella, que já tinha uma gestão desaprovada antes de se ligar a Bolsonaro, seguiu apostando na imagem do presidente para se consolidar em nichos conservadores. Contra Paes, o único segmento em que Crivella levou vantagem no segundo turno foi entre os evangélicos: tinha 66% dos votos válidos ontem, segundo o Datafolha. Apesar da insistência de Crivella, a bolsonarização ficou longe de ser o trunfo que seus aliados ambicionavam na pré-campanha.

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