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Crivella ataca Paes em encontro com evangélicos: ‘Covarde, Barrabás, corrupto’ – Jornal O Globo

RIO – Em uma declaração considerada de cunho racista por entidades do movimento negro, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), atacou Eduardo Paes (Democratas), seu adversário no segundo turno, em uma reunião com pastores evangélicos na manhã deste sábado em Santa Cruz, na véspera do segundo turno.

– Aquele covarde, núbio, corrupto. Coloca os filhos e a esposa na televisão para comover o povo,  mas pergunta se ele leva a família dele para a roda de samba, para Marquês de Sapucaí, para as festas na prefeitura regadas a vinhos caros. Lá ele não tinha família. Só tem família eleitoral. Agora é uma luta do bem contra o mal. Fora Barrabás – disse Crivella, em uma reunião acompanhada pelo GLOBO.

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Direito de resposta

Pelo menos 200 pessoas participaram da reunião. No palco, estavam a secretária de Assistência Social e deputada Tia Ju (Republicanos) e o secretário municipal de Infraestrutura, Sebastião Bruno. Depois, os três seguiram em carreata pelas ruas de Santa  Cruz que terminou na Praça do Pedágio, na Linha Amarela. Lá ele se encontrou com a candidata a vice Andrea Firmo. Crivella também estava acompanhado pelo deputado federal bolsonarista Otoni de Paula (PSC).

Na semana passada, Crivella e Otoni gravaram um vídeo no qual afirmaram que Paes, se eleito, daria a Secretaria de Educação para o PSOL. E que o adversário pretendia distribuir kit gay (que não existe) e ensinar ideologia de gênero nas escolas. O PSOL conseguiu na Justiça Eleitoral um direito de resposta em forma de vídeo, que deve ser divulgado no Facebook de Crivella.

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No último sábado, 21, Crivella também participou de um evento extraoficial com pastores e fiéis na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. O prefeito pediu aos presentes que levassem as propostas de sua campanha à reeleição para outras igrejas evangélicas com o objetivo de expandir seus votos do segmento religioso no segundo turno da disputa pela prefeitura do Rio. No encontro, a proibição de realizar campanhas eleitorais dentro de templos religiosos foi ressaltada, e os fiéis foram orientados a conversar com possíveis eleitores apenas fora das igrejas, além de evitar o uso de material de campanha, como adesivos, durante o culto.

Procurada, a assessoria de Crivella afirmou que não vai comentar os ataques. A campanha de Paes ainda não se manifestou.

Entidade reage à expressão

No encontro, Crivella usou o termo ”núbio” (povo africano que viveu há milênios na região onde fica o Sudão, país ao sul do Egito) junto com outras expressões de tom pejorativo contra Paes.

A declaração de Crivella ocorreu um dia depois de, no debate da TV Globo, Crivella ter criticado Paes porque quando era prefeito circulava pela Marquês de Sapucaí, com um ”chapeuzinho de Zé Pilintra”, referência a uma entidade do candomblé. Frei David dos Santos, do EducaAfro,  disse que o departamento jurídico da ONG vai avaliar entrar com uma interpelação judicial contra Crivella pela declaração deste sábado.

– Aparentemente, o tempo que Marcelo Crivella passou como missionário na África não foi suficiente para que ele passasse a ter um pouco mais de respeito com a diversidade. Ao se referir aos núbios em uma frase que juntou corrupto e covarde não tenho dúvidas que a intenção foi racista. Isso exige uma retratação imediata  – disse Frei David. Crivella é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus.

A civilização Núbia surgiu por volta do ano  4 mil antes de Cristo. Durante séculos, foi  dominada pelo Egito, que chegou a anexar a Núbia como vice-Reino. Na ocasião, os egípcios impuseram sua cultura e religião. Por volta de 750 a.C, quando o Egito estava em decadência, os núbios invadiram o país. E formaram por anos o que  é conhecida como geração dos faraós negros.

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Já a comparação de Paes a  Barrabás vem de uma passagem do Novo Testamento  que remete à crucificação e morte de Cristo. Segundo a bíblia, Poncio Pilatos deu ao povo  a opção de quem mereceria a pena de morte. Barrabás  – um ladrão e assassino – ou Cristo. O povo  optou por libertar Barrabás  e condenar o filho de Deus.

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