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CPI: acusado de mentir, suposto lobista muda depoimento sobre relação comercial com advogada de Bolsonaro – G1

O empresário Marconny Ribeiro de Faria, apontado como um suposto lobista com atuação no Ministério da Saúde, decidiu se retratar nos últimos instantes de seu depoimento à CPI da Covid nesta quarta-feira (15).

Questionado diversas vezes e alertado sobre uma eventual penalização por falso testemunho, Marconny alterou sua versão sobre a relação comercial mantida com Karina Kufa, advogada do presidente Jair Bolsonaro.

Ao longo da audiência, Marconny disse e repetiu que nunca teve qualquer tipo de negócio com Karina. Em resposta, senadores apresentaram mensagens obtidas do celular do empresário em que um funcionário da advogada faz contato para tratar de “negócios”.

“Ela [Karina] pediu para verificar com você a possibilidade de fazermos uma ‘call’ [chamada] hoje para tratar dos negócios. Às 11h, coisa rápida”, dizia a mensagem.

A quebra do sigilo telefônico de Marconny Faria indica uma série de comunicações entre ele e Karina Kufa. Em maio de 2020, por exemplo, a dupla trata da indicação de Márcio Roberto Teixeira Nunes para um cargo no Instituto Evandro Chagas, órgão vinculado ao Ministério da Saúde.

Calheiros aponta contradições em depoimento de Marconny com mensagens obtidas pela CPI

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Em outubro, Teixeira Nunes foi preso em uma operação que apurou os crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e tráfico de influência no instituto.

A CPI suspeita também que foi Karina quem apresentou Marconny ao ex-secretário da Anvisa Ricardo Santana. De acordo com senadores, mensagens indicam que Marconny e Santana chegaram a debater uma “arquitetura ideal” para beneficiar a empresa Precisa Medicamentos em uma licitação no Ministério da Saúde.

Retratação

Questionado sobre a mensagem que trata da “call” com a advogada de Bolsonaro, Marconny afirmou inicialmente que recorreria ao direito constitucional de ficar calado para não se autoincriminar. Na sequência, porém, reafirmou que nunca teve “negócio com a doutora Karina Kufa”.

O empresário obteve no Supremo Tribunal Federal (STF) um habeas corpus que lhe garantiu o direito de permanecer em silêncio diante de perguntas que pudessem incriminá-lo. O mesmo documento, no entanto, proibiu Marconny de mentir ao responder aos demais questionamentos.

Vice-presidente da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que ia dar uma “chance” a Marconny e perguntou se ele queria alterar a sua resposta.

“Eu estou tentando ajudá-lo. Deixa-me ser mais claro: o habeas corpus nos impede de levá-lo para a prisão por falso testemunho. Mas, porém ele diz que o senhor não pode abusar desse direito”, afirmou Randolfe.

Marconny, então, consultou o advogado que o acompanhava na sessão e decidiu alterar o depoimento.

“Eu me retrato na parte do negócio [com Karina Kufa]. Mas foi só uma sondagem também, não prosperou, e eu fico no direito constitucional de ficar calado para não me incriminar”, disse.

“Constitui crime fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade, como testemunha, perito, tradutor ou intérprete, perante Comissão Parlamentar de Inquérito. Eu repito que o senhor esteve muito próximo de isso ter sido decretado, e só não ocorreu porque nós não temos clareza da limitação do habeas corpus que foi concedido a vossa senhoria”, afirmou Randolfe Rodrigues.

Apuração na CPI e no MP

Ao fim da sessão, a comissão decidiu incluir Marconny Ribeiro na lista de investigados.

O depoimento do empresário será, também, encaminhado ao Ministério Público Federal do Distrito Federal. Os senadores pediram que o MP apure se houve crime de falso testemunho durante o depoimento.

Marconny Albernaz entra na lista de investigados da CPI da Covid

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