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Conheça os cavalos criados no Paraná que podem custar mais do que um carro esportivo

Outro cavalo destaque na região de Curitiba é o mangalarga. Na marcha bem característica, o animal está sempre com três das quatro patas tocando o chão, o que cria um som único da raça.

O Haras VJC, em Tijucas do Sul, também na Região Metropolitana de Curitiba, é um dos principais criadores de mangalarga do país e tem hoje 150 animais.

A Ressaca é hoje um dos animais mais valiosos do plantel, e está avaliada em R$ 400 mil.

A origem do mangalarga se dá com a chegada de cavalos trazidos por portugueses e espanhóis ainda no período do Brasil colonial. Depois de uma série de cruzas a raça se tornou 100% nacional.

“Vem gente de todo o Brasil conhecer. O público-alvo é o cavaleiro do fim de semana que gosta de montar, é uma raça ideal para isso”, comenta Fernando Antunes dos Santos, gerente do haras.

A criação de cavalos está ligada à história da formação do Paraná. A raça quarto de milha é uma das mais usadas pelos antigos tropeiros, responsáveis pelo surgimento de muitas cidades do estado.

Ilson Romanelli, dono de uma propriedade de Londrina, no norte do Paraná, diz que começou a criação por paixão, que se transformou em um grande negócio.

Atualmente, o criador tem 150 cavalos e faz leilões pra vender os filhos dos melhores animais.

Os potros são domados e, aos poucos, os comandos são assimilados pelos animais que passam a ser treinados para as competições.

“Você vai ver que dentro da raça você qualifica ele com a velocidade. E, também, o animal dentro da mesma raça, o cavalo ligado ao boi, vai ter uma habilidade de conseguir trabalhar com o boi”, afirma Romanelli.

Para ter os melhores animais é preciso fazer os melhores cruzamentos genéticos, o que pode acontecer graças à inseminação artificial.

Em um centro de melhoramento genético de uma universidade particular de Londrina, a procura por inseminação da raça quarto de milha vem aumentando.

Muitos criadores que querem ter animais com esse genética pagam pela inseminação. No laboratório são várias amostras, inclusive de animais que nunca vieram para o Brasil e, até mesmo, de campeões que já morreram.

“Eles continuam tendo filhos, descendentes com importante material genético”, diz Pedro Vítor Oliveira, veterinário.

O quarto de milha é uma raça que surgiu nos Estados Unidos no século passado e vem crescendo no Brasil. Atualmente são 611 mil animais registrados no país. A tropa daqui só não é maior do que a norte-americana.

No Paraná são 48 mil cavalos, o segundo maior plantel do Brasil, atrás somente de São Paulo.

“A nossa região é muito forte na modalidade três tambores e no laço. A procura está cada vez maior. Tá muito forte, o mercado tá bem aquecido”, garante Eduardo Sandoli, gerente do centro de melhoramento genético.

A raça quarto de milha — Foto: Klênyo Galvão/G1
A raça quarto de milha — Foto: Klênyo Galvão/G1 

O crioulo é outra raça que ajudou a construir a história do Paraná e de uma família de Guarapuava, na região central do estado.

Foi com o pai que o criador de cavalos Vinícius Krüguer aprendeu a gostar dos animais. Há 40 anos, o pai dele foi até o Rio Grande do Sul buscar os primeiros cavalos da raça crioulo da família.

Ele também incentivou outros criadores da região de Guarapuava a fazer o mesmo. A cabanha da família se tornou uma das mais antigas do Paraná. Hoje em dia, os cavalos passaram a ter muitas serventias.

“Desde um simples amador, que queira usar o cavalo pra passeio pra fim de semana. Provas de competição, laço. Tem uma prova muito famosa, freio de ouro, onde os animais acabam sendo valorizados. A parte do criador, que é a parte morfológica, pesa muito também comercialmente, onde é valorizada as características do cavalo”, comenta Vinicius.

Por muitos anos, Guarapuava foi conhecida como o berço de cavalos da raça crioulo no Paraná.

Foram os tropeiros, homens que viajavam do Rio Grande do Sul ao interior de São Paulo, levando tropas de mulas para o trabalho nas minas de ouro de Minas Gerais que trouxeram os primeiros animais para a região.

“Os tropeiros, como faziam caminhadas de muitas distâncias, precisavam de cavalos que fossem resistentes a isso. Precisavam aguentar a passagem por lugares mais úmidos e pedregosos, então com isso, o cavalo crioulo foi uma peça bastante chave para os tropeiros”, explica Marcelo Cunha, criador e presidente do Núcleo de Cavalos Crioulos de Guarapuava.

Em Guarapuava existe até um clube de criadores de cavalo crioulo. Antes da pandemia, os integrantes costumavam se reunir para colocar o papo em dia e falar da mesma paixão que une a todos: a criação de cavalos.

“Nós contamos hoje com mais ou menos 80 sócios do núcleo, onde nós temos usuários, criadores, apreciadores do cavalo. Nós temos hoje, mais ou menos dois mil cavalos registrados em Guarapuava”, diz Marcelo.

Cavalos crioulos, em Guarapuava — Foto: RPC Guarapuava
Cavalos crioulos, em Guarapuava — Foto: RPC Guarapuava

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