O ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes em entrevista ao programa Roberto D’Avila em julho — Foto: Reprodução / GloboNews
A Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão na manhã desta quarta-feira (15) contra Ciro Gomes (PDT), ex-governador do Ceará e pré-candidato à Presidência em uma investigação sobre supostas irregularidades em obras da ampliação da Arena Castelão, principal estádio do Ceará para a Copa do Mundo de 2014.
A decisão do juiz federal substituto Danilo Dias Vasconcelos de Almeida, da 32ª Vara Federal do Ceará, autorizou busca e apreensão, além de quebra de sigilo fiscal, bancário, telefônico e telemático de 24 alvos distintos, incluindo pessoas físicas e jurídicas. Veja perguntas e respostas sobre o caso:
Qual é a suspeita contra Ciro Gomes?
As investigações da Polícia Federal, que começaram em 2017, apontam que empresários da construtora Galvão Engenharia S/A teriam realizado ou promovido “pagamentos sistemáticos de propinas, muitas vezes disfarçadas de doações eleitorais” aos irmãos Cid, Ciro e Lúcio Ferreira Gomes durante as reformas na Arena Castelão.
A polícia afirma que há indícios de pagamentos de R$ 11 milhões em propinas diretamente em dinheiro ou disfarçadas de doações eleitorais, com emissões de notas fiscais fraudulentas por empresas fantasmas.
Segundo a decisão, a suposta propina seria para “viabilizar/agilizar pagamentos de obras e serviços de engenharia contratados pelo governo do Estado do Ceará com a empresa”. Além disso, os investigadores também afirmaram que isso ajudaria a “garantir a vitória da construtora nos correlatos procedimentos licitatórios”.
Qual é a suspeita contra Cid Gomes?
A Polícia Federal afirma, inicialmente, que o pagamento de propinas seria voltado ao ex-governador do Ceará, Cid Gomes (PDT) e seus irmãos.
Segundo a decisão, as autoridades policiais disseram que a propina seria paga para que o então governador liberasse “valores/’pagamentos'” vinculados à execução das obras da empresa Galvão Engenharia S/A, incluindo as “de reforma, ampliação, adequação, operação e manutenção do Estádio Castelão”.
Conforme a investigação, a empresa teria sucesso em vencer licitações do governo do Ceará para realização de obras públicas caso pagasse esses valores que teriam sido solicitados.
Oitenta policiais federais cumprem 14 mandados de busca e apreensão expedidos pela 32ª Vara da Justiça Federal. — Foto: Polícia Federal
O que Ciro Gomes diz?
Ciro Gomes afirmou em rede social que a ordem de busca e apreensão na casa dele é abusiva e que “Bolsonaro transformou o Brasil num Estado Policial”. “Não tenho nenhuma ligação com os supostos fatos apurados. Não exerci nenhum cargo público relacionados com eles. Nunca mantive nenhum tipo de contato com os delatores. O que, aliás, o próprio delator reconhece quando diz que nunca me encontrou”, disse.
“Não tenho dúvida de que esta ação tão tardia e despropositada tem o objetivo claro de tentar criar danos à minha pré-candidatura à presidência da República”, argumentou o pedetista.
O g1 procurou a Secretaria de Comunicação da Presidência da República por volta das 10h, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
O que a Polícia Federal pediu?
A investigação solicitou a expedição de mandados de busca e apreensão na casa de Ciro Gomes, no Bairro Meireles, em Fortaleza. Além disso, foram requisitados a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico do pré-candidato à Presidência.
O que o juiz determinou?
O juiz federal substituto Danilo Dias Vasconcelos de Almeida autorizou todos os pedidos formulados pela Polícia Federal e determinou o período em que devem ser quebrados os sigilos solicitados.
Para a quebra do sigilo fiscal e bancário, ele determinou o período de análise entre os anos de 2009 e 2014. Já para a quebra de sigilo telefônico, o magistrado determinou a análise do período entre 2007 e 2018. Neste caso, as operadoras de telefonia devem fornecer extratos dos terminais telefônicos “caso ainda se encontrem arquivados pelas concessionárias de serviço”.
Quem são os outros alvos e quais são as medidas contra eles?
- Galvão Engenharia S/A – construtora que venceu a licitação para reforma no Castelão supostamente envolvida no esquema (quebra de sigilo bancário);
- Cid Ferreira Gomes – ex-governador do Ceará e atual senador pelo PDT (busca e apreensão, quebra de sigilo bancário e fiscal);
- Lúcio Ferreira Gomes – irmão de Cid e Ciro, atual secretário da Infraestrutura do Ceará (busca e apreensão, quebra de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático);
- Hélio Parente de Vasconcelos – ex-conselheiro do extinto Tribunal de Contas dos Municípios do Ceará e do Tribunal de Contas do Ceará (TCE) (busca e apreensão, quebra de sigilo bancário e fiscal);
- José Leite Jucá Filho – ex-procurador-geral de Fortaleza (busca e apreensão, quebra de sigilo bancário e fiscal);
- Fernando Antônio Costa de Oliveira – atual procurador-geral de Fortaleza (busca e apreensão, quebra de sigilo bancário e fiscal);
- Gerardo Júnior Cavalcante Lopes – sócio da empresa Distribuidora Noronha LTDA (busca e apreensão, quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico);
- Distribuidora Noronha LTDA – empresa que simularia, conforme a PF, venda de cimentos à Galvão Engenharia S/A (busca e apreensão, quebra de sigilo bancário e fiscal);
- Comercial de Aço e Cimento Souza Lopes LTDA – empresa que emitiria, conforme a PF, notas fiscais fraudulentas (quebra de sigilo bancário e fiscal);
- PL Comércio Material de Construção e Transportes LTDA – empresa que emitiria, conforme a PF, notas fiscais fraudulentas (busca e apreensão, quebra de sigilo bancário e fiscal);
- Legend Engenheiros Associados — empresa que emitiria, conforme a PF, notas fiscais fraudulentas (quebra de sigilo bancário e fiscal);
- SM Terraplanagem – empresa que emitiria, conforme a PF, notas fiscais fraudulentas (quebra de sigilo bancário e fiscal);
- Ricardo Cordeiro de Toledo – citado na investigação como executivo da construtora Galvão (busca e apreensão e quebra de sigilo telemático);
- José Gilberto de Azevedo Branco Valentim – citado na investigação como executivo da construtora (busca e apreensão);
- Raimundo Maurílio Freitas – executivo da construtora Galvão (busca e apreensão e quebra de sigilo telemático);
- Dario de Queiroz Galvão Filho – diretor da Queiroz Galvão (quebra de sigilo telefônico e telemático);
- Jorge Henrique Marques Valença – executivo da construtora Galvão
- Eduardo de Queiroz Galvão – diretor da Queiroz Galvão (quebra de sigilo telemático);
- Mário de Queiroz Galvão – gerente da holding do grupo Galvão Participações (quebra de sigilo telefônico);
- Valdir Fernandes da Silva – (quebra de sigilo telefônico);
- Leila — não consta sobrenome (quebra de sigilo telefônico);
- Ângelo Araújo de Freitas – (quebra de sigilo telemático);
- Gilberto Valentim – (quebra de sigilo telemático);
- José Ubiratan Ferreira de Queiroz – (quebra de sigilo telemático).
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