Chuva em Petrópolis: os relatos sobre a rotina de quem busca por desaparecidos – G1

• Veja quem são os desaparecidos e como tentar encontrar alguém

Além de órgãos oficiais, como a Polícia Civil e o Ministério Público do Estado do RJ, a população se mobilizou nas redes sociais para tentar ajudar os parentes de pessoas desaparecidas. Páginas no Instagram divulgam nomes, fotos e telefones para contato de algumas pessoas. Veja a seguir alguns relatos.

Sofia Sorgini é irmã de Olga Sorgini e filha de Maria Bernadete, 61 anos, que desapareceram no bairro Alto da Serra, um dos mais afetados pela chuva que deixou 136 mortos.

Sofia mora em São Paulo, mas diz que parentes e amigos estão procurando por informações das duas todos os dias desde que ambas desapareceram.

“Todos os dias, temos ido nos pontos de apoio, nos abrigos, o IML a gente está ligando. Eles pediram para não ir lá”, relata ela.

Segundo Sofia, os boatos atrapalham muito na busca de informações confiáveis sobre o paradeiro das familiares:

“É uma situação bem difícil, é impossível não ficar com medo. Tem vários boatos que circulam, né? Que alguém diz que viu, que falam que foi encontrado o corpo, que falam que está em hospital. A gente verifica tudo, liga para todos os hospitais para perguntar sobre as duas.”

Olga e Maria Bernadete estavam na rua Jacinto Rabelo, na Vila Felipe; quando a barreira caiu, na tarde de terça-feira (15). As fotos mostram que, no local da casa onde moravam, há agora apenas lama, escombros e galhos de árvores levados pela chuva.

“A casa foi completamente destruída, completamente soterrada”, lamentou Sofia. Apesar de todas as dificuldades, encontrar a irmã e a mãe vivas é algo possível para ela. “Ainda temos esperança de conseguir encontrar elas vivas”, finalizou.

O marceneiro Leandro da Costa contou ao g1 que não consegue dormir ou se alimentar direito desde que o filho Gabriel da Costa, de 17 anos, desapareceu. O jovem desapareceu após deixar o ônibus em que estava e ser levado pela água do Rio Quitandinha, que transbordou.

“Não estou dormindo, estou procurando ele durante a madrugada, estou vindo várias vezes aqui [no IML]. Agora, minha esperança é encontrar ele vivo em algum lugar. Ele não está em hospital, já procuramos em pontos de apoio, tudo que você possa imaginar”, disse o pai do jovem.

“Tenho me alimentado pouquíssimo, a comida não consegue descer. Como vou comer alguma coisa sem saber onde meu filho está? Eu fui até hospitalizado ontem. Senti um mal tão grande ontem a noite. Porque eu passei o dia inteiro no rio já procurando ele”, completou Leandro.