No segundo dia após o desabamento da rocha de um cânion em Capitólio (MG), todas as dez vítimas foram identificadas nesta segunda-feira (10) pela Polícia Civil de Minas Gerais, que também atua na investigação sobre as causas do acidente. As vítimas são de Minas Gerais e São Paulo.
O velório coletivo dos familiares também aconteceu na tarde de hoje, em Serrania (MG), e mobilizou a pequena cidade de 7 mil habitantes.
Segundo o Corpo de Bombeiros, todas as vítimas que perderam a vida navegavam em uma única lancha, chamada “Jesus”. Já outras 30, que estavam em demais embarcações atingidas indiretamente, sofreram ferimentos.
Identificação das vítimas
Pouco depois das 15h de hoje, a Polícia Civil informou que identificou a décima vítima da tragédia: Carmem Pinheiro da Silva, de 43 anos, natural de Cajamar (SP). O reconhecimento se deu por meio de datiloscopia, o exame de impressões digitais.
Antes de Carmem, outras quatro vítimas haviam sido identificadas ao longo da manhã de hoje.
O Corpo de Bombeiros diz que, a princípio, as equipes trabalham com o número de dez mortos na tragédia. O número tem como base os relatos de testemunhas e familiares dos turistas no passeio de sábado (8).
De acordo com a Polícia Civil, todos os dez mortos se conheciam. Quatro eram parentes e os demais, amigos. Eles estavam em um rancho em São José da Barra, cidade vizinha, e fecharam um passeio de barco em Capitólio.
As vítimas identificadas são:
- Júlio Borges Antunes, de 68 anos, natural de Alpinópolis (MG)
- Maycon Douglas de Osti, de 24 anos, natural de Campinas (SP)
- Camila Silva Machado, de 18 anos, natural de Paulínia (SP)
- Carmen Pinheiro da Silva, de 43 anos, natural de Cajamar (SP)
- Sebastião Teixeira da Silva, de 64 anos, natural de Anhumas (SP)
- Marlene Augusta Teixeira da Silva, de 57 anos, natural de Itaú de Minas (MG)
- Geovany Gabriel Oliveira da Silva, 14 anos, natural de Alfenas/MG;
- Geovany Teixeira da Silva, 38 anos, natural de Itaú de Minas/MG;
- Tiago Teixeira da Silva Nascimento, 35 anos, natural de Passos/MG
- Rodrigo Alves dos Anjos, 40 anos, natural de Betim/MG.
Velório esvazia cidade
A pacata cidade de Serrania, em Minas Gerais, teve movimentação intensa hoje, com destino a um único lugar: o Ginásio Poliesportivo Amélio Bueno da Fonseca. Era lá que ocorria o velório coletivo das vítimas Sebastião Teixeira da Silva, 64, de sua mulher Marlene Augusta, 57, do filho Geovany, 37, e do neto Geovany Gabriel, 14.
Conhecidas na cidade, as vítimas mobilizaram centenas de pessoas no ginásio. Os caixões chegaram por volta das 15h, mas pouco antes das 12h já havia gente esperando do lado de fora para entrar.
Os caixões foram colocados no meio da quadra esportiva e permaneceram fechados durante a cerimônia.
Por que buscas permanecem na área?
Apesar de o Corpo de Bombeiros contabilizar dez vítimas fatais e todas já terem sido resgatadas e identificadas pela Polícia Civil, equipes ainda permanecem na área do acidente, mesmo sem hipótese de ainda haver desaparecidos.
O porta-voz e tenente do Corpo de Bombeiros, Pedro Aihara, explicou hoje que, neste momento, os militares atuam na recuperação de segmentos corpóreos.
“Por mais que nós já tenhamos recuperado esses dez corpos, devido ao impacto, a violência dessa colisão da rocha com algumas das vítimas, nem todos os corpos foram recuperados de forma íntegra. Então, infelizmente, alguns corpos foram segmentados com o impacto da rocha”, esclareceu.
Os fragmentos de corpos serão levados a Belo Horizonte para o cruzamento de material genético.
Além disso, os bombeiros também buscam destroços das embarcações atingidas para “auxiliar nas investigações que vão subsidiar o inquérito que vai ser feito para apurar as circunstâncias desse acidente”.
Investigação atua em outros municípios
Em comunicado oficial, a Polícia Civil informou que, até agora, a investigação que apura o acidente coletou os dados das dez vítimas, já que a prioridade dos agentes estava na identificação dos corpos.
Nas redes sociais, o delegado Marcos Pimenta acrescentou que existem equipes de investigação recolhendo informações em Alpinópolis, Capitólio, Passos e São José da Barra.
Para o delegado, ainda é cedo para apontar culpados.
“Agora, [a investigação] passará a ouvir testemunha, juntar os laudos de local, iremos sobrevoar por drone, convidamos com geólogo para participar do processo. Todos os esforços serão unidos visando verificar se houve responsabilidade humana, mas, a princípio, é precoce [responsabilizar ou indicar culpados]”, afirmou hoje ao UOL.
A corporação recebe apoio na investigação de homens da Polícia Militar, Defesa Civil e Marinha do Brasil.
*Com informações de Lucas Borges Teixeira, em Passos (MG).