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Câmara dos EUA aprova novo impeachment de Trump

A uma semana do fim do mandato de Donald Trump, a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovou nesta quarta-feira o processo de impeachment do presidente, e a ação agora segue para o Senado, que encontra-se em recesso.

O presidente da Câmara Alta, o republicano Mitch McConnell, afirmou, no entanto, que não reunirá a Casa até o dia 19 de janeiro, véspera da posse de Biden, e, com isso, Trump deve permanecer na Presidência até o final de seu mandato.

Esta foi a primeira vez na História que um presidente americano foi duas vezes condenado  pela Câmara dos Deputados, desta vez pela acusação de “incitar a insurreição” contra a ordem constitucional e o sistema democrático do país.

Ao contrário do primeiro processo, aprovado no final de 2019 com todos os deputados correligionários apoiando Trump, desta vez, além de todos os democratas, ao menos dez republicanos voltaram-se contra o presidente, fazendo desta a votação de impeachment com maior apoio bipartidário da História. O resultado final foi de 232 votos a favor do impeachment e 207 contra.

Os democratas desejam aprovar o impeachment de Trump para fazer desta situação um exemplo, em relação a líderes que incitam a rebelião, e também para abrir espaço para, em uma votação independente posterior, cassar os direitos políticos de Trump, o que o impediria de voltar a se candidatar.

Começando pela manhã, os deputados travaram um longo debate sobre o impeachment do presidente invadida há uma semana por apoiadores de Trump, depois de o presidente incitar uma multidão a impedir o Congresso de oficializar a vitória do presidente eleito Joe Biden. Cinco pessoas morreram nos distúrbios, incluindo um policial do Capitólio dos EUA que morreu em decorrência de ferimentos de golpes dados por manifestantes.

Desta vez o Congresso estava fortemente vigiado, protegido por milhares de soldados da Guarda Nacional, que estavam dentro do edifício pela primeira vez desde a Guerra Civil Americana. Os democratas e republicanos trocaram argumentos calorosos sobre os efeitos a longo prazo de uma condenação contra o presidente.

Soldados da Guarda Nacional dos EUA no Capitólio Foto: BRENDAN SMIALOWSKI / AFP
Soldados da Guarda Nacional dos EUA no Capitólio Foto: BRENDAN SMIALOWSKI / AFP

Citando os episódios mais sombrios da História americana, a presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, da Califórnia, pediu aos colegas de ambos os partes que adotassem “um remédio constitucional que garantirá que a República estará a salvo deste homem que está tão resolutamente determinado a destruir as coisas que amamos e nos mantêm juntos. ”

Ao contrário dos debates acirrados do processo de 2019, no entanto, o prédio estava mais silencioso, sem hordas de repórteres e câmeras.

Após apoiar as falsas acusações de Trump sobre fraude eleitoral, o deputado Kevin McCarthy da Califórnia, líder republicano da Câmara, agiu com cautela. Manifestou-se contra o impeachment, alertando que isso “inflamaria ainda mais as chamas da divisão partidária”. Mas também culpou Trump pelo ataque e rebateu falsas sugestões de alguns de seus colegas de que antifascistas tinham sido responsáveis pelo cerco, e não seguidores Trump. Ele propôs aprovar uma moção de censura ao presidente em vez de aprovar o impeatchment.

O posicionamento teve uma notável diferença se comparado ao primeiro impeachment de Trump, em 2019, quando os republicanos o defenderam de maneira unânime e entusiasta. O presidente, contudo, manteve apoio entre muitos correligionários. Marjorie Taylor Greene, a deputada estreante Geórgia que apoia a teoria da conspiração QAnon, discursou enquanto usava uma máscara que dizia “censurada”.

No primeiro impeachment, só um senador republicano (Mitt Romney) votou pela saída de Trump. Agora, alguns afirmaram que acreditam que Trump cometeu crimes passíveis de impeachment, mas em número insuficiente para condenar Trump. McConnell disse ainda não ter decidido como votará, e sua decisão deve impactar muito o resultado final.

São necessários dois terços de senadores (67) para condenar Trump, e não há uma data marcada para a votação acontecer. Quando o Senado vota um impeachment, a pauta do Parlamento fica travada, e Biden indicou que não deseja que isso aconteça nos seus 100 primeiros dias no cargo.

Após a votação desta quarta-feira, o Congresso também começará a enfrentar o tópico ainda mais espinhoso de punição a membros em suas próprias fileiras que fizeram comentários incendiários semelhantes incitando multidão que invadiu o Capitólio.

A votação também ocorre em meio ao que as autoridades federais dizem ser uma investigação massiva e sem precedentes sobre os invasores e amotinados, que pode resultar em acusações de “conspiração sediciosa”, além de homicídio doloso.

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