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Brumadinho: sobrinho ‘transforma dor em arte’ ao usar escombros da casa da tia em quadro – G1

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Artesão transforma móveis de casa destruída pelo rompimento da barragem em Brumadinho em arte — Foto: Gustavo Amorim

Artesão transforma móveis de casa destruída pelo rompimento da barragem em Brumadinho em arte — Foto: Gustavo Amorim

Uma casa grande, pés na grama, ar puro, passeios a cavalo, brincadeiras com os primos. Diego Coelho, de 33 anos, relembrou de todos estes momentos que viveu na infância e adolescência quando o telefone tocou, às 13h do dia 25 de janeiro de 2019. Era um amigo contando do rompimento da Barragem da Vale em Brumadinho.

Brumadinho: sobrinho 'transforma dor em arte' ao usar escombros da casa da tia em quadro

Brumadinho: sobrinho ‘transforma dor em arte’ ao usar escombros da casa da tia em quadro

Diego ainda não sabia que a casa onde ele passou “os melhores momentos da vida” em Córrego do Feijão havia sido destruída, nem que os tios dele, Márcio Mascarenhas e Cleosane Coelho Mascarenhas, donos da Pousada Nova Estância, estavam entre as 270 vítimas da tragédia da mineradora Vale. Onze pessoas continuam desaparecidas.

” Quando cheguei lá, vi um cenário assustador, de guerra mesmo. Minha família toda foi iniciada em Córrego de Feijão, são quatro irmãos casados com quatro irmãs, toda família tem história naquele lugar. Todo mundo vivia junto, ao lado da pousada da minha tia. Depois que me lembrei que a rota de fuga passava pelo terreno do meu pai”, contou ele.

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Álbum de fotos de Diego Coelho na infância com a família em Córrego do Feijão — Foto: Arquivo pessoal

Álbum de fotos de Diego Coelho na infância com a família em Córrego do Feijão — Foto: Arquivo pessoal

A casa que foi destruída é de uma das quatro tias de Diego. No momento do rompimento não tinha ninguém no imóvel: o pai dele havia saído de lá 15 minutos antes da tragédia.

O que Diego sabia era que a vida dele “não seria mais a mesma” deste então. O contrato para abrir uma empresa de automação residencial, que seria formalizado naquele dia 25, nunca foi assinado. O profissional da tecnologia virou artesão.

“Eu não tinha conseguido voltar a casa da minha tia ainda. Passei boa parte da minha infância lá, e através da arte eu quis ressignificar tudo. Transformar a dor em arte mesmo. Comecei a recolher as madeiras dos escombros da casa, fui criando as coisas e me apaixonei pela marcenaria. Nunca mais consegui ser o mesmo”, contou Diego.

Com as madeiras do telhado e de outras partes da casa, o artesão criou um quadro com as formas das montanhas que ele avistava da janela da casa da tia quando era pequeno.

“O quadro tem um significado. Algo muito especial, que é justamente de transformação do que eu era para o que sou hoje, do que vivi para o que vou viver. Um pouco de história”, disse ele.

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Quadro criado com restos de madeira da casa da tia de Diego que foi atingida pelo rompimento da barragem de Brumadinho. — Foto: Diego Coelho

Quadro criado com restos de madeira da casa da tia de Diego que foi atingida pelo rompimento da barragem de Brumadinho. — Foto: Diego Coelho

Projetos sociais

Depois de dois anos do rompimento, Diego tem um ateliê e projetos sociais de futebol com crianças de Córrego do Feijão. Ele passou oito meses no local prestando serviços de forma voluntária para as famílias das vítimas e para os bombeiros que trabalhavam nas buscas.

“Passei a maior parte do tempo ali servindo os outros. Tentando fazer algo por eles. Não conseguia voltar ao que eu era ou fazia antes. Não dava. Agora, quero ensinar marcenaria para crianças e adolescentes de Córrego”, contou Diego.

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Diego na casa que foi atingida pela lama do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho. — Foto: Arquivo Pessoal

Diego na casa que foi atingida pela lama do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho. — Foto: Arquivo Pessoal

Brumadinho: tragédia ambiental completa 2 anos

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