segunda-feira, maio 6Notícias Importantes
Shadow

Autoridades repudiam fala de Bolsonaro que põe em dúvida tortura de Dilma na ditadura – G1

Autoridades repudiam fala de Bolsonaro que põe em dúvida tortura de Dilma na ditadura

Autoridades repudiam fala de Bolsonaro que põe em dúvida tortura de Dilma na ditadura

Os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva repudiaram a declaração do presidente Jair Bolsonaro que pôs em dúvida o fato de a ex-presidente Dilma Rousseff ter sido torturada durante a ditadura militar.

Nesta segunda-feira (28), quando o presidente saía do Palácio da Alvorada, um apoiador dele disse que trabalhou durante o governo militar, em 1965, e que não viu tortura. Ao responder, Bolsonaro citou a ex-presidente Dilma Rousseff, que foi presa e torturada na década de 1970, por ter participado de uma organização que promoveu a luta armada contra a ditadura.

O presidente disse o seguinte: “Os caras se vitimizam o tempo todo: ‘fui perseguido’. Teve um fato aí, esqueci o nome da pessoa, mas é só procurar na internet, vai achar com facilidade, que a Dilma foi torturada e que fraturaram a mandíbula dela. Eu falei: ‘traz o raio-X para a gente ver o calo ósseo’. Olha que eu não sou médico. Até hoje estou aguardando o raio-X”, disse.

O relatório final da Comissão Nacional da Verdade, que investigou violações aos direitos humanos no período da ditadura listou um total de 434 mortos e desaparecidos políticos.

A ex-presidente Dilma Rousseff respondeu: “Jair Bolsonaro promoveu mais uma de suas conhecidas sessões de infâmia e torpeza. Mostra-se indigno ao tratar com desrespeito e com deboche o fato de eu ter sido presa ilegalmente e torturada pela ditadura militar. Queria provocar risos e reagiu com sórdidas gargalhadas às suas mentiras e agressões. Bolsonaro não respeita a vida, é defensor da tortura e dos torturadores, é insensível diante da morte e da doença, como tem demonstrado em face dos quase 200 mil mortos causados pela Covid-19, que, aliás, se recusa a combater. Bolsonaro não insulta apenas a mim, mas a milhares de vítimas da ditadura militar, torturadas e mortas, assim como aos seus parentes, muitos dos quais sequer tiveram o direito de enterrar seus entes queridos”.

A declaração do presidente da República provocou protestos de outros dois ex-presidentes, entre vários políticos, além de representantes de organizações da sociedade civil.

O ex-presidente Lula escreveu que “o Brasil perde um pouco de sua humanidade a cada vez que Jair Bolsonaro abre a boca. Minha solidariedade à presidente Dilma, mulher detentora de uma coragem que Bolsonaro, um homem sem valor, jamais conhecerá”.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também se manifestou nas redes: “Minha solidariedade à ex-presidente Dilma Rousseff. Brincar com a tortura dela ou de qualquer pessoa é inaceitável, concorde-se ou não com as atitudes políticas das vítimas. Passa dos limites”.

O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, publicou: “Bolsonaro não tem dimensão humana. Tortura é debochar da dor do outro. Falo isso porque sou filho de um ex-exilado e torturado pela ditadura. Minha solidariedade à ex-presidente Dilma. Tenho diferenças com a ex-presidente, mas tenho a dimensão do respeito e da dignidade humana”.

O presidente do MDB e candidato à presidência da Câmara, o deputado Baleia Rossi, declarou que “não é sobre esquerda, centro ou direta. É sobre a dignidade humana, é disso que se trata. Nossa solidariedade à ex-presidente Dilma Rousseff. Tortura nunca mais”.

O também candidato ao comando da Câmara, deputado Arthur Lira, líder do PP, disse, em nota, que “a tortura não é aceitável em nenhuma circunstância. Vivemos o período mais longo da democracia brasileira, construída com esforço de diversos atores da política nacional. Devemos a eles o nosso respeito”.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, também manifestou indignação. O pai dele desapareceu na década de 1970 e, segundo a Comissão da Verdade, foi preso e morto por agentes do Estado brasileiro. Santa Cruz escreveu: “Pense em um homem que, no meio de uma onda de feminicídios, debocha de uma mulher presa e torturada. Esse sujeito existe e, pior, preside o Brasil”.

Vinte e três ex-presas políticas e vítimas da ditadura entregaram uma carta ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal em que manifestam solidariedade à ex-presidente Dilma e cobram providências das autoridades. O grupo declarou que a atitude de Bolsonaro é irresponsável e incompatível com o cargo que ele exerce.

O Palácio do Planalto ainda não se manifestou sobre as críticas às declarações do presidente.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

× Como posso te ajudar?