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Após retomada das relações, príncipe saudita recebe emir do Qatar com um abraço mediação americana

O Egito concordou, em princípio, em abrir seu espaço aéreo para aviões do Qatar e o fará se condições, que não especificadas, forem atendidas, segundo informou a TV Al Arabiya, apoiada pelo governo saudita. Porta-vozes do Ministério das Relações Exteriores e da presidência do Egito não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.

Não está claro se e quando os Emirados Árabes Unidos e Bahrein podem seguir o exemplo.

A retomada das relações foi implementada nas últimas semanas do presidente americano, Donald Trump, no cargo. Seu sucessor, Joe Biden, promete renovar a diplomacia com o Irã. O momento é oportuno para isso, já que, na segunda-feira, o Irã apreendeu um navio-tanque com bandeira da Coréia do Sul e anunciou que aumentaria suas atividades de enriquecimento nuclear.

A disputa entre Qatar e Arábia Saudita e seus aliados se estendeu para além da região do Golfo, com os países se alinhando em lados opostos de conflitos e disputas geopolíticas no Oriente Médio e na África.

Os Emirados Árabes Unidos, que lideram o boicote com Arábia Saudita, não parecem aderir imediatamente ao acordo, mas sinalizou otimismo. O Ministro de Estado das Relações Exteriores do país, Anwar Gargash, disse no Twitter que a cúpula do Conselho de Cooperação do Golfo na terça-feira “traria de volta a coesão do Golfo”, priorizando a segurança, estabilidade e prosperidade da região.

“Há mais trabalho pela frente e estamos no caminho certo”, disse Gargash. Os comentários do ministro ecoaram o sentimento expresso por bin Salman, que disse que a cúpula criaria “reunificação e solidariedade para enfrentar os desafios que nossa região testemunha”.

O Conselho de Cooperação do Golfo é composto por Bahrein, Qatar, Omã, Arábia Saudita, Kuwait e Emirados Árabes Unidos.

Atritos a serem resolvidos

A resolução tem implicações econômicas e financeiras mais amplas para o Qatar, o maior exportador mundial de gás natural liquefeito e um dos países mais ricos per capita. Espera-se que aumente as perspectivas para a economia não petrolífera do país no médio prazo, de acordo com a Fitch Ratings. Também é uma notícia positiva para a Qatar Airways, que teve de abandonar os planos de adicionar novas rotas e fazer desvios prolongados para não cruzar o espaço aéreo saudita

— Para a Arábia Saudita, este é um esforço para assumir um papel de liderança, para tentar obter alguma vantagem diplomática com a próxima governo de Biden — explica Karen Young, do centro de estudos American Enterprise Institute. Segundo ela, é também “uma constatação, talvez, de que os últimos quatro anos permitiram muito aventureirismo e experimentação de política externa”.

As nações que fizeram o boicote acusaram Doha de interferir em seus assuntos internos, apoiando grupos islâmicos linha-dura e construindo laços com o Irã, um inimigo da maioria dos países árabes do Golfo. O Qatar negou as acusações.

Ainda não é claro até onde o acordo iria para aliviar os atritos após três anos de retórica acalorada. Os comentaristas advertiram que as principais diferenças provavelmente persistiriam, com a maioria dos pontos de conflito dividindo os lados sem solução —incluindo uma reportagem crítica da rede de TV Al Jazeera do Qatar.

— As lacunas ideológicas também não foram fechadas, então o GCC [Conselho de Cooperação do Golfo] permanecerá tão fragmentado abaixo da superfície, mesmo enquanto encobre as diferenças para marcar pontos com a nova Casa Branca —disse Ryan Bohl, analista do Oriente Médio da Stratfor.

Mediação americana

A retomada das relações entre os dois países quase desmoronou no domingo, mas a Casa Branca e outras partes da negociação permaneceram no telefone durante a noite para chegar a um acordo, segundo uma pessoa a par do assunto. Jared Kushner, genro de Trump e conselheiro sênior, está viajando para a Arábia Saudita para a assinatura do acordo na terça-feira, segundo disse essa mesma fonte.

Segundo ela, o acordo foi alcançado em troca de o Qatar retirar as ações judiciais que havia movido em relação à divisão do Golfo. Também não é claro quais processos judiciais foram citados na negociação.

O Qatar tem recorrido cada vez mais ao Irã e à Turquia para obter apoio e depende do espaço aéreo do país persa para sobrevoos. Isso perturbou o governo Trump — que havia inicialmente apoiado o boicote — enquanto buscava expandir sua ofensiva para enfraquecer Teerã.

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