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Ameaçado nas urnas, Trump diz que não desistirá de batalha judicial e ataca Partido Democrata – Jornal O Globo

WASHINGTON — O presidente Donald Trump voltou a sinalizar que não deve reconhecer de forma tranquila uma cada vez mais próxima derrota na eleição presidencial. Em comunicado divulgado na tarde desta sexta-feira, prometeu levar adiante sua estratégia de judicializar a apuração até o limite do possível.

“Vamos perseguir esse processo através de todos os aspectos legais para garantir que o povo americano tenha confiança em nosso governo. Nunca desistirei de lutar por vocês e por nossa nação”, afirmou o presidente, em comunicado divulgado pela Casa Branca.

No texto, ele retoma um argumento repetido nos últimos dias, em que defende a contagem de todos os “votos legais”, dizendo que o que considera serem “votos ilegais” não deveriam ser contabilizados. Em seu discurso da noite de quinta-feira, Trump sinalizou que essa é uma referência a votos enviados por correio e recebidos depois do fim do encerramento da votação, no dia 3. Esse recebimento está previsto nas legislações de vários estados, incluindo alguns onde ele aparece atrás nas contagens, como a Pensilvânia.

Mais cedo, a equipe de campanha havia declarado que “a eleição não acabou”, isso pouco depois de Joe Biden assumir a liderança na apuração na Pensilvânia. Se o democrata vencer ali, chegará à Presidência. Atualmente ele tem 253 dos 270 delegados necessários para ser eleito, e chegaria a 273 com uma vitória no estado. Mais cedo, o ex-vice-presidente já havia ultrapassado Trump na Geórgia, com 99% dos votos apurados.

Antes do comunicado, Trump foi ao Twitter questionar o destino das cédulas enviadas por militares no exterior — esse tipo de cédula normalmente demora para ser contabilizado, e as autoridades locais já informaram que os números serão incorporados à contagem final assim que forem recebidos.

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“Esta eleição não acabou. As falsas projeções proclamando Joe Biden como vencedor são baseadas em resultados em quatro estados que estão longe de ser definitivos”, afirmou, em comunicado, o diretor de campanha, Matt Morgan.

Suprema Corte

A campanha deu início a uma ampla ofensiva para tentar judicializar a apuração em pelo menos cinco estados —  em parte deles ainda não há resultados definidos e em outros o democrata foi considerado o vencedor. Também há planos de entrar com algum tipo de processo no Arizona, onde Biden está na frente, mas ainda há alguma esperança para o presidente.

Nesta sexta, a campanha entrou com um pedido na Suprema Corte, relacionado aos votos recebidos depois do dia da eleição na Pensilvânia, o que é permitido pela lei estadual. Na alegação, dizem que essas cédulas só devem ser contadas depois de uma decisão final sobre sua validade. No mês passado, Trump foi derrotado no tribunal em outra decisão relacionada ao voto no estado, sobre a confirmação da identidade dos eleitores que mandavam suas cédulas pela primeira vez.

Analistas também veem como muito pequenas as chances de sucesso da iniciativa — e lembram que, mesmo que seja respaldada, não se sabe exatamente o impacto dessa medida no resultado final, ainda mais que muitos eleitores votaram de maneira antecipada. Isso sem contar que os 20 votos que a Pensilvânia confere ao vencedor no estado não seriam suficientes para manter o republicano na Presidência.

Em uma outra decisão no estado, um juiz ordenou que algumas cédulas com defeitos sejam separadas das demais, e sinalizou que medidas semelhantes podem ser ordenadas em breve. Não se sabe quantos votos serão afetados pela ação.

Segundo a agência Reuters, o Comitê Nacional Republicano pretende levantar até US$ 60 milhões para financiar a ofensiva legal. Desde o fim da votação, e-mails da campanha de Trump têm inundado as caixas de correio com pedidos de doações, citando uma suposta fraude dos democratas, sem mostrar qualquer tipo de prova.

‘Expulsar intrusos da Casa Branca’

Diante de uma eventual recusa de Trump em aceitar a derrota, caso ela se confirme, o porta-voz da campanha democrata sugeriu que o atual ocupante da Casa Branca poderia ser expulso do local.

— Os americanos decidirão o resultado dessa eleição — disse Andrew Bates. — E as autoridades dos EUA são perfeitamente capazes de expulsar intrusos da Casa Branca.

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Na noite de quinta-feira, Trump fez uma série de alegações de fraude sem fornecer provas, em um discurso na Casa Branca. Abatido, o presidente usou como argumento o fato de ter saído na frente na apuração em vários estados, como os ainda abertos Geórgia e Pensilvânia, e de ter visto sua vantagem cair conforme os votos enviados pelo correio eram apurados. Ele voltou a pedir para a contagem ser interrompida.

O fenômeno de crescimento democrata já era esperado, porque, devido à politização da pandemia, democratas tiveram tendência muito maior a votar por via postal.

— Estávamos ganhando muito em todos os locais-chave, na verdade, e então nossos números começaram a miraculosamente encolher — afirmou Trump. — E ainda estamos muito à frente, mas não tanto porque eles estão encontrando votos. De repente, temos alguma correspondência nas cédulas. É incrível como as correspondências nas cédulas são tão unilaterais também.

Várias redes de notícias de TV, incluindo ABC, NBC, CBS e MSNBC, pararam a transmissão dos comentários do presidente, por considerá-los mentiras que não cabem em um sistema democrático. O Twitter colocou rótulos de advertência em vários de seus tuítes.

Reação republicana

Apesar das reações ao discurso do presidente terem encontrado respaldo em algumas figuras de destaque do Partido Republicano, notadamente os senadores Mitch McConnell, Lindsey Graham e Ted Cruz, o apoio dentro da sigla passa longe de ser unanimidade.

Ainda na quinta-feira, Chris Christie, ex-governador de Nova Jersey e conselheiro do presidente, disse que as acusações feitas na Casa Branca não traziam consigo as necessárias evidências, e pediu a ele que parasse de “inflamar” os ânimos no país.

Já nesta sexta, o senador Mitt Romney, desafeto de Trump, emitiu comunicado afirmando que a campanha do presidente está em seu direito de pedir recontagens e pedir investigações sobre potenciais irregularidades. Ao mesmo tempo, afirmou que ele está errado em afirmar que a votação foi fraudada.

“Ao fazer isso, ele prejudica a causa da liberdade aqui e ao redor do mundo, enfraquece as instituições que estão na base da república e inconsequentemente inflama paixões destrutivas e perigosas”, escreveu, em comunicado.

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