segunda-feira, maio 6Notícias Importantes
Shadow

A Vida É Difícil. Jesus Não a Torna Mais Fácil.

Você sabia que a vida ia ser tão difícil? Devo ter perdido todas as assembleias escolares dedicadas à decepção e ao fracasso. Não me lembro de nenhuma aula sobre como ser adulto. Pelo menos os esportes eram algo um pouco mais realistas. Nem as equipes pelas quais torci, nem as equipes em que joguei tiveram muito sucesso. Mais frequentemente do que o entusiasmo da vitória, eu conheci a agonia da derrota. Mas o êxtase geralmente espantava a agonia com uma viagem ao McDonald’s para batatas fritas e um sundae. Ah, as maravilhas de um metabolismo de 18 anos.

Um pouco mais tarde, fiz votos. Para melhor ou pior. Na riqueza ou pobreza. Na saúde e na doença. Mas como eu poderia saber o que isto significava aos 22 anos de idade? Você é jovem demais para entender que é pobre. Doença? Na nossa idade? Isso só acontece nos sucessos de bilheteria de verão que os jovens são obrigados a levar suas namoradas para assistir.

Quando a vida nos parece pior do que o esperado, alguém nos diz, “vai ficar melhor”.

Mas e se não ficar?

É necessário mais do que um clichê quando a vida real começa. Porque a vida é dura. Nem sempre se sabe o que vai nos pegar. Apenas se sabe que alguma coisa vai nos pegar. Um vício. A depressão. O desemprego. Dívidas estudantis. A rejeição. Para mim, as dificuldades vieram em um grupo de três, um após o outro: não consegui encontrar um emprego. Minha esposa e eu não conseguíamos conceber um filho. Perdemos muitas de nossas economias na Grande Recessão.

Eu não sabia se ficaríamos bem. Nada me havia sido prometido. Nem o emprego que busquei após três anos de pós-graduação adicional. Havia deixado colegas maravilhosos para seguir o que eu pensava ser o chamado de Deus. Mas o que eu tinha para mostrar após tudo isto? Não me tinham prometido também um filho. Eu me perguntei se minha esposa e eu havíamos esperado demais. Parecia tão fácil para todos os nossos amigos e familiares. Eles desejaram um filho, eles tiveram um filho. . . ou dois ou três ou quatro. Não me havia sido prometida segurança financeira. Tomamos a decisão correta de comprar uma casa. Até que não era mais a decisão correta. Na verdade, foi o tipo de decisão que se faz aos 23 anos que ainda nos assombra aos 33 anos. E com os empréstimos estudantis em cima de tudo isto, e nenhuma promessa de uma carreira lucrativa, eu não sabia como sustentar as crianças que não conseguíamos ter.

Eu não podia mudar minhas circunstâncias. E para mim, esta era a parte mais difícil. Eu sou um “reparador”. Um planejador. Haviam-me ensinado quando criança que, quando se trabalha duro o suficiente, é possível alcançar seus objetivos. E, em sua maior parte, este conselho se mostrou verdadeiro. Quando trabalhava duro, coisas boas aconteciam. Até que não aconteceram mais. Eu havia sido responsável. Havia tido discernimento. Havia sido aplicado. Não importava. O efeito teria sido o mesmo se eu tivesse sido desleixado no trabalho, ficasse vendo Netflix o dia todo em vez de estudar, e jogado fora minha herança apostando naqueles times ruins que ainda amo.

O que se deve fazer quando o slogan de sua vida se revela como sendo uma mentira? Se você for como eu, primeiro vem o desalento. Eu não soube lidar bem com as coisas. Estava totalmente perdido. E quanto mais eu buscava respostas e soluções, mais frustrado eu ficava. Não encontrava resolução. Não encontrava paz. Afinal, quem se meteu nesta bagunça fui eu. Por que eu achava que poderia sair dela da mesma maneira? Eu não tinha o controle. E esta era a parte mais difícil de todas de aceitar.

Aprendi que existem muitos caminhos para se perder o rumo. E apenas uma maneira para encontrá-lo.

Meu Pastor

Ao longo desta provação eu sabia que era cristão. Deus me chocou aos 15 anos com uma experiência de sua graça. Eu gostaria de ter as palavras adequadas para explicar isto. Só lembro de um dia ser um adolescente inquieto que não entendia a si mesmo e não tinha ideia de como se relacionar com os outros. E no dia seguinte já estava vivenciando a alegria e a aceitabilidade. Não tenho certeza se na época compreendi muito mais que isto. Em algum nível eu finalmente compreendi a verdade daquilo que me havia sido dito anteriormente: que Jesus me ama e perdoou meus pecados, portanto vou viver com ele para sempre.

Esta conversão me surpreendeu, porque até aquela data, minha participação na igreja havia sido relutante. Eu mal podia esperar para me graduar da igreja. Não conseguia entender o alvoroço. Há muitas boas maneiras de se passar o domingo. Dormindo. Assistindo futebol. Dormindo um pouco mais. A menos que esta coisa do cristianismo seja real. Mas com certeza não parecia real para a maioria das pessoas que eu conhecia na igreja. Por que participar da farsa de se vestir e se arrastar para fora de casa para ouvir músicas antigas e uma mensagem curta de relevância questionável? Pode ser que Jesus houvesse ressuscitado dos mortos ao terceiro dia. Mas nós não sabíamos onde encontrá-lo ou não nos dávamos ao trabalho de procurar com afinco.

Portanto, tanto eu quanto meus amigos e minha família estávamos desprevenidos quando, de repente, eu tive certeza de que Jesus vivia em meu coração pela fé (Ef 3.17). E isto me trouxe alegria. Esta foi a coisa mais estranha. Sempre fui conhecido como uma pessoa bastante séria, mesmo quando criança. Não é fácil para mim fazer amigos rápidos através de conversas informais. Jesus, porém, me fazia feliz. Eu me senti como se tivesse encontrado a mim mesmo e a maneira de como deveria ser. A verdade é que eu estava perdido em mim mesmo, mas Jesus veio me encontrar.

Na igreja onde fui criado, havia um grande vitral colorido nos fundos. Jesus segurava um cajado de pastor em uma mão e embalava um cordeirinho na outra. É o tipo de simbolismo ao qual nos acostumamos e não prestamos muita atenção se nossas primeiras lembranças incluem idas à igreja. Mas é compreensivelmente confuso quando se está lendo a Bíblia pela primeira vez e nos perguntamos sobre todas essas imagens aparentemente desatualizadas de Deus como pastor. Provavelmente o exemplo mais famoso vem do Salmo 23.

O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará. Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso; refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome. Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam. Preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários, unges-me a cabeça com óleo; o meu cálice transborda.

Vemos aqui a imagem de um Deus que vai à frente de seu povo e caminha ao lado de seu povo. O salmista, Davi, conhece a Deus como um companheiro íntimo, um confortador confiável. Quando Jesus surge em carne humana, naquilo que conhecemos como o Novo Testamento, ele retoma este imaginário pastoral de Deus. E o aplica a si mesmo, como o bom pastor (Jo 10.11). Mas Jesus confunde exatamente as pessoas que liam, recitavam e cantavam o Salmo 23 durante toda a vida. Veja, Jesus não aprova os líderes religiosos. E eles não o aprovam, porque ele prefere ficar e comer com os pecadores, as pessoas evitadas pela sociedade religiosa refinada.

Jesus vira as expectativas religiosas de ponta cabeça. A frente da fila é na verdade a parte de trás. Somente os perdidos serão encontrados. Até mesmo a pessoa mais insignificante aos olhos do mundo é infinitamente importante para Deus. Jesus explicou contando aos líderes religiosos esta história:

Qual, dentre vós, é o homem que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la? Achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo. E, indo para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida. Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento. (Lc 15.4–7)

Somente os perdidos serão achados. E os 99 que não percebem que estão perdidos jamais encontrarão o caminho de volta para casa para Deus.

Graça Maravilhosa

Não sei se você conhece a Jesus ou não. Não sei se você cresceu na igreja ou em outra religião ou sem religião. Seja qual for o seu passado, quero perguntar: você já conheceu Jesus de verdade? Você já o ouviu falar nas páginas de sua Palavra? Você conhece suas boas novas, ou só ouviu falar dele pelos auto-nomeados porta-vozes de notícias na TV a cabo?

O Jesus da história—o Jesus que vive ontem, hoje e eternamente—pode surpreendê-lo. Ele surpreendeu a todos que conheceu durante seus 30 e poucos anos vivendo entre nós. E não é de se admirar. Ninguém nunca falou como ele, então ou agora. Ele falava com autoridade e também com o toque gentil de um amigo íntimo e simpatizante. Ele falava com consistência, ao longo dos anos e a públicos diversos. Nosso registro sobre Jesus vem de testemunhas que o seguiram por anos. Estas testemunhas criam nele, embora nem sempre o entendessem. Foi apenas após a sua morte na cruz, sua ressurreição no terceiro dia e suas aparições subsequentes, que eles começaram a compreender realmente seu propósito, sua mensagem, seu evangelho. Mas uma vez que aprenderam, nunca se esqueceram. Quando perceberam que estavam perdidos, ele os encontrou.

Jesus ensinou a seus seguidores muitas coisas durante três anos de ministério público. Mas nada daquilo lhes fazia sentido, até que emergiram do torpor da decepção daqueles dias escuros à sombra da cruz. Após sua ressurreição, Jesus ajudou seus seguidores a descobrirem suas verdadeiras pessoas. Este havia sido seu plano desde o princípio. E este plano envolvia sua própria morte. Ele lhes disse:

Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto. Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna. Se alguém me serve, siga-me, e, onde eu estou, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, o Pai o honrará. (Jo 12.24–26)

De acordo com as aparências, Jesus perdeu na cruz. Sua missão foi frustrada. Os líderes religiosos o haviam alcançado finalmente. As autoridades romanas acrescentaram mais uma vítima ao seu histórico sangrento. Mas Jesus nos diz que este não é o caminho do reino de Deus. A morte traz vida. Se você vive apenas pelo hoje, terá pavor do amanhã.

É muito difícil encontrar qualquer outro ensinamento mais claro de Jesus, por mais confuso que pareça aos ouvidos modernos. Hoje em dia, nos dizem para nos encontrarmos a nós mesmos olhando para dentro. Nos é dito que amar significa aceitar todas as pessoas como são. Mas isto não funciona. Às vezes não fazemos o que queremos fazer. Ferimos as pessoas.. E eles nos ferem. Nós planejamos. E outros frustram nossos planos. Nós nos enfurecemos contra o mal deste mundo. E o mal parece aumentar. O que pode quebrar o ciclo do ódio?

Quem acha a sua vida perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por minha causa achá-la-á. (MT 10.39).

O que ele quer dizer? Qualquer pessoa pode amar alguém que a ama de volta. Qualquer um pode agradecer a Deus quando as coisas estão indo muito bem. Mas o que pode nos dar o poder de amar e até mesmo perdoar e nos reconciliar com alguém que nos feriu? O que pode nos fazer sentir gratidão, mesmo quando não conseguimos aquela promoção, quando não conseguimos a bolsa de estudos, quando não conseguimos a garota? O mesmo poder que levou Jesus a clamar da cruz: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” (Lc 23.34). Somente o reino de Deus pode nos ajudar a encontrar esperança em um mundo perdido. Quando tomamos aquela cruz e o seguimos, encontramos o significado de uma vida que vale a pena ser vivida.

“Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” Naquele momento ele ainda não havia ido para a cruz. Portanto, eles não entenderam. Mas eles nunca se esqueceram. “Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á.”, disse Jesus a seus discípulos.” (Mt 16.24-25).

Necessitamos de boas novas que nos sustentem mesmo em meio aos piores pesadelos. Quando todo nosso planejamento for em vão. Quando mais um teste de gravidez for negativo. Quando não se sabe quando virá o próximo contracheque. Quando não se tem como pagar a hipoteca. Quando olhamos para dentro de nós em busca de respostas e emergimos apenas com desalento. Quando apesar de toda a afirmação do mundo não conseguimos amar a nós mesmos. Quando os clichês da juventude escapam como areia por entre os dedos.

E necessitamos destas boas novas ainda mais quando tudo está indo bem. Quando a garota diz sim. Conseguimos o emprego. Compramos a casa de rias. Porque Jesus nos diz que quando nos sentimos em casa neste mundo, não vamos curtir o porvir.

“Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me”, disse Jesus à multidão. “Quem quiser, pois, salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por causa de mim e do evangelho salvá-la-á .Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?’” (Mc 8.34–36; ver também Lc 9.23–25).

Para encontrar a sua vida, há que perdê-la por causa de Jesus. Para descobrirmos nosso verdadeiro eu, é necessário que renunciemos a este mundo. Este livro, “Lost and Found: How Jesus Helped Us Discover our True Selves” [Perdidos e Achados: Como Jesus Nos Ajudou a Descobrir Nosso Verdadeiro Eu], visa ajudá-lo a entender e a crer nestas palavras de Jesus. Queremos que você saiba como pode suportar qualquer dificuldade com fé e paz. Queremos que você veja como o amor vence o mal com o bem. Queremos apresentá-lo àquele que traz cura, esperança e propósito à vida. Queremos que você perca a sua vida para que Deus o encontre.

Jamais senti que a vida fica mais fácil. Ou fica melhor. Mas descobri que Deus está comigo. Que Jesus caminha comigo pelo vale da sombra da morte. Que ele vai deixar os 99 para me encontrar quando eu o chamar. Que ele não me prometeu nada neste mundo a não ser que o Deus do universo me vê, me conhece e me ama, e que no próximo mundo eu o verei face a face, quando ele retirar o fardo do meu pecado e o mal deste mundo caído.

Antes eu estava cego, mas agora vejo. Antes, estava perdido, mas Jesus veio e me encontrou. Graça maravilhosa, quão doce é o som! Ela salvou um miserável como eu.

Nota do editor: Este é um trecho adaptado de Lost and Found: How Jesus Helped Us Discover Our True Selves [Perdidos e Achados: Como Jesus Nos Ajudou a Descobrir Nosso Verdadeiro Eu] (The Gospel Coalition, 2019), editado por Collin Hansen.

Traduzido por Marq.

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