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VACINAS CONTRA COVID-19

Ilustração do coronavírus em Oldham, no Rei
03/08/2020
REUTERS/Phil Noble

Numa época em que toda a população mundial se vê exausta das medidas restritivas para combate ao novo vírus corona, parece que as vacinas são a solução para o retorno à vida normal, às atividades em grupo, às tão sonhadas viagens. Mas não seria uma medida precipitada a vacinação de boa parte dos habitantes do planeta para debelar uma doença que vitimou 0,3% dos que foram infectados (menos de 10% da população mundial)?

Destaco que tudo que é dito sobre este novo vírus é polêmico, pois os mesmos que estimulam o confinamento social, os toques de recolher em nome da ciência, usam a fé como grande justificativa às vacinas.

O cientista Miguel Castanho, investigador do Instituto de Medicina Molecular, natural de Santarém – Portugal, diz em entrevista a O Mirante que, “por exemplo, quais são os dados que sustentam que haja uma determinada medida para a restauração (setor de restaurantes)? Quais são os dados que sustentam determinadas medidas para o comércio? Porque é que as medidas não são iguais nas grandes superfícies (shoppings) e no pequeno comércio? Porque é que nos eventos culturais e desportivos por vezes se decide de uma maneira ou de outra? Falta perceber qual é a lógica com que se tomam estas medidas nos diferentes sectores. Sabemos que são tomadas as medidas A, B ou C, mas não sabemos a que se destinam em concreto. Não sabemos tão pouco como vamos avaliar essas medidas, se estão a ser eficazes e se fazem sentido ou não”.

Não há consenso, mas há vacina, então analisemos:

PFIZER

Esta é a vacina que deve ser a mais utilizada no continente europeu.

Cientistas do Reino Unido alertam que pessoas com histórico de reações alérgicas “significativas” não devem receber a vacina Pfizer/BioNTech, segundo informações da Sky News de hoje (09/12/20).

O alerta foi feito pelo Serviço Nacional de Saúde Britânico após dois de seus funcionários, que receberam a vacina nesta terça-feira (08/12), terem desenvolvido sintomas de reações anafiláticas. Ambos têm um histórico significativo de alergias, contudo foram prontamente atendidos e passam bem.

Uma porta-voz da Pfizer disse que a vacina foi “bem tolerada” durante os testes, “sem preocupações sérias de segurança”.

Pelo que sabemos até o momento, a vacina BNT162 é uma das mais adiantadas e deve ser aprovada nos Estados Unidos nas próximas semanas. Um de seus maiores diferenciais está no fato de que ela é baseada em RNA.

O produto contém uma pequena sequência genética criada em laboratório que “ensina” as próprias células do corpo humano a produzirem proteínas parecidas com o Sars-CoV-2. A partir daí, o sistema imune reconhece a ameaça e cria uma resposta que protege o organismo de uma futura infecção.

A vantagem desta vacina são a rapidez e a facilidade na sua produção. As exigências de laboratório e equipamentos são menores em comparação com os imunizantes que temos até o momento.

O maior ponto negativo por aqui está na necessidade de manter as doses numa temperatura de menos 70 °C para evitar que a substância perca seu efeito. Isso pode se tornar um grande empecilho em regiões remotas ou muito quentes.

Outro problema seria a disponibilidade desse imunizante no Brasil. Por ora, não há nenhum acerto para compra ou transferência de tecnologia ao país. Mesmo se o governo brasileiro e as duas empresas fecharem um acordo, as primeiras doses só chegariam aqui a partir do primeiro trimestre de 2021, uma vez que outras nações já garantiram os primeiros lotes.

OXFORD

Desenvolvida pela Oxford em parceria com a farmacêutica Astrazeneca, o imunizante utiliza a tecnologia de adenovírus de chimpanzé. Esse vírus, além de ser atenuado e não causar doença em humano, é desconhecido para nossa espécie, gerando uma resposta imunológica melhor. Partes do coronavírus, especificamente a proteína spike, são acopladas ao adenovírus por meio de engenharia genética e funciona como um veículo para os fragmentos do Sars-Cov-2 capazes de gerar uma resposta imunológica.

Por se tratar de um vírus não humano, não existe o risco de infecção, além disso, é um vírus desconhecido para o corpo o que gera uma tendência de grande produção de anticorpos. Contudo, a tecnologia utilizada é mais sofisticada, nem todos os laboratórios possuem capacidade para a produção desse tipo de vacina.

Os testes no Brasil começaram no dia 20 de junho e estão sendo coordenados pela Unifesp (Universidade de São Paulo). A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ampliou os testes para 10 mil pessoas no país. Os testes globais haviam sido suspensos em 6 de setembro devido à suspeita de reação adversa grave em uma voluntária no Reino Unido, mas foram retomados três dias depois no mundo todo, exceto EUA.

CORONAVAC (Sinovac/Instituto Butantã)

Produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac, esta vacina utiliza a tecnologia de vírus desativado (morto). Assim, o vírus é incapaz de infectar, mas pode produzir uma resposta imunológica.

A utilização de uma tecnologia já conhecida pelo meio científico, simples e de fácil produção favorece sua criação. Ademais, os efeitos colaterais foram baixos, 5% dos voluntários tiveram reações leves.

Por outro lado, os resultados preliminares mostraram que, apesar de segura, as respostas imunológicas desencadeadas pela vacina em idosos foram mais fracas do que em adultos mais jovens.

O estudo prevê 13 mil voluntários distribuídos entre São Paulo, Brasília, Rio de Janeira, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná. Os participantes recebem a segunda dose 14 dias após a primeira, então algumas pessoas já receberam e estão sendo analisadas. Os resultados preliminares ainda não foram apresentados à ANVISA.

JOHNSON & JOHNSON

Produzida pela Janssen, farmacêutica da Johnson & Johnson, chamada de Ad26.COV2.s, a vacina é composta de um adenovírus geneticamente modificado, que não possui a capacidade de se replicar e será um vetor para codificar a proteína S (spike), essencial para a entrada do coronavírus nas células.

A grande vantagem dessa candidata é que essa vacina é feita em apenas uma dose, além disso, não necessita de refrigeração abaixo de zero, o que facilita sua distribuição.

Por estar mais atrasada em relação às outras candidatas nos testes clínicos, provavelmente, ficará disponível depois das demais. Além disso, por utilizar adenovírus humano, pode ser que a resposta imunológica não seja tão eficaz.

A Johnson anunciou no dia 23 de setembro o início da terceira fase global dos testes. No Brasil, terão 7 mil voluntários distribuídos em 28 centros de pesquisa (São Paulo, Bahia, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Santa Catarina).

mRNA-1273 (Moderna)

Também baseada em RNA, a Moderna se embasou em 95 participantes dos testes clínicos que foram diagnosticados com covid-19. Os resultados mostram que 90 deles eram do grupo placebo, o que permitiu estipular a taxa de eficácia de 94%.

Em seus testes, o imunizante não provocou efeitos adversos dignos de nota e gerou uma resposta consistente do sistema imunológico, mesmo em idosos ou indivíduos com doenças crônicas. Ainda mostrou-se bastante otimista na eficácia em quadros avançados de covid-19, que necessitam de internação e intubação.

O produto da Moderna tem a vantagem de um armazenamento a menos 20 °C. Essa é uma temperatura muito mais fácil de garantir com os congeladores e freezers comuns.

Não há muitas informações sobre a possível chegada dessa vacina ao Brasil.

Leia mais:

Sputnik V

A vacina é baseada no vetor viral não-replicante (o mesmo tipo da Universidade de Oxford/AstraZeneca) e está sendo testada em cerca de 40 mil voluntários em países como Rússia, Emirados Árabes Unidos e Belarus.

Numa dessas análises preliminares, os pesquisadores da Sputnik V revelaram uma eficácia de 92%, com base em 20 eventos registrados. Especula-se que o imunizante não requer congelamento, mas essa informação ainda não foi confirmada pelos russos.

O governo do estado do Paraná anunciou acordo com os russos há quase dois meses. O Ministério da Saúde também disse manter conversas a respeito da Sputnik V, mas não há confirmação acerca da aquisição do produto.

NVX-CoV2373 (Novavax)

Desenvolvida a partir de uma parte do Sars-CoV-2 capaz de ativar uma resposta imune, a Novavax ainda demorará para ter seu desempenho conhecido. Uma parte dos estudos de fase 3 são realizados no Reino Unido com 15 mil voluntários, onde os resultados preliminares são aguardados para janeiro ou fevereiro de 2021.

Como o produto da Novavax faz parte do Covax (aquele consórcio da OMS para compra e distribuição de doses aos países menos desenvolvidos), é possível que ela chegue ao Brasil, porém com atraso.

imagem BBC

É preciso destacar que os cientistas acreditam na eficácia das vacinas, creem que a população ficará minimamente imunizada, mas todos foram reticentes quanto aos efeitos colaterais, o processo de criação de uma vacina não foi feito para impacientes. Desenvolver uma vacina é um trabalho que exige recursos e muitos anos de testes. Pode demorar “mais de dez anos” desde a descoberta das potenciais vacinas até a aprovação e chegada das primeiras doses ao mercado, envolvendo, ainda, um investimento estimado em US$ 500 milhões, segundo Wellcome Trust, uma instituição filantrópica que financia investigação científica a partir de Londres.

A OMS calcula que uma vacina eficaz poderá chegar ao mercado no segundo semestre de 2021, o que é um recorde na produção de vacinas, salientando que não deverá ser compulsória, ou seja, toma o imunizante quem quiser.

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